Novembro é o mês que promove conscientização a respeito do câncer de próstata, o segundo tipo de câncer mais frequente entre os homens. De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), em 2020, o Brasil teve 65.840 novos casos, correspondendo a 29,2% dos tumores incidentes no sexo masculino.

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Historicamente, os homens demoram mais para buscar ajuda médica, independente da doença. Segundo dados do Programa Nacional de Saúde (PNS) de 2019, 82,3% das mulheres foram ao médico no ano, enquanto apenas 69,4% dos homens buscaram o serviço.

No entanto, entre 2016 e 2020, houve um aumento de 49,96% na procura do homem pelo médico, de acordo com o Sistema Único de Saúde (SUS), o que ajuda a explicar o grande número de diagnósticos de câncer de próstata.

Na entrevista a seguir, o médico oncologista do Centro Especializado de Oncologia de Florianópolis (CEOF), Vicente Martorano Menegotto fala sobre os sintomas do câncer de próstata, fatores de risco e a importância do diagnóstico e do tratamento correto.

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Quais os principais fatores de risco para a manifestação do câncer de próstata?

O câncer de próstata está diretamente ligado ao envelhecimento da população masculina. Cerca de 75% dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos. O histórico familiar é um fator de risco importante, pois aumenta as chances de incidência mais precoce da doença, justificando rastreamento mais rigoroso. Além disso, a exposição de trabalhadores da indústria a produtos como alumínio, arsênio, petróleo, gases de escapamento e fuligem, assim como o sobrepeso e a obesidade, também são considerados fatores de risco.

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Sobre os sintomas, quais os principais e como identificá-los?

Os sintomas variam. Temos desde pacientes assintomáticos, até sintomas que podem ser confundidos e relacionados com outras causas benignas. Mas, de modo geral, podemos destacar que a dificuldade em urinar, redução do jato urinário e sensação de esvaziamento urinário incompleto são os mais comuns.

Quando há uma invasão maior tumoral, pode ser observado sangue na urina e até insuficiência renal. Já em casos de metástases, pode haver comprometimento ósseo causando dores progressivas na doença avançada. Pode haver emagrecimento, perda de apetite e/ou restrições alimentares.

Quanto tempo leva da manifestação dos sintomas até o paciente procurar um médico?

Não existem intervalos definitivos. De modo geral, os pacientes são diagnosticados assintomáticos ou com queixa urinária. Na prática médica, não é incomum o diagnóstico de câncer de próstata com metástases ósseas estabelecidas, a partir da investigação de dores ósseas, sobretudo na coluna torácica, dorsal e/ou lombar.

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Quais as dúvidas mais comuns em relação ao diagnóstico?

Uma dúvida recorrente é sobre o rastreamento com a pesquisa de PSA (Antígeno Prostático Específico) no sangue. O PSA é uma proteína cuja elevação poderá indicar potencial câncer de próstata. Entretanto, a mensuração de PSA sanguíneo também pode apresentar elevação em situações como ato sexual recente, hábito de cavalgada e infecções prostáticas, por exemplo. Por isso, não se recomenda o teste de maneira indiscriminada. Outra questão que também causa dúvidas nos pacientes é o desconhecimento sobre a localização da próstata e a sua fisiologia.

Nos últimos anos vimos um aumento nas campanhas de conscientização. Você acredita que falar sobre esse assunto tem ajudado no diagnóstico precoce?

Em 2021, o Novembro Azul ganhou uma importância ímpar devido ao contexto de Covid-19. Desde março de 2020, o acesso a muitos serviços públicos e privados ficaram restritos, com sintomas e sinais sendo subvalorizados ou com sua investigação postergada. Então, o grande norte de campanhas como essa é a criação de uma cultura que faça com que os homens se atentem para seus sintomas.

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A maioria dos casos de câncer de próstata podem ser diagnosticados precocemente e, com o tratamento correto, é possível obter elevadas taxas de cura, ou pelo menos, de uma longa convivência com a doença.

Para encerrar, como é possível se prevenir do câncer de próstata?

Acredito que é necessário criar essa “cultura do alerta” para que os homens se atentem aos sintomas da doença, principalmente aqueles que possuem particularidades como o histórico familiar. Além disso, uma orientação especializada somada a elementos como alimentação mais saudável, controle de peso, prática regular de exercícios e atividades físicas, evitar o tabagismo e o controle sobre a ingestão de bebidas alcóolicas são hábitos que também podem ajudar na prevenção da doença.

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