Santa Catarina está entre os estados em nível de alerta para alta nos casos da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), com sinal de crescimento na tendência de longo prazo, conforme o Boletim Infogripe da Fiocruz, divulgado na última sexta-feira (26). A situação é preocupante porque a taxa de ocupação de leitos de UTI para adultos está em 97% no Estado, e a cobertura vacinal da gripe é de apenas 17,13% no público-alvo (crianças, gestantes e idosos), conforme a Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (Dive/SC).

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Conforme apuração da NSC TV, duas regiões já chegaram a 100% de lotação: o Litoral Norte e o Grande Oeste. A taxa de ocupação no Vale do Itajaí é de 98% e, nas demais regiões, a ocupação de leitos UTI SUS para adultos varia de 85% a 99%. Alguns hospitais também registram lotação em leitos de enfermaria.

Em Blumenau, o hospital Santo Antônio informou que a unidade está com 48% dos leitos de UTI lotados. Já no hospital Santa Isabel, os leitos SUS estão com lotação acima de 100%.

A Secretaria de Saúde informou que Santa Catarina vem ampliando a rede de UTIs nos últimos anos e ainda há previsão de abertura de outros 30 em regiões como o Vale do Itajaí e o Norte do Estado.

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Aumento nos casos de SRAG

Santa Catarina já registrou mais de 2 mil casos de SRAG neste ano e 48 mortes. As regiões que mais apresentam casos e óbitos por vírus respiratórios são Florianópolis, Itajaí e Joinville. Os sintomas são febre, tosse, dor de garganta e dores nas articulações, musculares ou de cabeça.

Das 27 unidades federativas brasileiras, 14 apresentam incidência de SRAG em nível de alerta, risco ou alto risco com sinal de crescimento na tendência de longo prazo. Além de Santa Catarina, são elas: Acre, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Sergipe e São Paulo.

Em relação às capitais, 14 das 27 apresentam o mesmo nível de alerta. A capital catarinense, Florianópolis, é uma delas, junto de Aracaju (SE), Belém (PA), Belo Horizonte (MG), Campo Grande (MS), Cuiabá (MT), Natal (RN), Porto Alegre (RS), Rio Branco (AC), Rio De Janeiro (RJ), Salvador (BA), São Luís (MA), São Paulo (SP) e Vitória (ES).

A pesquisadora do Programa de Processamento Científico da Fiocruz e do InfoGripe, Tatiana Portella, destaca que o cenário serve como alerta para que a população intensifique as medidas de prevenção, combatendo o aumento de casos graves por alguns vírus de transmissão respiratória. Ela indica o uso de máscaras em locais fechados, dentro dos postos de saúde, além da adoção das medidas de etiqueta respiratória.

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— A gente reforça também a importância da vacinação contra o vírus da influenza. Quem faz parte do grupo elegível e ainda não se vacinou deve procurar um posto de saúde o quanto antes — orienta.

SC com baixa adesão da cobertura vacinal

No final de março, o Ministério da Saúde começou a distribuir 35 milhões de doses da vacina da Influenza para todos os estados das regiões Nordeste, Sul, Centro-Oeste e Sudeste do Brasil. A ação vai até o fim de abril. O imunizante previne infecção pelo vírus influenza, que causa a gripe e as complicações como pneumonias e a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).

Para Santa Catarina, vieram 2 milhões de doses até o momento, divididas em quatro levas, segundo a Dive/SC.

No dia 7 de abril, a campanha de vacinação contra a gripe teve início na capital catarinense, mas ainda não começou a ser aplicada nas escolas de Florianópolis, conforme apurou a NSC TV. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde da Capital, ainda não há previsão do início nas unidades escolares.

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Programa Saúde na Escola pretende vacinar 1,1 milhão de estudantes de escolas públicas de SC

Entre 7 e 25 de abril, foram aplicadas cerca de 34.864 doses da vacina contra a gripe em Florianópolis, informou a SES por meio de nota. Destas, 21.473 foram em idosos, e 1.876 em crianças de seis meses a menores de seis anos. Outras 249 foram aplicadas em gestantes, totalizando 23.598 imunizantes neste grupo em específico.

As outras 11.266 doses referem-se às outras categorias inseridas no grupo prioritário. São elas:

  • Trabalhadores da Saúde;
  • Puérperas;
  • Professores dos ensinos básico e superior;
  • Povos indígenas;
  • Pessoas em situação de rua;
  • Profissionais das forças de segurança e de salvamento;
  • Profissionais das Forças Armadas;
  • Pessoas com doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais (independentemente da idade);
  • Pessoas com deficiência permanente;
  • Caminhoneiros;
  • Trabalhadores do transporte rodoviário coletivo (urbano e de longo curso);
  • Trabalhadores portuários
  • Funcionários do sistema de privação de liberdade;
  • População privada de liberdade, além de adolescentes e jovens sob medidas socioeducativas (entre 12 e 21 anos).

