O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) mandou um áudio ao advogado Martin De Luca, que representa a empresa Rumble e a Trump Media & Technology Group, pedindo orientação sobre uma postagem nas redes para “melhorar a comunicação em relação ao tarifaço” imposto ao Brasil pelo presidente dos EUA, Donald Trump. É o que mostra o relatório da Polícia Federal (PF), que pediu indiciamento do ex-presidente e do filho dele, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), na quarta (20). As informações são do g1.
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— Martin, peço que você me oriente também, me desculpa aqui tá, minha modéstia, como proceder. Eu fiz uma nota, acho que eu te mandei. Tá certo? Com quatro pequenos parágrafos, boa, elogiando o Trump, falando que a questão de liberdade tá muito acima da questão econômica. A perseguição a meu nome também, coisa que me sinto muito… pô fiquei muito feliz com o Trump, muita gratidão a ele. Me orienta uma nota pequena da tua parte, que eu possa fazer aqui, botar nas minhas mídias, pra chegar a vocês de volta aí. Obrigado aí. Valeu, Martin — diz Bolsonaro no áudio.
Segundo o relatório da PF, o pedido revela alinhamento do ex-presidente a interesses externos e mostra tentativa de usar medidas de outro governo contra o Brasil em benefício próprio.
A defesa do ex-presidente considera esse trecho como um dos mais delicados do relatório. A avaliação é de que o áudio pode reforçar a tese de que Bolsonaro atuou em coordenação com aliados de Trump para pressionar autoridades brasileiras, incluindo ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Entenda o indiciamento de Bolsonaro
Jair Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro foram indiciados pela Polícia Federal por tentativa de obstrução no processo que investiga a tentativa de golpe de Estado.
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A decisão integra um relatório entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF), e também resultou em medidas contra o pastor Silas Malafaia. Ele foi alvo de mandado de busca pessoal e de apreensão de celulares.
O pastor retornou ao Brasil nesta quarta, vindo de Lisboa, em Portugal. A operação ocorreu no do Galeão, no Rio de Janeiro, onde ele foi conduzido para prestar depoimento à PF.
Malafaia é alvo de medidas cautelares que agora o proíbem de deixar o país e de manter contato com outros investigados.
A PF informou no relatório que foram extraídos do celular de Jair Bolsonaro áudios e conversas com Malafaia e Eduardo Bolsonaro que haviam sido apagados. Os registros teriam informações que reforçariam as tentativas de intimidar autoridades brasileiras e atrapalhar os inquéritos que investigam a trama golpista.
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As mensagens também indicavam um possível plano de Bolsonaro de pedido de asilo político ao presidente da Argentina, Javier Milei.
As investigações começaram em maio, depois que a Procuradoria-Geral da República (PGR) indicou a atuação de Eduardo Bolsonaro em busca de sanções contra ministros do STF junto ao governo dos Estados Unidos e solicitou a abertura do inquérito.
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