Em três anos, contratos e licitações de coleta de lixo e construção civil estiveram no centro dos casos de corrupção em cidades da região Norte de Santa Catarina. Ao todo, as operações Mensageiro e Et Pater Filium prenderam 13 chefes dos Executivos municipais da região, todos eleitos em 2020. As denúncias e prisões expõem os mecanismos da práticas ilegais e colocam pressão no cenário político catarinense. 

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Entre os prefeitos presos pela Mensageiro estão Luiz Carlos Tamanini (MDB), de Corupá; Sesar Tassi (MDB), de Massaranduba; Adilson Lisczkovski, de Major Vieira; Luiz Divonsir Shimoguiri (PSD), de Três Barras, e Alfredo Cezar Dreher (Podemos), de Bela Vista do Toldo. 

Operação Mensageiro: Região Norte de SC tem prisões e busca e apreensão em sete prefeituras

Há, também, mandado contra o prefeito de Guaramirim, Luiz Antônio Chiodini (PP), que está desde a semana passada em viagem na Inglaterra. Nesta tarde, a reportagem apurou ainda a prisão do prefeito de Schroeder, Felipe Voigt (MDB).

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Em fases anteriores da megaoperação do Ministério Público, já haviam sido presos na região os prefeitos de Balneário Barra do Sul, Antônio Rodrigues (PP), de Papanduva, Luiz Henrique Saliba (PP), que inclusive virou réu, e o prefeito de Itapoá, Marlon Neuber (PL), que também virou réu em julgamento que ocorreu na manhã desta quinta-feira.

Já na Et Pater Filium, antes da Mensageiro, foram três prefeitos presos: Beto Passos (PSD), e o vice Renato Pike (PL), ambos de Canoinhas; antes, prendeu preventivamente os prefeitos de Major Vieira, Orildo Antônio Severgnini (MDB), e de Bela Vista do Toldo, Adelmo Alberti (União Brasil).

Major Vieira e Bela Vista do Toldo, ambas cidades do interior catarinense, somam, juntas, apenas 14.595 mil habitantes, conforme dados do IBGE. Elas, porém, tiveram prisões de prefeitos nas duas operações. 

Na região Norte, além das cidades com prisões de políticos, Joinville também está envolvida no caso, já que a empresa Serrana Engenharia seria pivô do esquema, supostamente com o pagamento de propinas para negociação das licitações.

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Operação Mensageiro: o crime vem do lixo

A Operação Mensageiro é a maior investigação sobre corrupção conduzida até hoje em Santa Catarina. Ela teve início em 6 de dezembro do ano passado, quando três prefeitos foram presos preventivamente em ações que investigavam crimes como suspeita de fraude em licitação e corrupção no setor de coleta e destinação de lixo.

Como um todo, a Mensageiro apura suspeita de fraude em licitação, corrupção ativa e passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro no setor de coleta e destinação de lixo em diversas cidades do Estado.

A investigação está em curso há pouco mais de um ano pela Subprocuradoria-Geral de Justiça para Assuntos Jurídicos do Ministério Público, que atua, em conjunto com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) e o Grupo Especial Anticorrupção (GEAC), nas apurações de crimes funcionais de prefeitos.

O epicentro da investigação é a empresa Serrana Engenharia, de Joinville. Um empresário seria o responsável pela interlocução com agentes públicos para a negociação de propina. Foi isso inclusive que motivou o nome da operação.

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Informação do colunista do NSC Total, Ânderson Silva, revelou que o valor pago em propina para prefeitos e agentes públicos ultrapassaria R$ 100 milhões. Já o lucro da empresa Serrana Engenharia teria chegado a R$ 430 milhões com essas irregularidades.

A também colunista do NSC Total, Dagmara Spautz, noticiou a existência de filmagens de maços de dinheiro entregues em frente à casa de um prefeito.

Et pater filium: construindo a corrupção em família

Operação realizada pelo Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC) a partir de julho de 2020, a Et Pater Filium investiga uma suposta organização criminosa que teria praticado os crimes de fraudes a licitações e corrupção.

A expressão em latim foi escolhida porque os atos de corrupção estariam ligados a duas duplas de pai e filho, de acordo com o MP, uma de empresários e outra de funcionários públicos.

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O MP afirma que havia suspeitas de uma ligação próxima entre empresários e funcionários públicos para direcionar as contratações públicas, a maioria no ramo de construção civil, para empresas parceiras em troca do pagamento de vantagens ilícitas aos agentes públicos, causando danos milionários aos entes públicos.

A Et Pater Filium é coordenada pela Subprocuradoria-Geral para Assuntos Jurídicos do MPSC, em conjunto com o Grupo Especial Anticorrupção (GEAC), Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e a Polícia Civil.

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