Se há uma doença que não faz distinção de classe ou idade, essa doença é a meningite. Grave, de evolução fulminante, a meningite é a inflamação das membranas que recobrem o sistema nervoso central — as meninges —, podendo ser causada por vírus, bactérias, fungos ou traumas. Mas vamos direto ao ponto: entre os agentes infecciosos, as bactérias e vírus são os grandes protagonistas de surtos e tragédias, seja pelo alto número de casos ou pelo potencial destrutivo.
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Seja sincero: você sabe reconhecer a meningite? Sabe que ela pode matar em poucas horas ou deixar sequelas que mudam uma vida para sempre? E que existe vacina no SUS para as formas mais letais? Pois bem, está na hora de falarmos sobre isso.
Para iniciarmos, de acordo com a DIVE, entre 2021 e 2023, o número de casos confirmados de meningite em Santa Catarina quase triplicou: de 358, saltou para 993. Houve uma redução para 762 em 2024, mas de janeiro a abril de 2025 já são 180 casos — e esse número vai crescer, pois a notificação dos casos costuma acontecer com atraso no sistema oficial (SINAN).
Não se engane: os dados incompletos subestimam o risco real. E gostaríamos que o cenário fosse melhor, mas os números não mentem: a cada 100 pessoas diagnosticadas com meningite neste início de 2025, quase oito morreram. Para quem ainda subestima a doença, esse número deveria servir de alerta.
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O mais incompreensível é que as crianças pequenas continuam sendo as maiores vítimas. Crianças de 0 a 4 anos concentram a maior incidência (7,7 casos para cada 100 mil habitantes) e pagam um preço alto pela negligência vacinal. E não se engane: adultos entre 20 e 64 anos representaram quase metade dos casos neste começo de 2025. O risco é generalizado.
Em tempos de fake news, negar a vacinação é quase um crime de saúde pública. Temos no Programa Nacional de imunização (PNI), vacinas que cobrem meningite por tuberculose, meningocócica, pneumocócica e por hemófilos.
Aquelas crianças que vacinamos no posto de saúde, não são apenas protegidas, ajudam a reduzir a circulação de bactérias para todos.
A verdade desconfortável? Ainda vemos pessoas adoecendo e morrendo por tipos de meningite para os quais existe vacina gratuita no SUS. Isso é inadmissível.
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Por fim, um pedido: pais, cuidadores, adultos: tenham a responsabilidade que o momento exige. Atualizem o cartão de vacinação, ajudem a combater a desinformação e entendam que, quando você escolhe não vacinar, não está jogando apenas com a sorte do seu filho, mas com a de toda uma comunidade.
Meningite é silenciosa, rápida e fatal. Precisamos de informação e vacina. Sem isso, continuaremos contabilizando mortes que já poderiam ter sido evitadas há décadas.
Por Sabrina Sabino, médica infectologista, formada em Medicina pela PUCRS, mestre em Ciências Médicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e professora de Doenças Infecciosas na Universidade Regional de Blumenau.
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