Alunos e professores de escolas de educação básica de Santa Catarina sofrem com as altas temperaturas que atingem o Estado no verão. Nesta semana, Florianópolis, por exemplo, chegou a registrar 39,08°C, recorde de calor em 2025. No entanto, das 14.156 salas de aula em escolas estaduais localizadas nos municípios catarinenses, apenas 5.143 são climatizadas, segundo uma pesquisa do Centro de Inovação para a Excelência em Políticas Públicas (CIEPP).

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O número representa 36,32% das salas de aula de escolas estaduais em Santa Catarina. Isso significa que cerca de uma em cada salas possuem climatização. Os dados, de junho de 2024, também revelam que Santa Catarina ocupa a 9ª pior posição em relação à climatização escolar no Brasil.

Apesar de serem do ano passado, eles refletem, ainda, a realidade atual, de acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Santa Catarina (Sinte/SC), que monitora o problema na prática.

Uma das escolas visitadas foi a E.E.B Ignácio Stakowski, em Içara, no Sul de Santa Catarina. Lá, professores e estudantes relatam condições “insalubres” relacionadas ao calor extremo. Sem ar condicionado e com ventiladores quebrados, um dos alunos reclama que é necessário levar à escola garrafas congeladas, já que a água que sai dos bebedouros não é gelada.

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— Às vezes a gente pega um paninho velho, ou qualquer coisa, a gente molha, espreme e bota no pescoço, de tão calor que é — desabafa.

O aluno também denuncia que a sala de aula em que estuda possui dois ventiladores não funcionais, sendo um “travado e outro que fica virado para baixo”. Segundo a Defesa Civil de Içara, o município chegou aos 37°C na última semana, com sensação térmica superando os 50°C.

Para os professores que trabalham no local, também não é fácil. De acordo com Maricel Adriana Sousa, as salas de aula estão com muitos alunos e, muitas vezes, com apenas um ventilador para dar conta de refrescá-los.

— São alunos passando mal, professora que teve a pressão chegando a 23… É muito quente — relata.

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A professora Rosângela Aparecida Becker diz que a situação não é de agora. Ela lembra que, no ano passado, as crianças passavam mal quando voltavam do recreio, depois de brincarem, ou quando o período da tarde começava.

— Tinha muita falta de criança. As crianças reclamavam muito de dor de cabeça porque o calor é insuportável — conta a professora.

Sem refresco de Norte a Sul

Na escola estadual Professora Jandira D’Avilla, em Joinville, no Norte do Estado, a situação não é diferente. O município chegou a registrar um índice de calor de 58°C na segunda-feira (17), com escolas sem ar-condicionado.

Sheila Hofmann, avó de uma das alunas, relata que a neta precisou ser dispensada às 10h nesta semana para ir para casa. Ela chegou a vomitar por causa do calor. Depois, quando foi buscar a própria filha, ao final da aula, a mulher conta que a menina também passou mal pelo mesmo motivo.

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Fiscalizações

De acordo com o presidente do Sinte/SC, Evandro Accadrolli, as fiscalizações nas escolas catarinenses iniciaram após denúncias de pais e professores. O objetivo é vistoriar e apresentar dados ao governo do Estado para que adote soluções.

— Nós temos denunciado, inclusive no Ministério Público, nos órgãos de saúde, e também para o governo e para a comunidade, para garantir aos nossos estudantes condições dignas de uma boa educação e de uma boa sala de aula para desenvolver o conhecimento e a educação aqui em Santa Catarina — explica.

O que diz o Governo do Estado

Em nota, o Governo do Estado declarou que 35 unidades estão com obras em execução, 161 estão em fase de licitação e outras 165 encontram-se na etapa final de aprovação de projetos para posterior licitação e execução das obras.

Ainda segundo a nota, “nos próximos 60 dias, está prevista a entrega de mais 174 equipamentos de ar-condicionado para 23 escolas da rede estadual”.

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Para 2025, a previsão é de que 200 escolas passem por melhorias em suas instalações elétricas, “garantindo mais segurança e qualidade para alunos e profissionais da educação”, de acordo com o Governo.

Errata

O NSC Total divulgou equivocadamente que 36% das escolas estaduais de Santa Catarina não possuem ar condicionado, quando na verdade são 36% das salas de aula. O texto acima já foi corrigido.

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