Há mais de 3400 espécies de serpentes em todos o mundo. Dessas, cerca de 600 cobras são peçonhentas e 200 podem causar danos ao ser humano, segundo o Guia de Animais Peçonhentos do Brasil, produzido pela Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA), do Ministério da Saúde. Só no Brasil, há de 70 a 75 espécies de cobras peçonhentas e elas estão presentes em todas as regiões do país. Essas cobras venenosas podem ser organizadas em quatro grupos: Jararacas, Cascavéis, Surucucus-Pico-De-Jaca e Cobras-Corais.
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Navegue pelo índice abaixo para conhecer quais são as cobras mais venenosas do Brasil, como o veneno de cada age no corpo humano e quais regiões do país elas podem ser encontradas.
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- Quais as cobras mais venenosas do Brasil
- As espécies de Jararacas no Brasil
- A espécie de Cascavel no Brasil
- As espécies de Surucucus-pico-de-jaca no Brasil
- As espécies de Cobras-Corais no Brasil
- As cobras mais venenosas em cada região do país
Quais as cobras mais venenosas do Brasil
O Brasil possui de 70 a 75 espécies de cobras peçonhentas, ou seja, que produzem uma substância tóxica e as liberam na mordida. Elas pertencem às famílias Viperidae e Elapidae e podem ser divididas em quatro grupos, segundo o Guia de Animais Peçonhetos do Brasil:
- Botrópico: são as Jararacas, com 32 espécies no Brasil. Sendo 30 espécies do gênero Bothrops, e duas espécies do gênero Bothrocophias. O grupo corresponde à família Viperidae;
- Crotálico: são as Cascavéis, com apenas a espécie Crotalus durissus presente no Brasil. O grupo é representado pelo gênero Crotalus e corresponde à família Viperidae;
- Laquético: são as Surucucus-pico-de-jaca. O grupo é representado pelo gênero Lachesis e corresponde à família Viperidae;
- Elapídico: são as Cobras-Corais. O grupo é representado pelo gênero Leptomicrurus e Micrurus e corresponde à família Elapidae.
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No Brasil, os ataques de cobras venenosas têm maior incidência e são consideradas as mais perigosas na seguinte ordem: Jararacas, Cascavéis, Surucucus-pico-de-jaca e, por fim, Corais-Verdadeiras. Porém, a potência do veneno dessas cobras pode ser ranqueada em:
- Corais-Verdadeiras: o veneno age no sistema nervoso, paralisando músculos como coração e diafragma
- Surucucus-pico-de-jaca: o veneno age no sistema nervoso, na corrente sanguínia, com negrose local e até óbito
- Jararacas: o veneno pode causar necrose no local da picada
- Cascavéis: o veneno age no sistema nervoso e pode destruir as fibras musculares do local da picada
As espécies de Jararacas existentes no Brasil
Segundo o Guia de Animais Peçonhentos do Brasil, há 32 espécies de serpentes Jararacas no Brasil. Elas estão divididas entre o gênero Bothrocophias e Bothrops. Por existirem em maior volume e abrangência no território nacional, esse grupo é o principal responsável por acidentes com cobras venenosas no Brasil, mas não possuem o veneno mais potente. São elas:
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- Bothrocophias hyoprora (Amaral, 1935)
- Bothrocophias microphthalmus (Cope, 1875)
- Bothrops alcatraz Marques (Martins; Sazima, 2002)
- Bothrops alternatus (Duméril; Bibron; Duméril, 1854)
- Bothrops atrox (Linnaeus, 1758)
- Bothrops bilineatus (Wied, 1821)
- Bothrops brazili (Hoge, 1954)
- Bothrops cotiara (Gomes, 1913)
- Bothrops diporus (Cope, 1862)
- Bothrops erythromelas (Amaral, 1923)
- Bothrops fonsecai (Hoge; Belluomini, 1959)
- Bothrops germanoi (Barbo; Booker; Duarte; Chaluppe; Portes-Júnior; Franco; Grazziotin, 2022)
- Bothrops insularis (Amaral, 1922)
- Bothrops itapetiningae (Boulenger, 1907)
- Bothrops jabrensis (Barbo; Grazziotin; Pereira-Filho; Freitas; Abrantes; Kokobum, 2022)
- Bothrops jararaca (Wied, 1824)
- Bothrops jararacussu (Lacerda, 1884)
- Bothrops leucurus (Wagler in Spix, 1824)
- Bothrops lutzi (Miranda-Ribeiro, 1915)
- Bothrops marajoensis (Hoge, 1966)
- Bothrops marmoratus (Silva; Rodrigues, 2008)
- Bothrops mattogrossensis (Amaral, 1925)
- Bothrops moojeni (Hoge, 1966)
- Bothrops muriciensis (Ferrarezzi; Freire, 2001)
- Bothrops neuwiedi (Wagler in Spix, 1824)
- Bothrops oligobalius (Dal Vechio; Prates; Grazziotin; Graboski; Rodrigues, 2021)
- Bothrops otavioi (Barbo; Grazziotin; Sazima; Martins; Sawaya, 2012)
- Bothrops pauloensis (Amaral, 1925)
- Bothrops pirajai (Amaral, 1923)
- Bothrops pubescens (Cope, 1870)
- Bothrops sazimai (Barbo; Gasparini; Almeida; Zaher; Grazziotin; Gusmão; Ferrarini;Sawaya, 2016)
- Bothrops taeniatus (Wagler in Spix, 1824)
*Fonte: Guia de Animais Peçonhentos do Brasil, Ministério da Saúde
Como o veneno da Jararaca age no corpo humano
Esse tipo de serpente, que também é conhecida como jararaca-pintada, surucucurana, combóia, cruzeira e urutu é, na maioria, terreste e vivem em florestas densas. A mudança de habitat para regições mais populosas pode ser influenciada pela busca de roedores. As fêmeas das espécies de jararacas são mais agressivas, maiores e podem representar um risco maior ao ser humano por produzirem mais veneno. Contudo, o animal tende a apresentar agressividade apeas em situações de perigo.
