Os milhares de turistas que vão a Balneário Camboriú durante o verão procuram principalmente a praia. A mais famosa delas, a Praia Central, além de espaço de lazer — seja para ficar na areia pegando sol, ou no calçadão apreciando a vista — também é o local de trabalho de muita gente.
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Cosma Rosa Teixeira é uma delas. Pernambucana de nascimento, mas moradora de Camboriú há cinco anos, ela trabalha desde que veio do Nordeste para o Sul do país na praia. Tentou largar: ano passado, saiu do ponto que trabalhava antes, na Barra Sul, e cogitou abrir uma loja na cidade onde mora.
Mas não teve jeito: a dona do ponto que ela trabalha hoje, conhecida de anos, precisava de alguém para trabalhar no verão. Foi atrás de Cosma.
— Ela deu sorte que eu estava em casa — conta.
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Em dias tranquilos, como na última sexta-feira (5), que choveu pela manhã e sol só foi dar as caras à tarde, ela fica sozinha no ponto. Onde ela trabalha tem alvará para vender churros e milho, e alugar cadeiras e guarda-sóis.
Em dias mais movimentados, ela tem a ajuda a dona do ponto e da nora, além do rapaz que fica responsável pelas cadeiras e guarda-sóis, e do que trabalha à noite. Afinal, pontos como o que ela trabalha ficam abertos 24 horas. E tem demanda.
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— Se não chove, vem gente o dia todo e a noite toda. A maioria que vem à noite é pela cadeira. De dia, a não ser que chova, tem gente também o tempo todo — explica.
De Pernambuco para Santa Catarina em busca de trabalho
Cosma e o marido atravessaram o país, inicialmente, para trabalhar uma temporada. Ela veio em dezembro de 2018. Ele, em janeiro de 2019. Trabalham naquele ano e foram ficando. Alugaram casa em Camboriú, tudo com o dinheiro que a praia dá.
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Ela era fichada no outro ponto, recebia salário fixo por boa parte do período que trabalhou lá. Em 2020, chegou a virar sócia, e dividia os lucros com o dono. Saiu em 2022. Pensou em abrir uma loja em Camboriú para não ficar parada, mas mal deu tempo de sentir falta do trabalho na praia: foi chamada para trabalhar em outro ponto, na altura da Rua 2.600, antes da temporada 2023/2024.
— Eu tento sair da praia, mas a praia não sai de mim — ri.
Quiosques e ambulantes
Balneário Camboriú tem, na temporada 2023/2024, 457 ambulantes credenciados, além de 31 quiosques na orla (29 concessionários, e dois ocupados pela Fundação Municipal de Esportes e pela Guarda Municipal) e 152 pontos de milho.
Os pontos de milho, como o da Cosma, são aqueles que não têm telhado, e habilitados para vender milho e churros, e alugar cadeira. Os maiores, com estrutura para banheiro e cozinha, são os quiosques, que podem vender comidas e bebidas.
Para garantir que o ponto não fique fechado no verão, muitos donos contratam pessoas de fora da cidade para trabalharem só na alta temporada. É o caso da Carolinne Cavalcanti, 30. Paulista, já é o segundo verão que ela vem para Balneário Camboriú. Chegou em dezembro e deve ficar até o Carnaval.
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Enquanto está na cidade, recebe alojamento e comida pago pelos donos do quiosque. Sem despesas, todo o salário é guardado e vai para ajudar a família. Quando acaba o verão, volta para São Paulo, onde trabalha com eventos.
— Compensa, porque a gente não tem custo aqui. Mas é puxado. São muitas horas, muitos dias — afirma.
Jaciara, que trabalha com ela, só vê vantagens.
— Tô aqui na praia, vendo gente diferente todo dia, converso com as pessoas… Eu gosto bastante — conta. Ela já mora há 9 anos em Balneário Camboriú, e, assim como a Cosma, nasceu em Pernambuco. Durante o resto do ano, é cuidadora de crianças. Nas férias dos pequenos e dos pais, vem trabalhar no quiosque.
E ganhar uma graninha, claro.
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