Frida Düngersleber, de 102 anos, vive em Iporã do Oeste e carrega a história de uma família que ajudou a moldar a comunidade de Linha Chapéu, em Itapiranga, no Oeste de Santa Catarina. Nascida em 15 de agosto de 1923, em Arroio do Meio, Rio Grande do Sul, Frida entende português, mas fala predominantemente em alemão, preservando a língua de sua família.

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— Ela é uma bênção para nossas vidas. Sempre nos ensinou a valorizar o trabalho, a fé e a união da família —  cita Ana Maria Petry, neta da centenária.

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Começo difícil em Linha Chapéu

Em 1932, Frida e a família se mudaram para Linha Chapéu, comunidade isolada, sem terras ou recursos. E, desde então, ajudaram a construir a comunidade.

— Nós não possuíamos nada, só o necessário para sobreviver. Começamos do zero, construímos a casa com quatro paredes, telhado de madeira, um quarto para os meus pais e uma varanda com forno a lenha. Nós, filhos, dormíamos nos demais espaços. Passávamos frio no inverno e calor no verão —  cita Frida.

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A vida era marcada pelo trabalho intenso. Frida ajudava a mãe, que sofria de feridas abertas nas pernas, e todos os filhos participavam da construção de muros e estradas, trocando trabalho por mantimentos. Para complementar a renda, também ajudavam na abertura de estradas para uma companhia chamada Volksverein.

— Eu ajudava em tudo: na roça, nos afazeres da casa, no preparo das refeições. Dinheiro quase não existia, tudo era na base da troca para sobreviver — relembra.

Juventude e casamento

Frida frequentou a escola apenas até o quarto ano, pois desde cedo a prioridade era ajudar a família. Aos 18 anos, conheceu Emilio Düngersleber, filho de uma família que havia chegado da Alemanha e passado pelo Rio Grande do Sul. Casaram-se aos 21 anos, em 1º de dezembro de 1945, numa cerimônia simples na igreja de Linha Chapéu, celebrada pelo padre José Eli. O dia foi de chuva, sem ornamentação, fotógrafos ou luxo, mas cheio de alegria e fé. O almoço foi simples, feito no forno a lenha, à base de carne.

— A vida era dura, mas a fé nos mantinha firmes. Eu dizia aos meus filhos: trabalhem, mas nunca percam a alegria de viver — recorda Frida.

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Filhos e família

Frida e Emilio tiveram 11 filhos, todos nascidos em Linha Chapéu, com a ajuda de parteiras: José (falecido recém-nascido), Maria, Hilda, Lídia, Aluísio, Beno (falecido), Albino, Clara, João, Rosa e Terezinha. A vida não foi fácil, mas Frida conta que se baseava na fé para seguir em frente:

— Eu sempre pensava: ‘força e união são tudo. A fé mantém a gente firme —  conta.

Da Alemanha para o Brasil

Em 1925, Johann e Margarete Düngersleber, os pais de Emilio, deixaram a Alemanha também com 11 filhos, em busca de um novo começo no Brasil. Inicialmente, a família se estabeleceu no Rio Grande do Sul e, depois de anos, foi para Santa Catarina, enfrentando desafios da vida na nova terra. Ao se mudar para o Oeste Catarinense, tragédias marcaram os primeiros anos: três irmãos da família de Emilio faleceram — Andreas, vítima de hemorragia interna; Sofia, vítima de uma infecção causada por berne; e Rodolfo, vítima de tétano.

Esses filhos estão enterrados próximos à residência da família em Santa Catarina, no pequeno cemitério que se tornou marco histórico da colonização e símbolo da coragem e da resiliência da família.

— Eu sempre falo: nunca desistam, mesmo quando tudo parece perdido —  conta Frida.

Vida longa e legado

Frida e Emilio permaneceram juntos por 50 anos, até a morte dele em 1995. Desde então, Frida mora com a filha Hilda e a família em Iporã do Oeste. Cheia de vigor, acredita que o segredo da longevidade é ser feliz, saber relevar, rir muito e rezar constantemente.

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Hoje, Frida é símbolo de perseverança, fé e resiliência. Entre memórias de infância simples, perdas dolorosas e objetivos duramente conquistados, sua história se mantém viva na comunidade e na memória dos descendentes. O cemitério dos irmãos de Emilio permanece como memorial silencioso da coragem da família pioneira.

No próximo domingo, dia 14, durante a festa do centenário da comunidade de Linha Chapéu, será lançado o livro “100 Anos de Itapiranga: A Jornada Heroica da Família Düngersleber no Porto Novo”, escrito pelo neto Augustinho José Petry, que detalha toda a trajetória da família pioneira e homenageia aqueles que construíram um legado de esperança e superação.

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Antonietas é um projeto da NSC que tem como objetivo dar visibilidade a força da mulher catarinense, independente da área de atuação, por meio de conteúdos multiplataforma, em todos os veículos do grupo. Saiba mais acessando o link.

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