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Aproximadamente 70% dos casos de acidentes com cobras no Brasil é causado por serpentes do grupo Botrópico, principalmente em áreas de plantações de grãos. Quando uma pessoa é picada por alguma espécie de jararaca, o veneno dessa cobra pode destruir as fibras musculares e causar necrose local.
A espécie de Cascavel existente no Brasil
O Brasil possui apenas uma única espécie de cascavel e ela está classificada no gênero Crotalus, que utiliza a morfologia do chocalho na ponta da cobra para descrevê-la como “cascavel-verdadeira”. Esse detalhamento faz comparação com o gênero Sistrurus, em que as cobras não possuem o guizo e, também, não são encontradas no país. A única espécie de cascavél-verdadeira presente no Brasil é a Crotalus durissus.
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No Brasil, há quatro subespécies de Crotalus durissus:
- Crotalus durissus terrificus (Laurenti, 1768)
- Crotalus durissus durissus (Linnaeus, 1758)
- Crotalus durissus ruruima (Hoge, 1966)
- Crotalus durissus marajoensis (Hoge, 1966)
*Fonte: Guia de Animais Peçonhentos do Brasil, Ministério da Saúde
Como o veneno da Cascavel age no corpo humano
O habitat natural das cascavéis são campos e áreas abertas, como cerrados, regiões áridas e semiárias. Porém, com o avanço de áreas produtivas, elas podem ser encontradas em plantações e pastos pecuários. Ao contrário das Jararacas, a Crotalus durissus é pouco agressiva e utiliza o chocalho como defesa e mecanismo de alerta.
De acordo com o Instituto Butantan, aproximadamente 10% dos acidentes ofídicos do Brasil envolvem cascavéis. Com uma picada, o veneno dessa cobra pode destruir as fibras musculares e atacar o sistema nervoso da vítima. Além disso, o local tende a apresentar dor local e inchaço. O tratamento deve ser feito com soro específico.
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As espécies de Surucucus-pico-de-jaca existentes no Brasil
No território brasileiro, há apenas uma única espécie de Surucucus-pico-de-jaca, também conhecida como surucucu, surucutinga, surucucu-de-fogo e suruculinga e está classificada no gênero Lachesis. Esta cobra, da espécie Lachesis mula, é nomeda como pico-de-jaca pelas características morfológicas da cauda, que assemelham-se a cascas de jaca. No Brasil, é possível encontrar duas subespécies de Lachesis mula.
- Lachesis muta muta
- Lachesis muta rhombeata
*Fonte: Guia de Animais Peçonhentos do Brasil, Ministério da Saúde
Como o veneno das Surucucus-pico-de-jaca agem no corpo humano
As Lachesis muta são as maiores serpentes peçonhentas das américas e a segunda maior do mundo, segundo o Instituto Butantan. As surucucus-pico-de-jaca podem chegar a 3,5 metros de comprimento e seu bote atinge uma altura de mais de 50% do seu comprimento total. Apesar dessas características, essa cobra não é agressiva e ataques tendem a acontecer apenas em situações de estresse.
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Como ela está presente em áreas de mata e em locais pouco habitáveis, há poucos encontros e ataque a humanos. Conforme o Instituto Butantan, menos de 2% dos acidentes ofídicos registrados no Brasil foram causados pela Surucucus-pico-jaca. Mesmo assim, a pessoa que sofrer um ataque de Lachesis muta, pode receber uma picada no antebraço — pela amplitude do bote que a cobra alcança — e vai enfrentar o segundo veneno mais potente dentre as cobras peçonhentas do Brasil.
Isso porque, a toxina dessa cobra tem ação citotóxica, coagulante, hemorrágica e neurotóxica. Ou seja, a pessoa terá inchaço, dor local, necrose, problemas de coagulação, hipotensão e, em alguns casos graves, provoca, até mesm, o óbito. Ainda, o único tratamento contra a picada dessa cobra venenosa é um soro próprio, produzido pelo Instituto Butantan.
