Os impactos da presença de cães nas praias viraram tema de pesquisa da Pós-Graduação em Agroecossistemas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Conforme o estudo, há riscos de saúde relacionados às questões sanitárias, além de danos à flora e à fauna local. Em Florianópolis, um projeto de lei (PL), que tramita na Câmara dos Vereadores, busca autorizar a presença dos animais nesses locais, desde que vacinados e devidamente acompanhados por seus tutores. O texto deve ser analisado pela Comissão de Saúde nesta quarta-feira (2).

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A pesquisa, desenvolvida pela médica veterinária Carla Roberta Seára Willemann, faz análises dos riscos para a saúde humana, animal e ambiental, bem como de experiências de praias pet friendly pelo mundo. Ela também aponta medidas fundamentais para que se possa liberar a presença de cães de maneira segura, como investimento em saneamento básico e controle de animais errantes.

— De um lado, existe uma demanda crescente por espaços públicos onde os tutores possam desfrutar momentos de lazer com seus cães. De outro, há um cenário sanitário que já apresenta riscos, como a presença de parasitas zoonóticos em fezes de cães em praias, evidenciada em estudos anteriores. Com o adensamento populacional na região da Grande Florianópolis e o consequente aumento do número de animais de estimação, esses desafios tendem a se intensificar — comenta Carla. 

Para o estudo, a médica veterinária visitou algumas praias da capital catarinense e verificou a presença de cães e a infraestrutura disponível. Segundo ela, um dos principais problemas associados à presença de cachorros nos locais é a contaminação do ambiente com fezes contendo parasitas.

— No Brasil, os índices de infecção parasitária em cães são bastante elevados, e a areia da praia oferece condições favoráveis para a sobrevivência e proliferação desses agentes — devido à sua permeabilidade, calor e umidade — enfatiza a pesquisadora. 

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O levantamento identificou 27 parasitas diferentes, por meio da revisão bibliográfica de outras pesquisas que analisaram fezes de cães. Um dos mais frequentes é o Ancylostoma spp., causador do “bicho geográfico” — uma infecção comum entre frequentadores de praias. 

— A busca pelo termo “bicho geográfico” nos mecanismos de busca do Google, por exemplo, aumenta em mais de 85% nos meses de verão na região de Florianópolis, o que pode indicar a existência de um problema sanitário subnotificado pelos sistemas oficiais de vigilância — diz a pesquisadora.

Cachorros nas praias de Florianópolis

Projeto de lei busca permitir cães nas praias de Florianópolis

Um projeto de lei, que tramita na Câmara de Vereadores de Florianópolis, busca permitir a circulação de cães nas praias da cidade desde que vacinados e acompanhdos pelos tutores. O assunto já foi tema de polêmica em cidades com praias. Desde 2001 a presença de animais é proibida pela Lei Municipal nº 094/01.

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A justificativa da PL é de que o crescimento do conceito “pet friendly” vem tomando proporções consideráveis. “Não só no turismo, mas no setor imobiliário e gastronômico […] a exemplo de condomínios e restaurantes que já aceitam animais de estimação, além do fato do aumento expressivo da procura desses locais”, aponta o texto.

“Florianópolis é conhecida como cidade turística e as praias são um destino comum dos moradores e visitantes. Assim, o tema “cachorro na praia” já é conhecido de longa data e também é considerado polêmico, motivo pelo qual merece atenção do Poder Legislativo municipal”, diz outro trecho da PL.

O texto deve ser analisado pela Comissão de Saúde na tarde desta quarta-feira. Ainda não há prazo de quando o tema deve ser debatido no plenário.

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