A queda na cobertura vacinal se tornou assunto recorrente nos últimos meses diante da dificuldade do governo de atingir as metas de imunização contra Covid-19 e Influenza. Mas o problema não se restringe a essas duas doenças. Dados da Secretaria de Promoção da Saúde de Blumenau mostram uma redução significativa na busca pelas doses que protegem contra sarampo, meningite e poliomielite.
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A vacina chamada de Meningo C teve uma redução de 27,9% se comparados os números de 2015 e 2021. Enquanto chegou a 104,4% sete anos atrás, caiu para 75,2% no ano passado. Foi o pior desempenho no período apurado.
Quando observados os dados da Tríplice Viral, que protege do sarampo, rubéola e caxumba, a situação também preocupa. A aplicação diminuiu 16,2%, saindo de uma taxa de cobertura de 105,9% em 2015 para 88,7% em 2021. Em 2017 o cenário mais complicado: alcançou apenas 65% do público-alvo.
A vacina da Poliomielite, fundamental para evitar a paralisia infantil, não chegou os 90% estipulados como meta pelo Ministério da Saúde há seis anos em Blumenau. A última vez que atingiu o mínimo previsto de imunizados foi em 2015, quando chegou a 103,6%. De lá para cá o percentual tem oscilado em média na casa dos 83%, mas no ano passado despencou para 77,88%, segundo a prefeitura.
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O cenário não é novo, tampouco uma exclusividade de Blumenau.
Na visão do secretário Municipal de Promoção da Saúde, Marcelo Lanzarin, essa queda reflete a falsa percepção da comunidade de que por não se ter mais registro de muitas doenças preveníveis com vacina elas não irão mais ocorrer. Além disso, recentemente o problema foi acentuado pelo avanço dos movimentos antivacinas, surgidos no século 19 e que ganharam novamente visibilidade durante a pandemia, pontua.
O chefe da pasta lamenta a situação e revela que as projeções para a cobertura vacinal em 2022 também não são otimistas apesar dos esforços, como ampliação dos períodos de campanha e as pontuais aberturas das unidades básicas de saúde para atender ao público em dias e horários mais flexíveis.
— Se a gente considerar o cenário atual, a expectativa é infelizmente que se tenha dificuldade de atingir as metas e provalvemente vai ficar com cobertura bem abaixo do que seria o ideal — diz Lanzarin.

A vacina Pentavalente, que protege contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite b e influenza tipo b, também teve redução a partir de 2015. Enquanto sete anos atrás conseguiu ultrapassar a meta de imunização e chegar a 102,1% de vacinados, no último ano ficou com 84,4% de vacinados. A Pneumo 10, para doenças como otite, faringite, amigdalites e meningites, doenças bacterianas invasiva, caiu de 105,7% para 82,3% a taxa de cobertura.
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Os perigos de não se imunizar
A médica infectologista Sabrina Sabino é enfática ao dizer que a baixa cobertura vacinal significa o retorno de doenças que já estavam sob controle. Um cenário lamentável considerando que o calendário de imunização prevê a oferta gratuita de vacinas para evitar para patologias que deixam sequelas graves e que também levam à morte.
A queda na procura pela Meningo C é tida pela especialista como uma das situações mais graves. A dose protege contra a meningite, que consiste em infecções nas membranas que revestem o cérebro e a medula espinhal. A vacina Meningocócica C protege especificamente contra o sorogrupo C da bactéria Neisseria meningitidis, também conhecida como meningococo.
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Uma pessoa contaminada pode transmitir por gotículas e secreções. Os principais sintomas são febre, rigidez na nuca, dor de cabeça intensa, vômitos e, em alguns casos, alterações neurológicas.
— Creio que já entendemos a importância de tomar a vacina. A aplicação significa não ter a doença grave, não internar, não ir a óbito por ela. Eventualmente pode se ter até um quadro mais leve quando vacinado e que às vezes a gente nem fica sabendo que passou por ela. Por isso a orientação é vacinar — pontua Sabrina.
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O sarampo é outro exemplo de doença altamente contagiosa transmitida por gotículas respiratórias. Ele provoca sintomas como tosse, coriza, olhos inflamados, dor de garganta, febre e irritação na pele com manchas vermelhas. Em casos mais graves, pode causar pneumonia e inflamação no cérebro.
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A poliomielite, por sua vez, foi erradicada no Brasil em 1989, quando ocorreu o último caso. Mas a queda da imunização coloca em risco a conquista. Os sintomas da doença incluem febre, dor de cabeça, de garganta e no corpo, vômitos, diarreia, prisão de ventre, espasmos e rigidez na nuca. O vírus pode atingir o sistema nervoso e causar paralisia permanente nas pernas ou braços.
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Procure uma unidade de saúde
A estratégia adotada em Blumenau para tentar melhorar os índices de vacinação, sobretudo entre o público infantil, tem sido a abordagem nas escolas, frisa o secretário de Promoção da Saúde, Marcelo Lanzarin. No começo deste mês entrou em vigor um decreto da prefeitura tornando obrigatória a apresentação dos comprovantes de imunização no momento da matrícula.
A recomendação à comunidade é procurar uma unidade básica de saúde com sala de vacinação e colocar a caderneta em dia. A lista com os endereços e horários de funcionamentos dos postos está disponível aqui. A prefeitura também tem trabalhado com uma unidade móvel indo a pontos de bastante movimentação. Foi o que ocorreu por dois dias na Vila Itoupava e garantiu a aplicação de cerca de 600 doses de vacina.
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Já para ampliar a proteção contra a Covid-19 e a Influenza uma saída encontrada foi levar as doses para fora dos postos de saúde. Desde 18 de junho as vacinas são oferecidas no Shopping Park Europeu. Nesta semana houve ampliação para o Norte e o Neumarkt Shopping. Nos três pontos o serviço é oferecido à noite e aos finais de semana, atendendo quem não consegue ir às ESFs no horário comercial .

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