O presidente da COP30, André Corrêa do Lago, afirmou que países têm pressionado o Brasil para transferir a conferência climática da ONU de Belém para outra cidade. O motivo seria os preços “extorsivos” cobrados pelos hotéis da capital paraense durante o evento, previsto para novembro de 2025.

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Segundo a Folha de S.Paulo, um grupo de 25 negociadores assinaram um documento pedindo para que o evento aconteça em outro local, caso o preço das hospedagens não seja resolvido. No texto, eles pedem que as condições mínimas de acomodação e custo sejam atendidas.

— Há uma sensação de revolta, sobretudo por parte dos países em desenvolvimento, que estão dizendo que não poderão vir à COP por causa dos preços extorsivos que estão sendo cobrados — afirmou Corrêa do Lago.

O embaixador ainda disse que esforços para conter a crise continuam, mas o setor hoteleiro da região ainda não se deu conta da gravidade da situação. Em alguns casos, segundo Corrêa, as diárias dos hotéis foram multiplicadas por 15. A prática, considerada abusiva por representantes internacionais, tem gerado um mal-estar diplomático e já motivou pedidos formais para que o evento seja realocado.

— Ficou público que países estão pedindo para o Brasil tirar a COP de Belém —  disse. 

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Ele ainda alegou que a Casa Civil coordena um grupo de trabalho para tentar conter os preços, mas ressaltou que a legislação brasileira não permite impor limites às tarifas da rede hoteleira.

A reportagem do g1 entrou em contato com Itamaraty, mas não obteve retorno. À Folha de S.Paulo, a secretária-extraordinária da COP30 confirmou o recebimento do documento, mas afirmou que não tratou sobre o tema com outros países. “Não há possibilidade de que a COP30 ou parte da Conferência acontecer fora de Belém”, disse.

Autoridades brasileiras que organizam a cúpula têm garantido repetidamente que os países mais pobres terão acesso a acomodações que possam pagar.

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Sede da COP30

Belém será a sede da COP30. O evento pretende debater as mudanças climáticas e o financiamento para a transição energética. O Estado quer mostrar a Amazônia ao mundo e se apresentar como exemplo de preservação. A estratégia de venda de créditos de carbono como fomento econômico deve servir, também, como um exemplo de inovação por parte do governo.

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O Estado ainda deve enfrentar alguns desafios. Em 2024, passou meses sob fumaça, incluindo o período em que a COP acontece este ano. Ainda mais, o Pará lidera o ranking de desmatamento na Amazônia, mesmo concentrando 25% do território da floresta.

O calor é um agravante desta crise. Em Belém, uma cidade que é naturalmente quente e que enfrentou dias de ar irrespirável devido às queimadas, a temperatura chegou a ficar 5°C mais alta.

*Com informações do g1 e da Folha de S.Paulo.

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