A obra da SC-401, em Florianópolis, foi palco de debate na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) nesta quinta-feira (11), com críticas e esclarecimentos ao projeto, incluindo a ciclofaixa prevista e a falta de drenagem, que pode afetar bairros, segundo associações que participaram da conversa, promovida pelo deputado estadual Marquito (PSOL).
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Durante o debate, Marquito afirmou que a ampliação da rodovia, com a adição de uma terceira pista, não contempla o aumento da capacidade de drenagem nos bairros próximos. Denise Zavarize, presidente da Associação Pro-Comunidade do Monte Verde, um dos bairros pelo qual a SC-401 passa, citou como exemplo as chuvas que ocorreram no início do ano, em janeiro, quando mais de 370 milímetros foram registrados em 48 horas. Na ocasião, diversas famílias ficaram desalojadas, com alagamentos sendo registrados em toda a cidade, assim como no Norte da Ilha.
— Não há nenhum tipo de estudo que minimize isso, não há nada que nos proteja disso, inclusive. Na hora que se fala em asfaltar mais, e que não se fala em fazer drenagem, me desculpem, mas isso é irresponsabilidade. É uma questão básica, cada vez que nós colocarmos mais asfalto na rua, nós temos que pensar nas consequências do que nós estamos fazendo — disse.
O diretor de fiscalização de obras da Secretaria do Estado de Infraestrutura e Mobilidade de Santa Catarina, Luiz Pantoja, explicou que há uma limitação no trabalho do governo do Estado em relação aos avanços na drenagem no local.
— Para a gente avançar para além daquela área limite, nós teríamos que fazer uma conversa, um convênio, talvez, com a prefeitura, para aumentar a capacidade de drenagem das vazões. É um passo de cada vez — disse.
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Um dos problemas citados a possível necessidade de desapropriação de mais casas ao longo da rodovia, para que seja possível aumentar a vazão de escoamento nos bairros.
— A vala no bairro Cacupé sofre uma redução drástica. […] Ela chega em um ponto que passa por debaixo de duas casas. Para a prefeitura ou até o Estado executar uma melhoria naquela galeria, essas duas casas vão ter que ser desapropriadas, para a gente poder aumentar a vazão, por exemplo — apontou.
Ciclovia bidirecional
Pantoja também disse que, no projeto, uma ciclofaixa está contemplada, iniciando no sentido praia, no bairro João Paulo, até o bairro Açores, por debaixo de um viaduto, no lado direito da rodovia.
— Essa ciclofaixa tem faixa dupla, vai e volta pelo mesmo sentido. Nós já fizemos o alargamento na marginal para a construção da ciclofaixa — disse.
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No entanto, entidades, como a Amobici, dizem que uma ciclovia bidirecional não é suficiente. O diretor financeiro Fabiano Faga Pacheco afirma que, nas últimas semanas, pedalou “mais de 250 km pelo trecho de obras da SC-401”, e que percebe que uma ciclofaixa de apenas um lado da pista não seria adequada.
Passarelas e viadutos
O diretor de fiscalização de obras da Secretaria do Estado de Infraestrutura e Mobilidade também disse que o projeto original, feito ainda no governo estadual anterior, sob gestão de Carlos Moisés, não contemplava a construção de passarelas e viadutos. Agora, os projetos para viadutos nos Açores e na Rodovia Virgilio Varzea, estão em fase de licitação, com previsão para continuidade em março de 2026.
Também serão construídas três passarelas, segundo Pantoja, acatando um pedido da comunidade do João Paulo “para melhorar a mobilidade dos pedestres”.
Mobilidade urbana e transporte coletivo
O transporte coletivo na região da Grande Florianópolis também foi tema do debate. Conforme explicou Pantoja, não há previsão para que haja a inclusão de uma faixa exclusiva para ônibus na SC-401. Segundo ele, não há paradas de ônibus previstas para serem construídas na pista da esquerda.
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— Teria que ter um alargamento maior, porque de um lado nós temos empreendimentos, além de termos a reserva dos Carijós, que também é outro problema que nós vamos ter que resolver para futuro alargamento e implantação do BRT, do corredor de ônibus — afirmou.
João Luiz Demantova, presidente da Superintendência de Desenvolvimento das Regiões Metropolitanas de Santa Catarina, explicou que o BRT deve ser implementado no transporte coletivo nos próximos anos no Estado.
— Nós vemos com muitos bons olhos esse esforço do governo estadual e municipal no sentido de prover essa infraestrutura. O primeiro passo e o mais difícil para se implementar a rota ou uma pista segregada são os investimentos em fazer e ter algum espaço disponível e apropriado para circulação dos ônibus, e isso está sendo feito. A utilização, a implantação e a operação depende de todo o conjunto — disse.
Demantova afirmou ainda que, atualmente, o plano visa a implementação do BRT na região Metropolitana de Florianópolis, contemplando São José, Biguaçu e Palhoça.
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— Isso já vai facilitar o deslocamento, principalmente no acesso a Florianópolis, e a ideia, depois, é expandir em algumas vias dentro de Florianópolis, como no aeroporto, mas isso tudo depende de um arranjo com o município, porque o município de Florianópolis tem uma concessão operando hoje que vence em 2034 — afirmou.

