O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump e o presidente da China, Xi Jinping, fecharam um acordo para reduzir tarifas sobre produtos chineses, anunciou o líder americano nesta quinta-feira (30). Em troca da redução das taxas, que devem cair de 57% para 47%, o país asiático se comprometeu em combater o comércio ilícito de fentanil, droga sintética 50 vezes mais viciante do que a heroína. Com informações do g1.
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Os dois se reuniram em uma base aérea na cidade de Busan, na Coreia do Sul, para discutir uma possível trégua na guerra comercial. A reunião é a primeira entre os dois líderes desde que Trump retornou à Casa Branca, em janeiro. O encontro durou duas horas.
Além de se comprometer em combater o comércio ilícito de fentanil, Xi Jinping deve também retomar a compra de soja americana e manter o fluxo de exportação de terras raras. Trump disse ainda que o país asiático irá comprar “quantidades enormes” de soja e outros produtos agrícolas.
Com o acordo, os tributos sobre produtos relacionados ao fentanil passaram de 20% para 10%.
O fentanil é uma droga sintética extremamente potente e 50 vezes mais viciante do que a heroína, responsável por uma onda de mortes por overdose nos EUA em 2023 e até hoje na liderança de causas de mortes por opioides no país. Ainda assim, pode ser prescrito por médicos como analgésico.
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A China é a principal fonte dos precursores químicos usados para produzir o fentanil. Uma reportagem da BBC de 2019 mostrou que Pequim classificou o fentanil como um narcótico controlado. No entanto, o comércio de algumas substâncias envolvidas na produção da droga, muitas delas com finalidades legítimas, continua permitido, e traficantes buscam maneiras de burlar a lei.
O presidente americano afirmou nesta quinta-feira que Xi prometeu uma “ação firme” sobre a exportação das substâncias usadas para produzir a droga sintética. A China, por outro lado, pediu a redução de tarifas sob o argumento de que já havia intensificado a fiscalização no país.
— Eu achei que foi uma reunião incrível — afirmou Trump a repórteres logo após deixar Busan.
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Terras raras, fim da guerra na Ucrânia e IA pautaram encontro
Já sobre o fornecimendo de terras raras, o republicano afirmou que os dois fecharam um acordo renovável de um ano.
— Todas as questões sobre terras raras foram resolvidas, e isso é para o mundo — disse Trump.
As terras raras são um grupo formado por 17 metais, como o praseodímio, o disprósio e o neodímio. Eles são essenciais para a tecnologia moderna, usados na fabricação de smartphones e TVs de tela plana e também têm papel fundamental na estratégia militar, usados em aviões de caça e drones.
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O presidente dos Estados Unidos falou ainda que os países “trabalharão juntos” para resolver a guerra da Ucrânia.
Após o encontro, o presidente chinês disse, via pronunciamento, que os dois países “não devem cair no ciclo vicioso da vingança” e que os times econômicos das potências chegaram a soluções consensuais para as divergências entre os dois países.
Xi afirmou ainda que eles têm “boas perspectivas de cooperação em inteligência artificial”.
No início do encontro, Xi afirmou que, há poucos dias, os negociadores comerciais de ambos países alcançaram um “consenso fundamental sobre como tratar as principais preocupações mútuas”. Adicionou, também, que está disposto a continuar trabalhando com Trump para fortalecer a base das relações entre China e EUA.
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— Vamos ter uma reunião muito bem-sucedida, não tenho dúvida disso. Mas ele é um negociador muito duro — disse Trump ao apertar a mão de Xi, no começo da reunião.
Durante o encontro entre as duas lideranças, as ações chinesas chegaram a subir para o maior nível em uma década, mas recuaram horas depois.
O índice de referência Shanghai Composite Index subia até 0,2%, para 4.025,70 pontos nas negociações da manhã, atingindo o nível mais alto desde 2015. Os setores bancário, de seguros e de bebidas alcoólicas, lideraram os ganhos.
Em Hong Kong, o Hang Seng Index subiu 0,6% após retomar as negociações, interrompidas por um feriado na quarta-feira (29).
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Já o yuan, moeda chinesa, alcançou o valor mais alto em quase um ano frente ao dólar, enquanto investidores apostam em uma possível diminuição das tensões comerciais que têm impactado o comércio global. Nos últimos dias, bolsas de valores ao redor do mundo — de Wall Street a Tóquio — registraram recordes.
Pouco antes de se encontrar com o líder chinês, Trump afirmou em uma rede social que os EUA aumentariam imediatamente os testes de armas nucleares, citando o crescimento do arsenal chinês. No entanto, se recusou a responder à pergunta de um repórter sobre essa publicação durante a reunião.
A guerra comercial entre os dois países estava em evidência neste mês, após a China propor ampliar drasticamente as restrições às exportações de minerais de terras raras, um setor dominado pelo país asiático.
Em resposta a isso, Trump chegou a prometer retaliar com tarifas adicionais de 100% sobre as exportações chinesas, além de outras medidas, incluindo possíveis restrições às exportações para a China de produtos feitos com softwares americanos — ações que poderiam ter abalado a economia global.
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*Sob supervisão de Luana Amorim






