Carmelita dos Santos esperou tanto por uma cirurgia em um dos rins que precisou retirar o órgão em um procedimento de urgência. Amarildo da Silva corre risco de amputar a perna caso a operação que necessita não seja feita o quanto antes. Vanderlei Cardoso aguarda por uma intervenção no ombro há mais de 15 anos.

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Esse é o retrato de quem espera por uma cirurgia eletiva em Blumenau, cidade que soma mais de 5,7 mil pessoas na fila. Em todo o Estado são 105 mil, conforme dados do governo.

Amarildo mora no bairro Velha e em 2007, depois de alguns episódios de deslocamento do ombro, descobriu que precisava fazer uma cirurgia por conta do desgaste. À época, trabalhava em uma indústria têxtil e não tinha condições de pagar o procedimento, por isso entrou na fila de espera do SUS. O tempo passou, o homem de 46 anos mudou de profissão, os problemas no ombro aumentaram e uma consulta nunca foi agendada.

— Uns 13 anos depois, ligaram e marcaram novos exames. Fiz no ambulatório do lado do Hospital Santo Antônio, mas até então não entraram em contato de volta — conta o pedreiro.

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Para driblar as dores, Amarildo evita alguns movimentos e aprendeu a conviver com o problema, que evoluiu para um cisto. Problemas ortopédicos como o dele são os campeões da fila de espera por cirurgias eletivas em Blumenau. Das 5.735 pessoas que aguardam serem chamadas para o procedimento, 847 sofrem de algum mal relacionado aos ossos.

As filas das cirurgias eletivas — que necessitam de agendamento — não são novidade em Santa Catarina. Por isso, com o objetivo de diminuí-las, o governo do Estado anunciou que fará parcerias com os hospitais.

Em entrevista à NSC TV de Blumenau, a secretária estadual de Saúde, Carmen Zanotto, disse que o objetivo é zerar a fila de espera ainda neste ano. Ela explicou que o programa começou pelos casos oncológicos, que são mais sensíveis e precisam de uma resposta imediata.

— Todos os hospitais vão participar das cirurgias eletivas de forma mais intensa — adiantou.

A recomendação a quem aguarda o momento de ir para a sala cirúrgica é esperar pelo telefonema da unidade de saúde responsável pelo encaminhamento. É importante que os dados do paciente estejam atualizados no Sistema de Regulação, o Sisreg.

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Situação em Blumenau

A prefeitura de Blumenau disse que aguarda as orientações do Estado para cumprir o plano de zerar a fila de espera, já que é do governo estadual a responsabilidade de autorizar a liberação das cirurgias eletivas pelo Sisreg.

Em paralelo, um plano municipal blumenauense ampliou, em maio do ano passado, o número de procedimentos cirúrgicos, aumentando de 500 para mais de 750 cirurgias por mês. Elas ocorrem nos três hospitais que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS): Santa Isabel, Misericórdia e Santo Antônio.

No fim de 2022, a prefeitura repassou mais de 650 mil para o Santo Antônio abrir a sexta sala cirúrgica. Outros R$ 500 mil serão repassados neste ano.

Espera por um telefonema

Amarildo conta que consegue suportar o incômodo no ombro, mas sente por outros pacientes em situações mais graves. Além dos conterrâneos, ele divide a mesma realidade com moradores de toda a região.

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Na maior cidade da Foz do Rio Itajaí-Açu são 3.757 pessoas na espera. Itajaí, assim como Blumenau e outros municípios, também aguarda definições para adotar o plano estadual.

Balneário Camboriú tem 1.072 pacientes na fila. Entre as principais demandas estão questões ortopédicas, do sistema digestivo e de articulações, por exemplo.

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