A partir de 10 de maio, a vacinação será aberta para toda a população. A vacina contra a gripe é capaz de evitar entre 60% e 70% dos casos graves e óbitos, de acordo com o Ministério da Saúde.

SES faz apelo à população

Recentemente, a internação de 286 crianças por conta de doenças respiratórias entre os dias 1° e 22 de abril em dois hospitais catarinenses acendeu um alerta para Santa Catarina.

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De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (SES), durante o período mencionado, foram hospitalizados 222 pacientes nos leitos de enfermaria e 64 nas Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) dos hospitais Infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis, e o Jeser Amarante Faria, em Joinville. Ambos pertencem ao governo do Estado.

Internação de mais de 280 crianças por doenças respiratórias acende alerta em SC

Em um comunicado divulgado na última quarta-feira (23), a SES fez um apelo, pedindo colaboração da população para conter o avanço da SRAG em Santa Catarina.

O Hospital Infantil Joana de Gusmão é o único hospital público pediátrico e porta aberta da Grande Florianópolis. Nas últimas semanas, a emergência tem sofrido com uma alta expressiva nos atendimentos, segundo a SES.

A maioria são casos respiratórios classificados como moderado a grave, pacientes que exigem atendimento rápido e eficaz da equipe. Por conta disso, a demora está um pouco mais elevada do que o normal. A emergência está atendendo com o quadro máximo de profissionais, sete médicos.

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Diante desse cenário, a SES apela para que os pais e responsáveis levem as crianças de seis meses a menores de seis anos às salas de vacina para se imunizarem contra a gripe.

— A imunização busca reduzir as complicações e internações causadas pelas SRAG durante o outono e inverno, quando os casos de gripe tendem a aumentar, previne os casos graves e também ajuda a diminuir a circulação do vírus — informa a pasta.

Um exemplo é a mãe Ariane Gandolfo, que leva sem falta a filha Sofia, de oito meses, para tomar todas as vacinas do calendário.

— Ela já fez a vacina da gripe recentemente e estou trazendo pra tomar as outras também. É pior ainda ter que internar. Depois, começam a ir pra escola e precisam estar protegidos. Todas as vacinações, as obrigatórias iniciais, nas campanhas também, não falho nem um mês, é fundamental. Com a vacina não quer dizer que ela não vá ficar resfriada, mas é mais leve. As vezes fica mais “molinha” no dia, mas é só dar mais “mamazinho”, mais carinho que ela fica forte novamente — conta a mãe.

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Ariane e a filha, Sofia (Foto Guilherme Bento, Secom, Divulgação)

A vacinação é gratuita, e a população deve buscar as informações nas Secretarias Municipais de Saúde sobre onde as doses estão sendo disponibilizadas.

Vacinação e formas de prevenção

Além dos hospitais de Florianópolis e Joinville, outras unidades também registraram aumento significativo de doenças respiratórias nas últimas semanas. A SES reforça a importância da vacinação contra a gripe e os cuidados de prevenção que devem ser tomados para conter o avanço dessas doenças.

Além da vacinação contra a influenza, a etiqueta da tosse ou respiratória é importante para reduzir ou prevenir doenças respiratórias causadas por vírus como a gripe, o resfriado, a Covid-19, entre outras. A transmissão dessas doenças ocorre quando uma pessoa infectada elimina o vírus em forma de aerossóis, gotículas, ao tossir, espirrar, falar ou, até mesmo, ao tocar na boca, nariz e logo depois em algum objeto.

A etiqueta da tosse traz dicas de como evitar que o agente infeccioso entre em contato com uma pessoa sadia e faça com que ela também adoeça. Confira:

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  • Higienize as mãos com frequência com água e sabão ou álcool em gel;
  • Utilize lenço descartável para higiene nasal;
  • Evite tocar os olhos, o nariz e a boca;
  • Não compartilhe objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas;
  • Mantenha os ambientes bem ventilados;
  • Limpe e desinfete superfícies;
  • Cubra com o antebraço a boca e o nariz ao tossir ou espirrar;
  • Evite contato próximo com pessoas com sintomas respiratórios;
  • Evite aglomerações e use máscara em caso de sintomas respiratórios;
  • Evite contato próximo com outras pessoas caso esteja doente.

*Sob supervisão de Andréa da Luz

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