Ao menos 93,9% dos leitos de Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) estão ocupados em Santa Catarina. Os dados são desta sexta-feira (13) do Centro de Informações Estratégicas para a Gestão do SUS de Santa Catarina (Cieges/SC). Por conta do cenário preocupante, na noite de quinta-feira (12), o governo estadual publicou um decreto de situação de emergência. Isto porque a lotação dos hospitais tem relação ao aumento da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), associada a gripe Influenza, Covid-19 ou outro vírus respiratório.

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A medida autoriza o governo a ordenar o uso temporário de bens (equipamentos, insumos, leitos, respiradores, etc.) e serviços de hospitais, clínicas, empresas ou entidades privadas com ou sem fins lucrativos. O decreto vale por 180 dias.

— Por exemplo: o Estado pode requisitar leitos ou ambulâncias de um hospital privado, se for necessário, para cuidar da população. Isso está previsto na Constituição Federal e na Lei do SUS — diz Sabrina Sabino, médica infectologista e professora de Doenças Infecciosas na Universidade Regional de Blumenau.

Dos 1.423 leitos de UTI ativos em Santa Catarina, apenas 87 estão disponíveis para atendimento de bebês, crianças e adultos. A situação mais grave é na região Norte do Estado, onde há apenas cinco leitos disponíveis, do total de 290 ativos. No Oeste do Estado, há dois leitos desocupados.

Segundo o secretário de Estado da Saúde, Diogo Demarchi, novas estruturas de leitos já foram abertas em hospitais públicos de Indaial, Criciúma e Itajaí. Ao mesmo tempo, estão em andamento as negociações para a contratação de vagas em hospitais privados na Grande Florianópolis.

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Veja a situação dos leitos de UTI por região em SC

  • Planalto Norte e Nordeste: 98,3% (5 leitos disponíveis)
  • Oeste: 98% (2 leitos disponíveis)
  • Meio-Oeste: 96,2% (6 leitos disponíveis)
  • Grande Florianópolis: 95,7% (10 leitos disponíveis)
  • Foz do Rio Itajaí: 94,1% (6 leitos disponíveis)
  • Serra: 94% (5 leitos disponíveis)
  • Vale do Itajaí: 91,1% (23 leitos disponíveis)
  • Sul: 85,4% (30 leitos disponíveis)

Situação da doença em SC

Conforme a Secretaria do Estado de Saúde (SES), o decreto foi necessário devido à “situação anormal” de SRAG em Santa Catarina. “Indicadores epidemiológicos apontam para o aumento expressivo nos índices de internações em leitos de UTI neonatal, pediátrica e adulto, e da consequente superlotação dos centros de atendimento, caracterizando elevado risco sanitário para a população”, disse em nota.

De acordo com dados da SES, entre janeiro e a primeira semana de junho de 2025, foram registrados mais de 1,2 mil casos da síndrome por Influenza ou gripe grave. No mesmo período do ano passado, foram 932 casos, ou seja, houve um aumento de cerca de 30%.

Em relação aos óbitos, também foi registrado um crescimento, com 142 óbitos em 2025. No ano passado, foram 67 registros, no mesmo período.

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A faixa etária mais propensa à doença é a das pessoas acima de 60 anos, que representam 46,9% dos registros de SRAG confirmados por Influenza. Na sequência, estão crianças de até 4 anos, com 20,4%. O registro de óbito é mais comum na faixa etária a partir dos 50 anos (124 óbitos), conforme dados da secretaria.

De acordo com a médica infectologista Sabrina Sabino, o decreto, por si só, não garante redução imediata nas mortes, mas facilita respostas rápidas, podendo melhorar vagas em UTIs, distribuir recursos, agilizar ações de saúde e reduzir óbitos por falta de atendimento.

— Para haver redução significativa no número de mortes, o decreto precisa ser bem operacionalizado e a população deve continuar aderindo às medidas preventivas, como vacinação, uso de máscaras em situações recomendadas, higiene, etc — pontua.

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