Ser uma mulher a frente de um negócio tradicionalmente masculino já seria um desafio e tanto para a empresária Michele Borck, de Timbó. Mas foi a chegada do primeiro filho que fez tudo mudar. Sócia-proprietária da Cervejaria Borck, criada pelos pais em 1996, foi ela quem reestruturou a marca em 2022 e se tornou “a cara” da empresa desde então.

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Até 2008, a gestão do negócio estava aos cuidados da mãe, que adoeceu e precisou se afastar do serviço. A partir disso, a sócia-proprietária assumiu a parte comercial da empresa ao lado do então marido.

O maior desafio, contudo, veio em 2015, quando ela decidiu engravidar. O filho, Gabriel, nasceu saudável, mas com oito meses começou a ter sintomas de uma doença renal. O afastamento do trabalho, que era para ser temporário, se estendeu para que ela pudesse se dedicar ao pequeno.

Gabriel teve uma doença que o levou à insuficiência renal ao longo dos anos. Com cinco anos, ele precisou fazer um transplante de rim porque passou a sofrer de insuficiência renal crônica, processo que exigiu dedicação e cuidado total de Michele.

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— Foi uma transformação muito grande, um amadurecimento muito grande, porque antes eu era uma menina, e depois me transformei numa mãe atípica, que é uma mãe que enfrenta muitos desafios. Só que isso me amadureceu bastante — relembra.

Michele concilia maternidade e carreira em setor dominado por homens

Ela relata que viver anos cuidando do filho doente foi um processo desafiador, e que quando viu Gabriel bem, depois do transplante, quis voltar a trabalhar para ter um novo foco e um “respiro” de tudo que enfrentou. 

Michele retornou à empresa em 2022, já sem a participação do agora ex-marido e pai de Gabriel. Ela decidiu que a empresa precisaria de uma reestruturação, especialmente pelo momento pós-pandemia, em que o ramo das cervejarias foi muito afetado. Somando 25 anos de mercado, uma reestruturação de marketing foi feita, e a própria Michele passou a ser “a cara” da marca.

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— Toda a bagagem que eu tive nesse período de transformação me ajudou bastante, então eu comecei a ser a cara da empresa, comecei a aparecer. O meu irmão, que estava na produção, veio para a parte administrativa, eu comecei a sair, fazer networking, e a marca ressurgiu — explica.

Mercado masculino

Além de estar em um cargo de liderança e conciliar com a maternidade, Michele atua em um mercado bastante dominado pelos homens, que é o setor cervejeiro. Ela conta que as pessoas não estão acostumadas a ver mulheres nesse mercado, mas que há cada vez mais empresas que buscam inserir mulheres nesse campo. 

— Aqui no Vale do Itajaí a gente tem outras cervejarias também que são tocadas por mulheres, pelo Brasil a gente tem cervejarias que são só de mulheres, que levantam essa bandeira — afirma Michele.

Ainda hoje, ela diz que conciliar maternidade e trabalho depende do suporte de uma rede de apoio, formada pelos pais e pelo ex-marido, e também de aprendizados que conquistou ao longo do tempo, como a não se cobrar demais nem achar que dá conta de tudo.

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— Se eu falasse que é fácil eu estaria mentindo. É um desafio muito grande. Precisei parar de me cobrar porque eu acho que a gente, mulher, a gente se cobra demais, né? A gente fica querendo abraçar o mundo e achar que a gente tem que ser “mulher maravilha” — alega.

Antonietas

Antonietas é um projeto da NSC que tem como objetivo dar visibilidade a força da mulher catarinense, independente da área de atuação, por meio de conteúdos multiplataforma, em todos os veículos do grupo. Saiba mais acessando o link.

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