Em um mercado audiovisual ainda predominantemente masculino, a Novelo Filmes vem se mostrando um exemplo de potência feminina. Com sede em Florianópolis, a produtora comandada pelas cineastas Cíntia Domit Bittar, Ana Paula Mendes e Maria Augusta V. Nunes tem se destacado com filmes que abordam temas contemporâneos e dão voz a histórias protagonizadas por mulheres.
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A Novelo Filmes surgiu em 2010, com o curta-metragem Qual Queijo Você Quer?, sobre uma senhora de idade que tem um ataque de nervos quando o marido lhe pede que traga um queijo da padaria. Feito com um orçamento de R$ 30 mil vindo do Edital do Fundo Municipal de Cinema (Funcine), o filme rodou festivais nacionais e internacionais, e chegou a ser premiado melhor curta-metragem no Festival do Rio em 2011.
— O Qual Queijo acelerou um processo de levantar a empresa mesmo. Foi um gatilho. O projeto (do curta) estava inscrito só no meu nome. Aí falei com as minhas parceiras: “e aí, bora fundar a empresa de uma vez?” — recorda Cíntia Domit Bittar.
Inicialmente, Ana Paula e Maria Augusta não entraram na sociedade. A formação atual se deu mais ou menos em 2018. Desde então, as três atuam de forma colaborativa, com Cíntia e Maria Augusta trabalhando mais na direção e roteiro, e Ana Paula mais na produção executiva.
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— A gente tenta sempre buscar ligações das histórias com o contemporâneo, com o que as pessoas estão falando, no que estão pensando. E sempre buscamos criar protagonistas mulheres. A maioria dos nossos projetos tem esse perfil — conta Cíntia.
Hoje, a Novelo é uma das principais produtoras independentes do Sul do Brasil. Recentemente, a produtora lançou a série Quero Ser Veg e, em 2024, produziu dois longas-metragens: Virtuosas, uma ficção, e Gugie, um documentário sobre a artista plástica e grafiteira Monique (Gugie) Cavalcanti, que incluiu a produção de um mural em um prédio no centro de Florianópolis.
Veja alguns projetos da Novelo Filmes
Obstáculos e retomada
A trajetória da Novelo Filmes enfrentou um revés significativo em 2014, quando o primeiro longa-metragem da produtora foi desclassificado de um edital da Fundação Catarinense de Cultura (FCC). Apesar de terem conquistado uma liminar na Justiça e tido sua vitória homologada em Diário Oficial em 2017, a FCC nunca as chamou para assinar o contrato de produção do filme, o que impactou o crescimento da empresa e a carreira das sócias.
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A crise no setor audiovisual durante os governos Temer e Bolsonaro, somada à pandemia de Covid-19, também trouxe desafios adicionais. A Novelo precisou se reinventar, adaptando-se aos protocolos de biossegurança — que aumentaram os custos em cerca de 20% — e explorando novos formatos.
Mesmo assim, a produtora nunca parou. Durante a pandemia, desenvolveram projetos como o curta-metragem Nonna, inicialmente planejado como live action, mas adaptado para animação devido às restrições sanitárias. O filme foi finalista do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro na categoria de animação e circulou por festivais.
— O Nonna era para ser live action, mas com a pandemia, migramos para animação. Tivemos que aprender quase do zero, foi um aprendizado gigante, um mundo completamente diferente. Mas no final, deu tudo certo”, conta Maria Augusta.
Após um período de dificuldades, a Novelo Filmes vive agora um momento de efervescência criativa. Atualmente, estão gravando um longa no interior de Santa Catarina e têm outro projeto planejado para 2025.
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— Estamos num momento de muita efervescência, de retomada. São vários tipos de interrupções que a gente viveu: políticas, pandemia… Agora estamos voltando com tudo — afirma Ana Paula.
Antonietas
Antonietas é um projeto da NSC que tem como objetivo dar visibilidade a força da mulher catarinense, independente da área de atuação, por meio de conteúdos multiplataforma, em todos os veículos do grupo. Saiba mais acessando o link.

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