A preocupação com a transmissão da sífilis cresce com as comemorações de Carnaval em todo o país e em Santa Catarina. Isso porque, entre 2010 e 2024, o Brasil registrou 1.538.525 casos de sífilis adquirida, com uma tendência de crescimento ao longo de todo o período da pesquisa, de acordo com dados do Ministério da Saúde. Em Santa Catarina, o Estado apresenta a maior taxa de detecção de sífilis adquirida do país em 2023, com 233,7 casos por 100 mil habitantes.

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A sífilis é responsável por manifestações clínicas variadas, inclusive formas graves, que podem se manifestar muito tempo depois de adquirir a infecção. Um detalhe importante é que indivíduos assintomáticos ainda podem disseminar a sífilis, principalmente no primeiro ano após contraí-la.

Segundo a médica patologista clínica, Annelise Wengerkievicz Lopes, a sífilis é transmitida principalmente por contato direto com feridas infecciosas durante relações sexuais. Isso acontece especialmente na fase inicial da sífilis – quando surge a ferida chamada de “cancro duro”) – e em algumas manifestações da fase secundária (como lesões na boca ou lesões úmidas). Essas lesões são altamente contagiosas, e a chance de transmissão é de aproximadamente 30% em um único contato.

A bactéria pode causar infecção em qualquer local do corpo onde entrar em contato com uma ferida infecciosa. Isso significa que a sífilis pode ser transmitida por meio de beijos ou pelo toque em lesões ativas.

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A sífilis também está associada ao aumento do risco de contrair outras infecções sexualmente transmissíveis, como o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV).

Prevenção da sífilis

A prevenção da sífilis envolve principalmente a educação com relação ao comportamento sexual e o uso de preservativos, que apesar de não impedirem, reduzem significativamente o risco de transmissão, de acordo com a médica.

O tratamento para sífilis é simples quando diagnosticada nas primeiras fases da doença, por isso é essencial realizar exames de rotina, especialmente em gestantes, garantindo o diagnóstico precoce e evitando a transmissão congênita para o bebê.

Outra medida preventiva importante é evitar o compartilhamento de seringas e agulhas, já que essa também pode ser uma via de contágio. No caso de diagnóstico positivo, o tratamento imediato com antibióticos, geralmente penicilina, ajuda a interromper a transmissão.

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Segundo Wengerkievicz, o acompanhamento médico e a comunicação com parceiros sexuais também são fundamentais para o controle da infecção.

Dados sobre a sífilis

Do total de casos notificados no Brasil durante todo o mapeamento, 40,2% ocorreram na região Sudeste, 21,8% no Sul, 14,4% no Nordeste, 7,2% no Centro-Oeste e 6,3% no Norte.

Em 2023, foram registrados 114.913 casos (47,3%) no Sudeste, 49.931 (20,6%) no Sul, 39.391 (16,2%) no Nordeste, 20.881 (8,6%) no Centro-Oeste e 17.710 (7,3%) no Norte.

Com relação ao perfil dos infectados, em 2023, homens representaram 60,9% dos casos totais, com taxas de detecção de 259,9 e 161,6 casos por 100 mil habitantes nas faixas etárias de 20 a 29 anos e de 30 a 39 anos, respectivamente.

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*Sob supervisão de Andréa da Luz

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