Muito antes da febre dos bebês reborn, que agora estão provocando frenesi na internet, uma moradora do Vale do Itajaí já era encantada pelas bonecas hiper-realistas. Rejane Carvalho comprou a primeira nove anos atrás de uma artista holandesa para presentear a filha, na época com um ano e meio de vida. Servidora pública de carreira, ela decidiu fazer um curso para produzir os próprios bebês reborn.

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Rejane tem ateliê na pacata cidade de Guabiruba, onde vive com a família. Ela conta que o trabalho é todo manual e uma boneca leva, em média, uma semana para ficar pronta. Tudo pode ser personalizado, desde a cor da pele, tipo de cabelo, cor dos olhos, sinais de nascença. Até o tamanho pode ser escolhido pela cliente. O maior público são as crianças, mas também há colecionadoras.

— As bonecas são feitas a partir de moldes feitos em vinil siliconado. Uso solventes, tinta, vernizes e fixadores para dar o realismo nesse vinil. O cabelinho é implantado fio a fio com uma agulha e o material pode ser mohair ou fibra natural. Os olhos podem ser em acrílico, vidro ou resina — revela Rejane.

Os valores partem de R$ 750 e podem chegar a R$ 2,6 mil. Quanto maior o realismo, maior o valor. E o tamanho do bebê reborn também influencia no preço. Todos os bebezinhos são entregues com mamadeira, chupeta magnética simples, certidão de nascimento, fralda descartável, roupinha, acessórios de cabelo e caixa de presente. Mas, caso a cliente queira, pode comprar um enxoval de luxo, vendido separadamente.

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A primeira boneca feita por Rejane foi um presente para a filha e está com a família até hoje, mesmo passada quase uma década. A produção fez tanto sucesso que, há sete anos, ela deixou o serviço público no Judiciário do Rio Grande do Sul e passou a se dedicar exclusivamente à produção de bebês reborn.

— Não tinham muitas artistas na época aqui no Brasil e decidi vender para complementar a renda. Foi um sucesso e logo a renda dos bebês já estava maior que a como funcionária pública. Saí daquele trabalho e me dediquei exclusivamente à arte, que é minha fonte de renda hoje e possibilita acompanhar de perto o crescimento da minha filha, já que trabalho no meu ateliê em casa — pontua Rejane.

As crianças são o maior público, mas a arte encanta os adultos e muitas mulheres procuram a artista para adquirir os bebês para colecionar ou para realizar o sonho de ter uma boneca, principalmente aquelas que elas não tiveram na infância. Tem ainda as mães que buscam por semelhança com os filhos quando eram bebês. É uma forma de guardar para sempre aquela fase tão especial da vida dos pequenos.

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E se a procura já era alta antes, após o boom a demanda cresceu ainda mais. E algumas bonecas acabam tendo um significado diferente. Foi assim quando Rejane fez um bebê reborn para uma casa de repouso no Rio Grande do Sul. A proprietária do espaço encomendou para as idosas se distraírem e foi pura emoção quando a singela encomenda chegou ao lar.

— Apesar de muitas pessoas entenderem de forma equivocada o que realmente acontece no mundo reborn e a real utilidade de uma boneca como essa, havendo inúmeras críticas, nossa arte continua sendo amada pelas crianças e pelas colecionadoras. Existem muitos casos em que o bebê reborn serve de suporte emocional para pessoas com Alzheimer, luto perinatal e depressão. Não é uma fuga da realidade e, sim, um objeto de apoio emocional para uma fase difícil — argumenta Rejane.

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