Um possível vazamento das operações realizadas pela Polícia Federal nesta quinta-feira (28) contra esquemas criminosos no setor de combustíveis e financeiro, comandado por integrantes de uma facção criminosa, pode ter prejudicado a prisão dos principais personagens alvos, que continuam foragidos. Isso porque apenas 6 dos 14 alvos das três operações foram presos até o início da tarde. As informações são da Folha de S.Paulo.

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Ao todo, foram realizadas três operações sobre o mesmo tempo, sendo duas com atuação da Polícia Federal, e uma do Ministério Público de São Paulo, a Carbono Oculto, que teve mandados de busca e apreensão cumpridos em sete estados, incluindo Santa Catarina.

De acordo com o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, o possível vazamento pode se tornar pauta de investigação, já que o baixo número de pessoas alvos presas “não é uma estatística normal das operações da Polícia Federal.

— De fato merece atenção que há 14 mandados de prisão e só 6 foram encontrados. […] portanto, com o retorno das equipes que vão às residências, e precisam relatar o que foi encontrado, vamos ter mais elementos para dizer, ou inferir, que possa ter havido vazamento. Nessa hipótese, nós vamos fazer investigação para apurar se houve — disse.

Ao todo, foram expedidos mandados de prisão e 42 de busca e apreensão, com bloqueio de bens e valores de 41 pessoas físicas e 255 jurídicas, com bloqueio superior de R$ 1 bilhão. Segundo o diretor-geral da PF, as investigações sobre vazamentos podem ser feitas com o Ministério Público.

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Nesta quinta, em um evento do Ministério da Justiça, os ministros Ricardo Lewandowski, da Justiça e Segurança Pública, e Fernando Haddad, da Fazenda, exaltaram as operações feitais pela Polícia Federal.

— Eu diria que com toda certeza é uma das maiores operações da história brasileira. E ousaria dizer que é uma das maiores operações em termos mundiais, graças ao entrosamento da PF, órgãos fazendários, da Receita Federal, com colaboração também do Ministério Público de vários estados, aos quais agradecemos — disse Lewandowski.

Operações buscaram desarticular operações criminosas

As operações da PF foram denominadas Quasar e Tank e tinham como objetivo desarticular operações criminosas especializadas em lavagem de dinheiro e fraude na gestão de instituições financeiras, com movimentações ilícitas de mais de R$ 23 bilhões.

O esquema utilizava fundos de investimento para esconder patrimônio de origem ilícita. Há indícios de que facções criminosas possuíam ligação com o esquema, que possuía uma espécie de “teia” com várias camadas societárias e financeiras, com fundos de investimento possuindo participação em outros fundos ou empresas.

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A Operação Tank buscou desmantelar uma das maiores redes de lavagem de dinheiro identificadas no estado do Paraná, em atuação desde 2019, com participação de pelo menos 46 postos de combustíveis no estado. Mais de R$ 600 bilhões podem ter sido lavados em seis anos, com movimentação de mais de R$ 23 bilhões por meio de uma rede de postos de combustíveis distribuidoras, holdings, empresas de cobrança e instituições de pagamento autorizadas pelo Banco Central.

Já a Operação Carbono Oculto aconteceu em São Paulo, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná, Rio de Janeiro e Santa Catarina. No total, mais de 350 alvos, entre pessoas físicas e jurídica, são suspeitos da prática de crimes contra a ordem econômica, adulteração de combustíveis, crimes ambientais, lavagem de dinheiro, fraude fiscal e estelionato.

As irregularidades foram identificadas em diversas etapas do processo de produção e distribuição de combustíveis no país. Segundo os investigadores, o esquema criminoso sonegou mais de R$ 7,6 bilhões em impostos federais, estaduais e municipais.

A Operação foi deflagrada pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), Ministério Público Federal (MPF), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), das Polícia Federal, das Civil e Militar de São Paulo.

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