No coração do Centro de Florianópolis, entre os tradicionais bares e baladas da região, um espaço se consagrou como ponto de encontro para jovens e universitários: o Gatus Rock Bar. Conhecido pela cerveja gelada a preços acessíveis, caipirinhas fortes e um ambiente democrático, o bar se tornou referência para quem busca diversão sem gastar muito.
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Aberto em julho de 2021, em plena pandemia da Covid-19, o Gatus nasceu da iniciativa de Jonas Pereira, que já tinha experiência com outros bares na cidade. Em conjunto com Gissela Amândio, sua irmã, e mais um sócio, o bar foi criado após uma conversa com um colega.
— Ele disse pra mim: “Ó, o meu bar lá tá fechado, mas eu não vendo pra ninguém”. No dia seguinte, eu passei aqui e conversei com ele. Falei com os dois [outros sócios] e vimos que era possível financeiramente [adquirir o negócio] — relembra Jonas.
O bar de rock que atrai todos os públicos
A ideia inicial era ser um bar focado no rock, já que dois dos sócios tinham interesse no gênero musical. O formato durou cerca de três meses, já que o público pediu por diversidade nas canções que eram reproduzidas no espaço.
— O público não estava vindo, curtia rock, mas não era rockeiro. E aí a gente começou a diversificar o tipo de música, botar pop, pop rock, reggae e dance music, além do rock tradicional — conta Jonas.
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Atualmente, essa variedade é valorizada pelos clientes que visitam o bar. Para Larissa*, estudante de Design na Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), isso fez com que ela frequentasse cada vez mais o local com amigos.
— Um amigo me chamou para ir em um “bar de rock no Centro” no início da graduação. Eu, como amante de divas pop, não me atraí de primeira, mas lembro até hoje que, quando chegamos lá, estava tocando Paramore, que combina bem mais com meu estilo de música. Depois disso, nunca mais parei de ir e isso já faz três anos — diz a universitária de 21 anos.
O nome também virou marca registrada. Além de remeter à sonoridade de quem fala “gato” com “u”, o logo traz um detalhe que gera curiosidade: um ponto de interrogação invertido.
— Eu tinha dois gatos e quase ninguém fala “gatos” com “o”. A ideia [da interrogação] era que fosse o rabo do gato. Depois, percebi que chamava atenção e deixei assim. Até hoje perguntam sobre isso — conta Jonas, proprietário do bar, sobre o processo de criação da identidade.
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Clientes já viraram amigos
O público do Gatus Rock Bar é marcado principalmente por universitários e pela comunidade LGBTQIA+, que encontraram no espaço um ambiente acolhedor e seguro.
— Hoje, uns 70% dos clientes se identificam com esse perfil. Tem placa indicando que aqui não tem preconceito. É um lugar mais “escondido”, não tem espaço para discriminação — explica Jonas.
Mais do que frequentadores, muitos acabam construindo laços de amizade com os donos e trabalhadores do estabelecimento.
— Já existe uma relação de confiança mútua, os clientes se sentem parte do bar — comenta Gissela, que também é sócia do Gatus.
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Entre esses clientes está o jornalista Roberto Roberto Amazonas, de 22 anos, que colocou o bar nos agradecimentos do Trabalho de Conclusão de Curso. A crônica “Gatus Rock Bar no sábado?”, publicada no projeto, inclusive, nasceu de uma experiência vivida no local. Quando compartilhou o texto nas redes sociais e marcou o bar, ganhou de presente um “litrão” de cerveja.
— Nada mais justo do que agradecer o lugar que virou cenário de tantas histórias — diz Roberto, que frequenta o Gatus desde 2022.
O psicólogo Carlos Villanova, de 28 anos, também destaca essa convivência única.
— Sempre encontro amigos lá, mesmo sem combinar nada. É um ambiente familiar, de convivência — conta.
Mas afinal, qual o diferencial do Gatus?
Entre os principais atrativos estão os preços, o espaço para sentar e o clima descontraído. Para a estudante de física na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Agatha Takeyama, o bar se destaca pelo conjunto:
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— É um dos melhores bares em custo-benefício do Centro, com um ambiente acolhedor e sem frescura. A caipirinha te deixa “tortaço” [por ser forte] e é muito gostosa.
No início, o Gatus chegou a servir comidas e porções, como batata frita e espetinhos. A experiência, no entanto, não durou muito. Depois disso, os donos resolveram apostar em coquetéis exclusivos, muitos batizados em homenagem a gatos, que viraram identidade da casa.
— A cozinha dava trabalho demais e pouco retorno. Apostamos nos drinks e foi a melhor decisão — explica Jonas, idealizador do estabelecimento.
Outro diferencial é a forma como o bar usa as redes sociais. Sem seguir a lógica tradicional de marketing digital, as postagens são feitas de maneira simples, com conteúdos vistos e criados pelo próprio dono. Para Roberto Amazonas, isso é parte do charme do Gatus:
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— A gente se diverte muito com o Instagram deles, que foge completamente da lógica atual. É natural, espontâneo e acaba aproximando ainda mais o público.
Jonas, proprietário do espaço, comenta que já pensou em fazer orçamentos para contratar um designer para as redes, mas que os clientes não gostaram da ideia.
— Pessoal prefere essa forma de se comunicar. Mandam fotos dos gatos para publicar, eu publico memes e, assim, a gente se aproxima — enfatiza.
Além disso, o bar também investe em sustentabilidade. Utiliza copos biodegradáveis e doa tampinhas de garrafas para projetos de bem-estar animal, o que reforça o vínculo com causas sociais, principalmente as relacionadas a animais.
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O futuro do Gatus
Manter um bar independente no Centro de Florianópolis não é tarefa simples. A rotina puxada faz parte do dia a dia. Mesmo assim, os donos destacam que a fidelidade do público ajuda a sustentar o negócio.
— É bem cansativo, mas ver a casa cheia e os clientes voltando faz valer a pena — afirma Jonas.
Para o futuro, ele descarta abrir novas unidades:
— O Gatus vai continuar único. É um espaço que já encontrou sua identidade e queremos manter assim.
Veja fotos do bar
*Nome alterado para preservar privacidade da entrevistada
**Sob supervisão de Luana Amorim
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