Prezados leitores, se você acha que gripe “é coisa de inverno”, sugiro sentar-se antes de ler os próximos parágrafos.

Continua depois da publicidade

Clique aqui para receber as notícias do NSC Total pelo Canal do WhatsApp

Santa Catarina, já no outono de 2025, está enfrentando o que se pode chamar de tempestade perfeita: aumento acima do esperado de Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAG) e sobrecarga precoce das UTIs. Os dados mais recentes do Estado indicam UTIs já operando no limite, com crianças, adultos e idosos disputando leitos antes mesmo do inverno chegar.

Sabrina Sabino: “Vacina contra a chikungunya é passo audacioso e positivo do Brasil”

Historicamente, as síndromes respiratórias graves — aquelas capazes de levar quem era saudável para um respirador em poucas horas — costumavam “pipocar” entre junho e agosto. Este ano? Parece que temos uma antecipação.

Continua depois da publicidade

A Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina já revelou aumento de mais de 40% nas internações por SRAG em abril, comparado à média do mesmo período em anos anteriores. O principal vilão? Vírus sincicial respiratório (VSR) em crianças, influenza A em adultos e idosos, e a COVID-19, que insiste em circular. Resultado: UTIs neonatais, pediátricas e de adultos à beira do colapso.

Por que tantas internações?

É uma mescla de fatores: as máscaras foram largadas pós-pandemia como quem esquece casaco no verão. Se você estiver gripado: use! Outro fator é a baixa cobertura vacinal, segundo o Ministério da Saúde, estamos com menos de 60% de cobertura vacinal contra gripe e COVID entre idosos e grupos de risco em SC — abaixo da meta de 90%. A vacina anual da gripe não impede 100% das infecções, mas reduz drasticamente as formas graves e as mortes.

Quem desdenha vacina brinca com a roleta russa, e perde. A vacinação contra COVID-19, sim, ainda é essencial, e o reforço com vacinas atualizadas reduzem hospitalizações. Aliás, me atrevo a dizer que quem recusa vacina é cúmplice da superlotação que pode custar a vida de alguém que você conhece.

Há de salientar, também, que a capacidade hospitalar do Estado é limitada: o inverno nem chegou e já estamos usando vagas “reservadas” para o pico, outro fator importantíssimo a ser considerado.

Continua depois da publicidade

Mas porque o aumento neste momento? Nosso sistema imunológico “congela” no frio?

Não, nosso sistema imunológico não “congela”, mas o frio facilita a vida dos vírus.

Quando a temperatura cai, as vias aéreas ficam mais sensíveis, pois o ar frio e seco resseca as mucosas, “abrindo a porta” para invasores. Nós ficamos mais tempo em ambientes fechados: isso aumenta a transmissão dos vírus entre as pessoas, com isso, a menor circulação de ar, é o “happy hour” de microrganismos respiratórios.

Com estes fatores, nosso sistema imune segue funcionando, mas fica mais demandado, e uma baixa resposta vacinal, aliada aos fatores acima citados são propícios para que nosso sistema imune fique cansado e aí começamos a ficar doentes. Portanto, algumas dicas para não ficarmos doentes além da vacinação é lavar as mãos frequentemente com água e sabão, evitar aglomerações e ambientes fechados sempre que possível, usar máscara em hospitais ou se apresentar sintomas gripais, manter-se hidratado, com alimentação equilibrada e sono regulado.

Se você ainda acha que vacina “é para os outros” e que “só velhinho ou criança pega pneumonia”, sugiro repensar antes de precisar de UTI e descobrir que não há vaga. O vírus não marca hora e o frio não perdoa. O outono de 2025 nos mostra que prevenir — principalmente vacinar — é salvar vidas.

Saúde se conquista todos os dias e a responsabilidade é de todos nós. Reaja antes que seja você — ou alguém seu — esperando por um leito que talvez não esteja lá.

Continua depois da publicidade

Leia também

Sabrina Sabino: “Você troca a toalha de banho só uma vez por semana? Tenho uma má notícia”

Sabrina Sabino: “Eu, se fosse você, não comeria ovo poché”