A Polícia Civil de Santa Catarina investiga o caso dos seguranças acusados de terem agredido um homem flagrado furtando cinco pacotes de carne em uma unidade da rede de supermercado Angeloni, em Florianópolis, no domingo (16). Eles foram alvo de mandado de busca e apreensão nesta terça-feira (18) e, segundo a empresa, foram afastados de forma preventiva.

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Em entrevista à NSC TV, o delegado Renan Balbino, responsável pelo caso, destacou que qualquer pessoa pode apreender em flagrante alguém que esteja cometendo um crime, porém que tudo que acontece do momento da detenção até a chegada da polícia é de responsabilidade dos envolvidos.

Qualquer cidadão, qualquer pessoa pode aprender em flagrante outra pessoa que está cometendo crime. Até aí não há problema nenhum. Os seguranças estavam inclusive realizando a função para a qual eles são contratados. A partir do momento que você detém uma pessoa que está praticando um crime, cabe a você então responder pelos atos posteriores — declarou o delegado.

As imagens registradas pelas câmeras de segurança da sala para onde o assaltante foi levado mostram que houve luta corporal em diversos momentos. O homem é imobilizado com um mata-leão e chutes, e fica contra uma parede. Depois, ao tentar fugir, é contido novamente pelos seguranças e fica de barriga para baixo por cerca de 40 minutos.

— O que a gente precisa analisar agora é se houve alguma ação inicial dessa pessoa que justificasse essa reação do dos dois seguranças, analisar também se a reação foi proporcional ou foi desproporcional a uma força entregada pelo pela outra parte. E entender o porquê daquelas agressões. A tortura vai ficar configurada se o objetivo desses seguranças era aplicar um castigo contra aquela pessoa — afirmou.

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A partir do momento da apreensão em flagrante, o procedimento recomendado seria aguardar a chegada das forças de segurança sem “extrapolar os limites” para deixar a pessoa detida, segundo o delegado.

Ainda, a demora para a chegada da Polícia Militar é outro ponto em destaque. De acordo com o delegado, a Polícia Militar está sendo oficiada para fornecer as informações sobre o acionamento na ocorrência. Dessa forma, será possível constatar se houve demora no acionamento ou se a Polícia Militar estava com poucas viaturas no momento, atendendo outras ocorrências, e por isso o atendimento demorou.

Além da coleta das imagens no local do ocorrido, desde o momento da detenção até a chegada da Polícia Militar, a sala em que o homem foi levado também foi periciada. A Polícia Científica foi até o local e fez fotos, assim como exames para constatar possíveis resquícios de sangue.

— Nós vamos fazer novos ofícios, vamos ouvir novamente as pessoas para ao final a gente entender se o que houve ali foi um crime de tortura ou se foi uma lesão corporal. Aí pode ser de natureza grave, natureza leve, mas tudo isso vai depender da análise conjunta de todo esse elemento probatório — destacou o delegado.

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O delegado afirmou que a rede de supermercados tem colaborado com a polícia e cedeu acesso às imagens, e que ainda não se sabe se os funcionários envolvidos eram terceirizados ou não, fato que fará parte das investigações. No momento, as equipes aguardam a finalização dos laudos, e a previsão é de que o procedimento seja concluído no prazo de 30 a 60 dias.

Relembre o caso

Seguranças do supermercado Angeloni, em Florianópolis, foram alvo de mandado de busca e apreensão na tarde desta terça-feira (18). Eles são acusados de terem agredido um homem depois do flagrante de furto de cinco pacotes de carne no estabelecimento.

De acordo com a Polícia Civil de Santa Catarina, as investigações mostram que o homem foi preso em flagrante no último domingo (16), por volta das 10h30, por furto de carne.

Depois de ser abordado, o assaltante foi levado para uma sala do estabelecimento, onde teria passado por uma “sessão de espancamento”, de acordo com a Polícia Civil. Apenas depois disso a Polícia Militar teria sido acionada pelos seguranças acusados de agressão.

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O assaltante foi atendido em dois hospitais de Florianópolis, devido às lesões e à necessidade de exames. Ele foi apresentado na delegacia apenas na noite de domingo. No interrogatório, ele relatou as agressões e disse que os seguranças do supermercado teriam quebrado seu braço.

O homem teve a prisão preventiva decretada em audiência de custódia na segunda-feira (17). Ele confirmou ter sofrido as agressões ao ser ouvido pela Juíza de Direito e pelo representante do Ministério Público.

O que diz o supermercado

“NOTA OFICIAL

A Rede Angeloni informa que, no episódio ocorrido no último domingo (16) em sua unidade da Trindade, em Florianópolis, a equipe de segurança atuou conforme o protocolo interno de abordagem, após identificar furto de mercadorias.

Durante o procedimento, o indivíduo abordado tornou-se agressivo, o que exigiu dos seguranças medidas de contenção para evitar risco aos colaboradores e demais clientes. A empresa reforça que orienta suas equipes a atuarem exclusivamente dentro dos limites legais, priorizando sempre a integridade física de todos os envolvidos.

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Diante das imagens divulgadas e dos desdobramentos do caso, o Angeloni determinou a apuração imediata dos fatos e o afastamento preventivo dos profissionais envolvidos, até que todas as circunstâncias sejam devidamente esclarecidas.

O Angeloni repudia qualquer excesso ou conduta que extrapole procedimentos adequados e reafirma seu compromisso com a segurança, o respeito e a legalidade em todas as suas ações.

A empresa está colaborando integralmente com as investigações conduzidas pela Polícia Civil, fornecendo todas as informações necessárias às autoridades competentes.

Rede Angeloni
Florianópolis, 19 de novembro de 2025″