A repercussão do caso dos 11 bebês que foram vacinados por engano com antídoto para picada de cobra em um hospital de Canoinhas, no Planalto Norte de Santa Catarina, gerou uma série de questionamentos. Segundo o hospital, os bebês receberam a dosagem de 0,5 ml de soro antibotrópico, usado contra picadas de serpentes como jararacas e jaracuçus.

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O caso foi identificado na última sexta-feira (11), quando os bebês que deveriam ter sido imunizados contra a Hepatite B receberam por engano o antídoto.

De acordo com as informações disponíveis na bula profissional do soro, não há contraindicações em relação a nenhuma faixa etária para a aplicação do antídoto. No entanto, não há especificações sobre as possíveis reações de doses administradas em pessoas que não foram picadas por cobras e, especialmente neste caso, em recém-nascidos.

Ainda conforme o documento, uma ampola de soro antibotrópico contém 10ml da substância e cada ml neutraliza no mínimo 5 mg de veneno-referência de jararaca (Bothrops sp) e 3 mg de Surucucu (Lachesis muta). Conforme informado ao NSC Total pelo Hospital Santa Cruz de Canoinhas, as doses erradas que os bebês receberam continham 0,5 ml. 

Desde que a situação foi identificada, nenhum bebê teve efeito colateral ou complicações graves por conta da dose, conforme informou a diretoria do hospital. Ainda, a unidade de saúde afirma que, junto às famílias, os recém-nascidos estão sendo monitorados e permanecem estáveis.

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Possíveis reações 

As reações em pessoas que foram picadas por alguma das cobras e receberam o soro podem ocorrer até 24 horas após a administração do antiveneno e, na maioria das vezes, são leves. Em geral, ocorrem durante ou logo após a aplicação. Costumam ter início com uma sensação de coceira pelo corpo, manchas avermelhadas na pele, vermelhidão no rosto, congestão nasal e/ou das conjuntivas, som semelhante a um assobio agudo durante a respiração, tosse seca, náuseas, vômitos, cólicas abdominais e diarreia. 

Em poucos casos, as reações podem ser mais graves, como por exemplo, choque anafiláticos. No entanto, complicações extremas como essas são mais raras e ocorre entre 0,01% e 0,1% dos pacientes que utilizam este medicamento.

Conforme a Regional de Saúde de Mafra, todas as famílias foram avisadas, e os recém-nascidos serão acompanhados pela equipe da Vigilância Epidemiológica de Canoinhas. A prefeita da cidade, Juliana Maciel, determinou a contratação de uma auditoria externa para apurar o caso. Segundo a prefeita, o município repassa cerca de R$ 1 milhão para custear os atendimentos via SUS que o hospital realiza.

Além do acompanhamento do órgão público, o hospital também afirma que todas as informações sobre o erro da equipe já estão sendo apuradas por meio de sindicância interna. 

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Em nota ao NSC Total, o Instituto Butantan, fabricante do antídoto, esclareceu que a armazenagem e administração dos produtos são de responsabilidade das unidades de saúde que realizam a aplicação. Além disso, reforça que a padronização dos rótulos e embalagens de vacinas e soros distribuídos pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) é definida pelo Ministério da Saúde (MS), independentemente do fabricante.

Ainda, o Instituto Butantan se solidariza com as famílias envolvidas. Confira a nota na íntegra:

“O Instituto Butantan lamenta o ocorrido no hospital de Canoinhas (SC) e se solidariza com as famílias envolvidas. O Instituto esclarece que a correta armazenagem e administração desses produtos são de responsabilidade das unidades de saúde que realizam a aplicação.

A padronização dos rótulos e embalagens de vacinas e soros distribuídos pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) é definida pelo Ministério da Saúde (MS), independentemente do fabricante.

O soro antiofídico mencionado possui baixo índice de contraindicações, conforme descrito em bula. Ainda assim, por se tratar de um produto de uso específico, cabe à vigilância municipal garantir o acompanhamento médico adequado dos bebês.”

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*Sob supervisão de Leandro Ferreira

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