Mais cinco pessoas foram condenadas pela chacina que aconteceu no bairro Morro do Meio, em Joinville, em janeiro de 2023. O júri, que durou mais de 26 horas e encerrou nesta quinta-feira (17), condenou Henrique Vieira Toldo, Luiz Felipe de Souza, Maria Vitória da Cruz Gelinski, Jussara dos Santos Gonçalves e Larissa Borges a penas que, somadas, chegam a 318 anos de prisão. Outras três pessoas já haviam sido condenadas em abril deste ano.
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Como foi o júri
O júri iniciou na quarta-feira (16) e levou cinco pessoas aos bancos de réus, acusados de participação na morte de sete pessoas, que vieram a Joinville a trabalho e viviam em um alojamento no bairro Morro do Meio.
Os crimes que levaram à condenação são: homicídios tentados e consumidos, integrar organização criminosa, sequestro e cárcere privado, incêndio, ocultação de cadáver, furto e dano qualificado. Quatro dos cinco réus foram absolvidos de crimes como homicídio qualificado, dano e ocultação de cadáver.
Relembre o caso
Quais crimes as cinco pessoas foram condenadas
Henrique Vieira Toldo foi condenado por homicídios (consumados e tentados), integrar organização criminosa, sequestro e cárcere privado, incêndio criminoso, ocultação de cadáver e furto qualificado. Todos os crimes somam uma pena de 97 anos, um mês e 18 dias de reclusão, além de 84 dias-multa.
Ele foi absolvido de um homicídio qualificado e crime de dano. A defesa confirmou ao NSC Total que irá recorrer da decisão.
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— Entendemos que a condenação foi contrária às provas dos autos, uma vez que não teve uma correta individualização — afirmou o advogado Lucas Lima.
Luiz Felipe de Souza foi condenado por integrar organização criminosa, sequestro e cárcere privado, incêndio criminoso e furto qualificado. A pena total ficou em 21 anos, 4 meses e 3 dias de reclusão, mais 61 dias de multa.
Ele foi absolvido de três tentativas de homicídio, sete homicídios qualificados consumados, sequestro contra Bruno dos Santos Sales, crime de dano e de sete ocorrências de ocultação de cadáver. A defesa confirmou que não irá recorrer da decisão.
— Ele foi absolvido de sete homicídios consumados, três tentados e de dez ocultações de cadáver. O julgamento foi um sucesso ímpar no caso dele. Estamos muito satisfeitos — afirmou o advogado Nilton Ribeiro.
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Maria Vitória da Cruz Gelinski foi condenada por homicídios tentados e consumados, integrar organização criminosa, sequestro e cárcere privado, incêndio criminoso, ocultação de cadáver e furto qualificado. A pena foi fixada em 84 anos, 10 meses e 24 dias de reclusão, sete meses de detenção, mais 53 dias de multa.
Ela foi absolvida de crime de dano e de sete ocorrências de ocultação de cadáver. A defesa confirmou que já foi interposto recurso de apelação.
— A defesa da Maria Vitória respeita a decisão soberana dos jurados, mas entende que há fortes provas de que ela seja inocente. Vamos buscar pela sua absolvição, haja vista a decisão contrária a prova dos autos. Quanto a absolvição parcial, apenas um reflexo de como a decisão merece ser reformada pelo nosso tribunal — afirmou o advogado Felipe Nitsche.
Jussara dos Santos Gonçalves foi condenada por integrar organização criminosa, sequestro e cárcere privado, incêndio criminoso e furto qualificado. A pena foi fixada em 16 anos, cinco meses e 15 dias de reclusão, mais 53 dias de multa.
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Ela foi absolvida de homicídios qualificados, dano e ocultação de cadáver. A defesa confirmou que irá recorrer à condenação.
— Estamos satisfeitos com o resultado em relação à absolvição. Iremos avaliar e pretendemos recorrer pela absolvição de todos os delitos. E, caso esse não seja o entendimento do tribunal, tentar baixar um pouco da pena — afirmou a advogada Ana Paula Azevedo.