As espécies de Cobras-Corais existentes no Brasil
Já na família Elipadae, há três gêneros de cobras-corais: Micruroides, Micrurus e Leptomicrurus. Destes três, apenas os dois últimos estão presentes no Brasil. De acodro com o Guida de Animais Peçonhentos do Brasil, não há registros de acidentes com humanos envolvendo o gênero Leptomicrurus, que são as cobras-corais com o dorso completamente preto e com manchas amarelas, laranjas ou vermelhas no ventre e sem o padrão de aneis corporais.
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Já o gênero Micrurus pode ser subdividido pela morfologia das serpentes e padronagem dos aneis corporais em: Padrão Monadal (um anel preto em uma combinação de anéis corporais nas cores vermelho-branco-preto-branco-vermelho), Padrão Bicolor (ausência de anéis brancos) e padrão Triadal (três anéis pretos separados por dois anéis brancos intercalados com anéis vermelhos, amarelos ou laranjas, em uma combinação preto-branco-preto-branco-preto-vermelho).
Confira abaixo as 38 espécies de Cobras-Corais peçonhentas no Brasil e detalhes de suas características morfológicas.
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- Leptomicrurus (“Micrurus”)
- Leptomicrurus collaris (Schlegel, 1837)
- Leptomicrurus narduccii (Jan, 1863)
- Leptomicrurus scutiventris (Cope, 1868
Padrão Monadal
- Micrurus albicinctus (Amaral, 1925)
- Micrurus annellatus (Peters, 1871)
- Micrurus averyi (Schmidt, 1939)
- Micrurus bolivianus (Roze, 1967)
- Micrurus corallinus (Merrem, 1820)
- Micrurus langsdorffi (Wagler in Spix, 1824)
- Micrurus pacaraimae (Carvalho, 2002)
- Micrurus paraensis (Cunha; Nascimento, 1973)
- Micrurus psyches (Daudin, 1803)
- Micrurus putumayensis (Lancini, 1962)
- Micrurus remotus (Roze, 1987)
- Micrurus tikuna (Feitosa; Silva Jr.; Pires; Zaher; Prudente, 2015)
Padrão Bicolor
- Micrurus mipartitus (Duméril et al., 1854)
Padrão Triadal
- Micrurus altirostris (Cope, 1860)
- Micrurus boicora (Bernarde; Turci; Abegg; Franco, 2018)
- Micrurus brasiliensis (Roze, 1967)
- Micrurus carvalhoi (Roze, 1967)
- Micrurus decoratus (Jan, 1858)
- Micrurus diana (Roze, 1983)
- Micrurus diutius (Burger, 1955)
- Micrurus filiformis (Günther, 1859)
- Micrurus frontalis (Duméril; Bibron; Duméril, 1854)
- Micrurus hemprichii (Jan, 1858)
- Micrurus ibiboboca (Merrem, 1820)
- Micrurus isozonus (Cope, 1860)
- Micrurus lemniscatus (Linnaeus, 1758)
- Micrurus nattereri (Schmidt, 1952)
- Micrurus obscurus (Jan; Sordelli, 1872)
- Micrurus ortoni (Schmidt, 1953)
- Micrurus potyguara (Pires; Silva Jr.; Feitosa; Prudente; Pereira-Filho; Zaher, 2014)
- Micrurus pyrrhocryptus (Cope, 1862)
- Micrurus silviae (Di-Bernardo; Borges-Martins; Silva Jr., 2007)
- Micrurus spixii (Wagler in Spix, 1824)
- Micrurus surinamensis (Cuvier, 1817)
- Micrurus tricolor (Hoge, 1957)
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*Fonte: Guia de Animais Peçonhentos do Brasil, Ministério da Saúde
Como o veneno das Corais-verdadeiras agem no corpo humano
As corais-verdadeiras do gênero Micrurus habitam a Mata Atlântica brasileira e é considerada a cobra peçonhenta com o veneno mais potente no território nacional. Apesar de sua alta periculosidade, as corais-verdadeiras são cobras tímidas, mais presente em vegetação rasteira e escondida de áreas populosas.
Apesar da potência do veneno, as corais-verdadeiras estão envolvidas menos de 1% dos acidentes ofídicos no Brasil. Isso porque tendem a fugir em situações de ameaça. Em caso de ataque, o veneno dessa cobra afeta principalmente o sistema nervoso, paralisando músculos como coração e diafrágma. Conforme o Instituto Butantan, os primeiros sintomas são visão turva, dificudade na fala e dormência no local. O tratamento é feito com soro fabricado pelo Butantan.
Atenção: O habitat das corais-verdadeiras também é dividido com as corais-falsas, espécies de cobras não-peçonhentas que imitam as características morfológicas dessas cobras venenosas como mecanismo de proteção predatório. Caso aviste uma cobra que pareca ser coral, não tente distinguir entre falsa ou verdadeira. Se afaste do local e busque as autoridades responsáveis.
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