A campanha contra a instrução normativa de fiscalização do Pix ajudou o crime organizado, segundo o secretário especial da Receita Federal, Robinson Barreirinhas. A afirmação foi feita nesta quinta-feira (28), durante esclarecimentos sobre a operação Carbono Oculto, deflagrada para desmantelar um esquema que envolve o setor de combustíveis e do mercado financeiro. As informações são da Folha de S.Paulo.

Continua depois da publicidade

Em janeiro, quando a instrução normativa iria entrar em vigor, com monitoramento do fisco aos novos membros do sistema financeiro, como o Pix, fintechs e bancos digitais, diversas críticas foram proferidas ao governo. Um dos vídeos de maior alcance foi publicado pelo deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), com mais de 9 milhões de curtidas no Instagram.

— Publicamos essa instrução em setembro do ano passado para valer em janeiro. O que aconteceu em janeiro, todos nós sabemos. A Receita Federal recebeu o maior ataque da história de mentiras, de fake news, dizendo mentirosamente que aquela instrução normativa tratava de tributação de meios de pagamento — disse Barreirinhas.

Para o secretário especial, a operação Carbono Oculto, junto com as operações Quasar e Tank, também deflagradas nesta quinta-feira, “mostram que, independentemente das intenções, as pessoas que espalharam aquelas fake news, aquelas mentiras no início do ano, ajudaram o crime organizado”.

De acordo com a Receita Federal, mil instituições financeiras e fundos de investimentos vinculados a uma facção criminosa movimentaram R$ 52 bilhões entre 2020 e 2024. Por isso, a Receita afirma que vê um processo de “bancarização do crime organizado”.

Continua depois da publicidade

De acordo com a superintendente da 8ª Região Fiscal da Receita, Maria Cecília Meng o desafio atual é fazer a rastreabilidade de investimentos para chegar aos destinatários finais. Isso porque as fintechs estariam operando com as chamadas “contas bolsão” em bancos comerciais, sem emitir informações sobre o proprietário do dinheiro.

Segundo a operação, um dos principais alvos é a fintech BK Bank, que seria o banco paralelo da organização criminosa. Até o momento, a defesa da empresa não foi localizada.

Leia também

Como funcionava esquema de facção com fundos da Faria Lima e postos de combustíveis

Alvos de operação da PF contra esquema de facção com fundos da Faria Lima podem ter escapado