Larissa Borges foi condenada por homicídios tentados e consumados, integrar organização criminosa, sequestro e cárcere privado, incêndio criminoso, ocultação de cadáver, furto e dano qualificado. A pena foi fixada em 98 anos, 10 meses e três dias de reclusão, oito meses e cinco dias de detenção, mais 88 dias de multa.
A defesa de Larissa foi representada por uma defensora pública de Santa Catarina. Não há confirmação se a condenação será recorrida.
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De acordo com a sentença, assinada pelo juiz João Carlos Franco, as rés Larissa Borges e Maria Vitoria da Cruz Gelinski continuam foragidas.
Outros condenados
Um júri realizado em abril de 2025 condenou outras três pessoas pelo crime. Charles Willian Rodrigues Delfes foi condenado a 87 anos de reclusão; Jackson Jose Da Silva, sentenciado a 127 anos e Marcio Delfino Da Rosa, condenado a 137 anos de reclusão.
Um réu foi absolvido. Ele tinha sido acusado de participar de uma organização criminosa, múltiplos homicídios, sequestro e cárcere privado, dano qualificado e destruição de cadáver.
Relembre chacina
O crime teve início após um desentendimento de uma das vítimas com uma mulher, que segundo o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), pertence a uma facção criminosa. As dez vítimas moravam na mesma casa no bairro Morro do Meio, local onde foram atacadas.
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Seis delas foram encontradas com os corpos queimados. O imóvel também foi incendiado pelos autores do crime. Três pessoas conseguiram escapar dos criminosos e não foram feridas gravemente.
Um deles ficou desaparecido e foi encontrado morto mais de dois meses depois, totalizando sete vítimas fatais. Os corpos foram encontrados no dia 8 de janeiro de 2023, por volta das 9h25, na Estrada Serrinha.
Como aconteceu crime
No dia anterior à chacina, uma das vítimas teria se dirigido até um bar ou “bailão”. Nesse local, teria se desentendido com uma das denunciadas, integrante de facção criminosa. Conforme consta na ação penal, a vítima fez um gesto com a mão, dando a entender que pertencia à facção criminosa rival.
Em seguida, teria retornado à residência onde morava com as demais vítimas para tentar se esconder de integrantes da organização criminosa. Porém, os réus invadiram o imóvel, sequestraram as vítimas e as mantiveram em cárcere privado.
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De acordo com o inquérito policial, as vítimas foram separadas. Três delas foram levadas para a área externa do imóvel, enquanto as demais continuaram no interior da residência. Após a divisão, os réus localizaram outra vítima.
A ação penal detalha que, após as agressões, os suspeitos colocaram um corpo no porta-malas de um veículo e sequestraram os demais. Conforme apurado, também foram levadas outras duas vítimas no mesmo carro. Em um segundo automóvel, foram colocadas outras três pessoas amarradas, assim como as demais vítimas, que foram levadas em um terceiro carro.
Com os três veículos, o grupo seguiu até o bairro Vila Nova com o objetivo de matar as vítimas e ocultar os seus cadáveres. Durante o trajeto, um dos veículos estragou e foi abandonado, e os réus não mataram as três vítimas que levavam. Posteriormente, após às 5h do dia 8 de janeiro, os denunciados tiraram a vida de seis das vítimas com vários tiros na região da cabeça.
Após o ato criminoso, colocaram os corpos no interior do automóvel e atearam fogo ao veículo. Então, ocultaram o cadáver de uma das vítimas em meio a uma plantação de pupunha nas imediações da Estrada Duas Mamas, também no bairro Vila Nova. Na sequência, retornaram ao automóvel restante, que foi abandonado no bairro Morro do Meio.
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Quem são as vítimas da chacina em Joinville
As vítimas estavam em Joinville a trabalho, onde viviam em um alojamento. Elas eram naturais de Palmas e Cruz Machado, cidades do Paraná, e foram identificadas como:
- Daniel Marcolino de Lima, 19 anos;
- Rivair Amaral Ribeiro, 23 anos;
- Bruno dos Santos Sales, 24 anos;
- Ivonei Wendler dos Santos, 26 anos;
- João Mário do Amaral, 28 anos;
- Daniel Marcolino de Lima, 19 anos;
- Marcos da Silva Machado, 30 anos.
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