A cobertura vacinal contra a gripe em Santa Catarina atingiu apenas 40,57% até o mês de junho, bem abaixo da meta esperada de 95%. Este dado sinaliza uma situação preocupante, especialmente quando temos o agravante do esgotamento de leitos de UTI por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no Estado causado por vírus respiratórios, dentre eles a influenza.

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Ano passado, em 2024, Santa Catarina registrou 129 óbitos por influenza. Já neste ano, até o momento, já contabilizamos 91 óbitos confirmados pela mesma doença. Este número é mais do que um alerta; é uma chamada urgente à ação para prevenir o gargalo que estamos todos suscetíveis: falta de leitos de UTI.

Estou com um paciente de 65 anos internado na unidade de terapia intensiva em estado grave por influenza, o que me entristece, é que este paciente poderia ter sido vacinado, ele teve a oportunidade, a informação correta, mas decidiu por não se vacinar.

Conversei com a família para entender o motivo de não se vacinar. A resposta: ele não acredita em vacinas.

Me pergunto: onde erramos? Será que precisamos fazer a população acreditar? Acredita-se em crenças e não em ciência. A ciência é para confiar e não acreditar.

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Santa Catarina sempre figurou dentre os estados, com destaque na qualidade da saúde pública. No entanto, quando o quesito é vacinação, a hesitação vacinal é uma realidade desafiadora por aqui, e os números não nos deixam mentir.

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Com menos da metade da meta de vacinação atingida, o sistema de saúde está sobrecarregado, e este fato, não é novidade, vem acontecendo ano após ano. Esta baixa cobertura vacinal é reflexo de uma complexa combinação de desinformação, complacência e barreiras de acesso a informação assertiva.

O virus influenza, causador da gripe, é por muitas vezes subestimado pela população, e pode causar sérias complicações, especialmente em grupos de risco como idosos, crianças, gestantes, obesos e pessoas que possuem problemas de saúde.

Para evitar estas complicações é que vacinamos anualmente. A vacina contra a gripe, há muito disponível e comprovadamente eficaz, tem o potencial de reduzir drasticamente casos graves e mortes, mas a adesão insuficiente continua a prejudicar a sua eficácia coletiva.

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Temos um exemplo em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, nosso estado vizinho, onde todos os óbitos que foram notificados este anos, tanto de SRAG por Covid, quanto SRAG por Influenza, nenhum deles possuía a vacina preconizada para a faixa etária, de acordo com Sivep-gripe, atualizados em 26/05/2025. Ja em Santa Catarina, ao questionar o histórico vacinal dos óbitos do estado, não obtivemos respostas.
Dito isso, a mensagem é clara: vacinem-se e vacinem os seus.

Por Sabrina Sabino, médica infectologista, formada em Medicina pela PUCRS, mestre em Ciências Médicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e professora de Doenças Infecciosas na Universidade Regional de Blumenau.

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