Chapecó chega aos 108 anos nesta segunda-feira (25) reafirmando o que a tornou uma das cidades mais importantes de Santa Catarina: além da força econômica e cultural, a vocação para acolher. Reconhecida como o município que mais recebeu imigrantes no estado, Chapecó transformou-se em um porto seguro para milhares de pessoas que deixaram suas casas e seu país de origem.
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É o caso da venezuelana Rosa Maria Golindano, de 44 anos, que chegou ao Brasil há quase quatro anos. A mudança não foi simples.
— Eu vim de ônibus pela fronteira. Primeiro morei oito meses em Boa Vista, em Roraima. Decidi vir para Santa Catarina porque diziam que aqui havia mais oportunidades de trabalho. Foi a melhor decisão que tomei. Primeiro fui para São Miguel do Oeste e depois vim para Chapecó. Desde então, nunca mais saí daqui — conta. — Na Venezuela, eu trabalhava e estudava. Mas tudo acabou.
A vida de Rosa Maria na Venezuela era muito diferente da que leva hoje. Ela trabalhava na construção civil e em uma ferragem, enquanto cursava Segurança Industrial na universidade.
— No começo nós tínhamos uma vida boa. Eu trabalhava, estudava, a gente ganhava bem e vivia feliz. Mas quando mudou o governo, tudo desmoronou. Ficou impossível morar lá. Não havia mais jeito, não tinha futuro. Nossa vida acabou. Foi dolorido deixar tudo para trás, mas era a única saída — relata.
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A decisão de sair foi motivada pela esperança de oferecer melhores condições aos filhos:
— Na Venezuela estava muito sofrido. Eu não via mais futuro para eles. Aqui no Brasil eu pude recomeçar e trazer meus filhos.
Novo começo em Chapecó
Hoje, Rosa Maria vive no Bairro Passo dos Fortes com o filho. Trabalha em um escritório de contabilidade pela manhã, como serviços gerais, e à tarde em um mercado, e sonha em retomar planos que ficaram pelo caminho.
— Aqui eu não faço nada do que fazia lá, mas tenho emprego, tenho tranquilidade, tenho uma vida boa. Ainda não consegui tirar minha carteira de motorista, como tinha na Venezuela, mas estou esperando. Aos poucos vou conquistando — conta.
Apesar das dificuldades, ela se sente acolhida e feliz:
— Chapecó me trouxe muitas oportunidades. A vida aqui é muito boa, de verdade. Eu gosto de morar aqui, me sinto em casa. Por enquanto, não penso em voltar para a Venezuela. Aqui a minha vida é muito melhor.
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Chapecó, a cidade que acolhe
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Chapecó foi o município catarinense que mais recebeu estrangeiros na última década: 10.855 imigrantes entre 2012 e 2022, o que representa 4,26% da população atual, estimada em 254,7 mil habitantes.
A maior parte desse fluxo é formada por venezuelanos, como Rosa Maria: foram 5.094 pessoas vindas do país vizinho, seguidos por 1.647 haitianos e 84 paraguaios. Apenas pela Operação Acolhida, entre o fim de 2018 e julho de 2023, 4,4 mil venezuelanos chegaram a Chapecó, o maior contingente entre todas as cidades de Santa Catarina.
Além dos números, Chapecó também estruturou serviços de apoio aos recém-chegados. O Centro de Atendimento ao Imigrante (CAI), por exemplo, realiza em média 900 atendimentos por mês, auxiliando famílias com documentação, cursos de capacitação e encaminhamento para o mercado de trabalho.
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