As delegações dos Estados Unidos e da Argentina não compareceram à reunião preparatória para a COP 30, realizada em Brasília nesta segunda (13) e terça-feira (14). O evento, que reuniu representantes de 67 países, é visto como mais um sinal do afastamento dos dois governos das discussões climáticas globais.
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A confirmação dos presidentes Donald Trump e Javier Milei para a cúpula em Belém do Pará segue incerta, mesmo após convite de Lula durante a ligação com o presidente americano, na semana passada.
No entanto, a ausência pode ser estrategicamente vantajosa:
— EUA e Argentina, como países, são importantes para a agenda de clima. Mas, neste momento, seus atuais governos só atrapalham. Hoje o maior favor que os presidentes Milei e Trump podem fazer para a conferência de Belém é não vir (…) Se vierem, será certamente para atrapalhar as negociações. São negacionistas climáticos e, em seus países, fazem de tudo para prejudicar a agenda. Na COP, não seria diferente — disse Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, ao Estadão.
Histórico de obstrução
Os governos Trump e Milei têm histórico de oposição a acordos ambientais. Na COP 29, no Azerbaijão, a delegação argentina abandonou as salas de negociação seguindo ordens diretas de Buenos Aires para desengajar do “multilateralismo climático”. Já Trump, durante a Assembleia Geral da ONU, classificou a crise climática como uma “farsa inventada por pessoas com más intenções”.
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A estratégia de se ausentar de reuniões preparatórias, como a de Bonn (Alemanha) em junho e agora a de Brasília, se repete. Enquanto a saída formal dos EUA do Acordo de Paris só se efetiva em 2026, a participação do país tem sido mínima.
— É normal que o Brasil insista que todos venham. É uma COP aberta para todos. Todos serão bem-vindos. Mas não há ainda indicação de presença da delegação americana — disse o embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP 30.
Segundo a ministra do Meio-Ambiente Marina Silva, as nações continuarão representadas por governos subnacionais, prefeituras e entidades da sociedade civil. Ela citou o recente acordo entre o Brasil e o estado da Califórnia para a transição energética, mesmo com as políticas ambientais restritivas adotadas por Trump em nível federal.
A ministra também destacou que a prefeitura de Buenos Aires participará da conferência, “em que pese a postura de Javier Milei […] contra o clima”. Ainda assim, admitiu que esses governos dificultam as negociações e o avanço das políticas globais de combate às mudanças climáticas.
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— Ainda que tenha uma orientação central, ética e ciência não foram sepultadas nesses países — declarou a ministra.
*Com informações do Estadão e do Metro1.

