A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) acionou autoridades regulatórias de diferentes países para viabilizar a importação emergencial do fomepizol, medicamento considerado o mais eficaz no tratamento de intoxicações por metanol. As informações são do g1.

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O antídoto não é comercializado no Brasil, o que colocou o governo em uma corrida contra o tempo diante do aumento de casos relacionados a bebidas alcoólicas adulteradas.

Entre as agências contatadas estão a FDA (Estados Unidos), a EMA (União Europeia) e órgãos reguladores de Canadá, Reino Unido, Japão, China, Argentina, México, Suíça e Austrália. A iniciativa busca acelerar os trâmites burocráticos e garantir que o medicamento chegue rapidamente ao país.

Como fomepizol age contra intoxicação por metanol

O fomepizol age bloqueando a transformação do metanol em metabólitos tóxicos, como o ácido fórmico, responsáveis por danos graves ao sistema nervoso, ao fígado e à visão. Sem ele, hospitais recorrem a alternativas menos eficazes, como o uso controlado de etanol grau farmacêutico, que pode retardar os efeitos da intoxicação, mas não oferece a mesma segurança.

Para ampliar as chances de acesso, a Anvisa também publicou um edital de chamamento internacional em busca de fabricantes e distribuidores com estoque disponível.

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Situação no Brasil

Nos últimos dias, estados brasileiros registraram suspeitas de intoxicação por bebidas alcoólicas adulteradas com metanol. Para monitorar os casos, o Ministério da Saúde instalou uma Sala de Situação nacional, com participação da Anvisa, de vigilâncias sanitárias estaduais e municipais, além de órgãos como o Ministério da Justiça e o Ministério da Agricultura.

Três laboratórios foram mobilizados para analisar amostras suspeitas: o Lacen/DF, o Laboratório Municipal de São Paulo e o INCQS/Fiocruz. Paralelamente, fiscalizações em bares, distribuidoras e fábricas de bebidas estão em andamento em diversos estados.

O que acontece com o corpo após a ingestão de metanol?

De acordo com Danielle Bibas Legat Albino, gerente do Ciatox/SC, o metanol é altamente tóxico com rápida absorção. Os sintomas iniciais se assemelham à intoxicação por álcool comum (etanol), como tonturas, fala arrastada, andar cambaleante, raciocínio lento, sonolência. Os sintomas apresentados dependem de cada indivíduo e da quantidade ingerida.

— Sua principal toxicidade é secundária à metabolização, em formaldeído e ácido fórmico. São esses produtos metabólicos os responsáveis ​​pelas características tóxicas mais graves, incluindo acidose metabólica e cegueira. Os sintomas mais graves começam a aparecer após um período de seis a vinte e quatro horas após o consumo, com náuseas, vômitos, respiração acelerada e alteração visual — destaca.

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Em caso de ingestão, o primeiro órgão atingido é o fígado, que transforma o metanol em outras substâncias que atingem a medula e o cérebro, provocando os sintomas já descritos acima. O sangue fica ácido e o nervo óptico também pode sofrer lesões, além de provocar insuficiência pulmonar e ataca os rins.

De acordo com o Ministério da Saúde, o caso é considerado suspeito quando o paciente, que ingeriu bebida alcoólica, apresenta a persistência ou piora de sintomas, como embriaguez persistente, desconforto gástrico e alteração visual, entre 12 horas e 24 horas após o consumo.

Orientação à população

Enquanto o antídoto não chega ao Brasil, a Anvisa recomenda buscar atendimento médico imediato em caso de suspeita de intoxicação e acionar o Disque-Intoxicação (0800-722-6001), que reúne 13 centros especializados em todo o país.

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*sob supervisão de Luana Amorim

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