Alexene Farol Follmuth, também conhecida pelo pseudônimo de Olivie Black, esteve neste domingo (16), na Bienal do Livro Rio 2025. Publicada no Brasil como Alexene pelo selo Alt da Globo Livros e pela Intrínseca como OIivie, Follmuth participou de bate-papos, sessões de autógrafos e encontros com fãs, e antes de subir ao palco Apoteose conversou exclusivamente com o NSC Total.
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Questionada sobre a distinção entre suas duas personas literárias: Alexene Farol Follmuth e seu pseudônimo best-seller Olivie Blake (autora de “A sociedade de Atlas”), Follmuth esclareceu que a diferença está principalmente no público-alvo e na profundidade temática de suas obras.
Alexene x Olivie Blake
Segundo ela, embora adolescentes possam ler seus livros de Olivie Blake e adultos possam apreciar os de Alexene, a escrita de Alexene é voltada para o leitor casual, que busca uma história de amadurecimento com um final feliz e “boa moral”.
— Eu sempre imagino meu leitor como alguém que está comigo enquanto estou contando a história e o livro é uma conversa com esse leitor. Quando estou falando com o leitor de Alexene, estou falando sobre sentimentos universais como ‘eu não sei onde eu pertenço’, sentimentos de amor, raiva, ambição, medo. Sentimentos comuns de início de vida — detalhou.
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Já como Olivie Blake, a escrita se destina a um leitor mais experiente, que deseja ver temas explorados de maneiras diferentes, subvertendo tropes e arquétipos, e que permite questões mais experimentais.
— A série Atlas é sobre se é possível ter poder sem exploração. E toda a série propõe que não. Já “Nós dois sozinhos no Éter” aborda se é possível amar quando você sente que não é digno de amor. É muito mais experimental. Exige que alguém simplesmente acompanhe a história. E é para falar sobre esse tipo de estágio posterior da vida, quando você já sabe quem você é, mas de uma forma negativa— disse.
Ela acrescentou que, embora a maioria de suas ideias surge como Olivie, uma ideia se torna uma história de Alexene quando a faz pensar no que sua versão adolescente teria desejado saber ou o que poderia ter mudado sua vida.
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Os desafios
Ao abordar os desafios de escrever romances contemporâneos para jovens adultos, a escritora norte-americana destacou a dificuldade em acompanhar as rápidas mudanças tecnológicas que definem a vida dos adolescentes. Ela admitiu não entender completamente como algumas plataformas, como o TikTok, funcionam, e ressaltou a importância de que os adolescentes se sintam compreendidos e vejam suas vidas refletidas nos livros.
Para superar essa barreira e se manter atualizada sobre como os jovens se comunicam, a autora conta com a ajuda de seu marido, que é professor de física. Ele, por exemplo, a informa sobre hábitos como o de adolescentes usarem o FaceTime mostrando apenas o topo de suas cabeças.
— É realmente muito mais difícil escrever romance contemporâneo porque a tecnologia define tanto a vida dos adolescentes, e eu realmente não sei como funciona o TikTok. É uma daquelas coisas que eu, uma vez que soube como funcionava, pensei: “Ah, isso é ruim para o meu cérebro. Eu nunca posso entrar no TikTok”. Mas é importante que o adolescente sinta que eu entendo a vida deles e como é o dia a dia deles —.
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Quando assina como Alexene, a autora cria personagens que enfrentam dilemas reais, abordando temas como identidade, pertencimento e sonhos. Em “A mecânica do amor”, a autora narra a história de Bel, uma garota que descobre seu talento para engenharia em meio a competições de robótica e um romance inesperado. Este título, inclusive, figurou na lista dos mais vendidos do estande da Globo Livros nas Bienais do Livro do Rio e de São Paulo em 2023 e 2024. Já “Noite de Cavaleiros” transporta os leitores para um jogo de RPG realista, onde romance e aventura se entrelaçam na vida de Viola Reyes.
Com personagens muitas vezes descritos como “não populares”, Alexene revela sua preferência por criar figuras que nunca se encontraria na vida real.
— Bem, é ficção e é para ser divertido, certo? Então, eu acho que é mais divertido escrever um personagem que você nunca vai conhecer na vida real. Eu gosto em contar as histórias que conto é que essa pessoa é divertida e eu quero ver o que acontece com ela, e posso não concordar com ela, mas gradualmente começo a simpatizar ou começo a entendê-la melhor. O tipo de narrativa que eu gosto lida com personagens assim — explica.
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