Os casos de violência contra profissionais de saúde têm crescido em Santa Catarina. Um levantamento feito pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) mostrou que, somente em 2024, foram 386 casos de violência contra médicos em estabelecimentos de saúde do Estado, além de casos contra enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem. O aumento foi de 19%, puxado principalmente pelos relatos de ameaças.

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Entre os dados, estão fatos como o registrado em um hospital de Joinville em maio deste ano, quando um homem, que acompanhava uma paciente internada, agrediu dois enfermeiros com puxões de cabelo e socos durante o atendimento.

E em Blumenau, em abril, em que um médico e uma enfermeira foram agredidos em um posto de saúde durante uma confusão que envolveu uma paciente e o marido dela, depois de a enfermeira negar uma receita.

Ainda que esses casos envolvam agressões físicas, a maior parte das ocorrências registradas pelo Conselho Federal de Medicina no ano passado em Santa Catarina foram ameaças (110 casos), desacato (72) e injúria (43). A perturbação do trabalho ou sossego alheio vem em quarto lugar (26), seguida da lesão corporal leve (22).

O número de ocorrências teve um crescimento gradual nos últimos anos, com uma queda em 2020, primeiro ano da pandemia. Em 2019, foram 300 ocorrências, sendo 189 em 2020, subindo para 239 em 2021, 262 ocorrências em 2022, 324 em 2023 e chegando a 386 em 2024.

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Violência contra enfermeiros

O Conselho Regional de Enfermagem de Santa Catarina (Coren-SC) informou que não possui um levantamento de casos de violência contra enfermeiros no Estado, mas que recebe relatos de episódios em quase todas as regiões e que realizou uma audiência pública no último ano para discutir o combate à violência física e psicológica praticada contra profissionais da categoria no ambiente de trabalho.

Já o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), afirma que realizou em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) um levantamento em 2017, dado mais recente, sobre os perfis dos profissionais da enfermagem do Brasil, que inclui enfermeiros, técnicos e auxiliares.

Na pesquisa, 19,7% dos profissionais afirmaram que sofrem ou já sofreram alguma violência no trabalho, e 9% responderam “às vezes”. Somados, os valores representam mais de 1/4 do contigente entrevistado. A violência psicológica (66,5%) foi a mais frequente, seguida pela institucional com 17,1%, e a física com 15,6%, sendo a sexual a menos relatada, com 0,9%.

O levantamento também questionou se as equipes se sentem seguras no ambiente de trabalho, sendo que somente 29% da equipe afirma sentir-se segura, contra 21,8% que se sentem “às vezes” e 40,1% que não se sentem protegidos.

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Leia a nota do Coren-SC

“O Coren-SC recebe relatos de episódios de violência contra a categoria em praticamente todas as regiões do estado. Realidade esta que, infelizmente, se aplica a todo o Brasil. É inadmissível que profissionais de enfermagem continuem sendo alvo de agressões físicas, verbais e psicológicas, como temos presenciado com frequência alarmante em diversas unidades de saúde em todo o país. Tais atos violentos são inaceitáveis e exigem resposta imediata da sociedade e das instituições.

O Conselho ressalta também que o profissional pode solicitar, junto ao Coren-SC, por meio de sua Ouvidoria, uma manifestação de Desagravo Público. O Desagravo é um instrumento legal, em defesa da dignidade profissional e moral dos profissionais de Enfermagem envolvidos. que protege o bom nome da Enfermagem, reafirmando o respeito que a sociedade deve àqueles que a servem com ética, responsabilidade e competência.

Em agosto de 2024, Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e Conselho Regional de Enfermagem de Santa Catarina (Coren-SC) realizaram em Florianópolis uma audiência pública para discutir o combate à violência física e psicológica praticada contra profissionais da categoria no ambiente de trabalho.

O Coren-SC seguirá firme na defesa incondicional da Enfermagem, cobrando medidas efetivas das autoridades e promovendo ações de valorização e proteção dos profissionais em todos os espaços.

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