A Polícia Civil indiciou Maicol Santos, de 26 anos, único e principal suspeito preso pelo caso Vitória, por homicídio qualificado, sequestro e ocultação de cadáver. O indiciamento foi confirmado nesta segunda-feira (31), ao portal g1, pela Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP).

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“A Polícia Civil indiciou o autor por homicídio qualificado em concurso com sequestro e ocultação de cadáver”, informa trecho da nota da pasta da Segurança enviada por sua assessoria de imprensa à reportagem.

A delegacia de Cajamar e peritos do Instituto de Criminalística (IC) fizeram nesta segunda novas diligências na casa de Maicol, ainda conforme a SSP. “Não sendo descartada a possibilidade de uma perícia complementar”, informa o comunicado da secretaria.

Vitória Sousa, de 17 anos, foi morta na madrugada de 27 de fevereiro, depois de deixar o trabalho num shopping e voltar de ônibus para casa em Cajamar, Grande São Paulo. Seu corpo foi encontrado em 5 de março em uma área de mata na mesma cidade.

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Relembre o caso

Confissão

Maicol confessou ter assassinado Vitória, em uma gravação feita na delegacia de Cajamar. Ele falou que matou a vítima porque ela queria contar a esposa dele que os dois haviam tido um caso no passado. Disse ainda que agiu sozinho.

A defesa de Maicol, porém, analisa a possibilidade de pedir à Justiça a anulação da confissão. Os advogados alegam que não estavam presentes quando ele foi interrogado. Além disso, dois dias depois, a defesa gravou um áudio no qual o preso acusa um delegado de tê-lo coagido a confessar o crime.

A Secretaria da Segurança Pública rebateu as alegações e disse que o depoimento de Maicol foi legal. A polícia gravou a confissão do suspeito em vídeo na presença de uma advogada que não defendia o preso, mas foi chamada pelos policiais.

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O que disse Maicol

Na confissão, Maicol disse que foi ao encontro da adolescente para conversar, pois não queria que a esposa soubesse sobre o suposto caso entre eles. Ele afirma que deu carona para a jovem em seu carro assim que a garota desceu no ponto a caminho de casa. No trajeto, os dois discutiram e ele alegou que Vitória o agrediu, e por isso a esfaqueou.

— Comecei a conversar com ela, que não era pra ela falar com a minha esposa, Nisso, ela se alterou e começou a brigar. Começou a me agredir. E foi a hora que eu reagi. Sempre andei com uma faca no carro. Aí, no momento da exaltação, eu acabei desferindo um golpes no pescoço dela. Foram só dois golpes — disse Maicol.

Maicol disse ainda na confissão que agiu sozinho. Ele diz que ficou desesperado e, após ficar com ela na casa dele, decidiu enterrá-la na mata. Ambos moravam próximos.

No entanto, a perícia não identificou sinais de violência no automóvel de Maicol, que foi apreendido. Dentro dele, foram encontrados uma mancha, que seria de sangue, e um fio de cabelo. Os materiais estão passando por exames para saber se são de Vitória.

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Outros pontos que divergem da confissão de Maicol com o que a perícia encontrou se refere ao número de facadas em Vitória. Ele disse ter dado dois golpes e a vítima morreu com três ferimentos. E também ao fato de que apesar de o suspeito ter admitido que enterrou Vitória, o corpo dela foi encontrado numa cova rasa, sem estar coberto por terra. Ela não sofreu violência sexual.

Próximos passos

Laudos complementares, que analisam se o sangue e o cabelo encontrados no carro do suspeito são de Vitória ainda não ficaram prontos. Neste mês de abril também está programada a reconstituição do crime. Após isso, o inquérito sobre o caso será concluído pela polícia e relatado ao Ministério Público (MP) e à Justiça.

A defesa de Maicol já informou que seu cliente não participará da reconstituição. O motivo é o fato de seus advogados não concordarem como o interrogatório no qual ele confessou o crime foi feito.

Família duvida que Maicol agiu sozinho

Familiares e amigos de Vitória ouvidos pela equipe de reportagem do g1 acreditam que Maicol tem participação no assassinato da adolescente, mas acham que ele teve a ajuda de outras pessoas.

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A vítima chegou a trocar mensagens e áudios por WhatsApp com uma amiga, contando que estava com medo. Alegou que dois rapazes num ponto a olhavam de maneira estranha e depois homens num carro a assediaram.

Para a polícia, no entanto, o caso está esclarecido, com o único autor identificado e a motivação do crime conhecida. Segundo a investigação, Maicol se comportava como um stalker (alguém que persegue e monitora a vítima obsessivamente).

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