Após quase dois anos fechado, o Museu de Arte de Santa Catarina (Masc) reabriu suas portas na última segunda-feira (25), com a exposição Sou Catarina, em homenagem a Santa Catarina de Alexandria, padroeira do Estado. A mostra propõe uma reflexão sobre história, arte e identidade, no ano em que o museu, uma das instituições culturais mais importantes do Estado, completou 75 anos de história.

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O Masc havia suspendido as atividades expositivas em dezembro de 2022, após uma forte chuva causar danos no telhado, o que gerou uma série de infiltrações e vazamentos. Na ocasião, o museu recebia a exposição Arquivos Implacáveis de Meyer Filho, que teve que ser desmontada às pressas. Uma peça chegou a ser atingida pela água.

Nesse meio tempo, o museu seguiu atuando em outras frentes, mas não abriu para nenhuma exposição. A aguardada reforma só foi concluída em 2024, com as obras no telhado e nas calhas do Centro Integrado de Cultura (CIC), onde o museu está instalado. A data de reabertura escolhida foi 25 de novembro, dia da padroeira que dá nome ao Estado e é homenageada na exposição. O evento lotou as dependências do museu.

— Estávamos contando os dias para reabrir o salão expositivo. É nossa missão comunicar mensagens significativas através da arte. E ver nosso público percorrendo o salão, encantado com o que vê e ouve, comentando que não conheciam a história do nome de nosso Estado e dizendo que estão felizes por poderem conhecer de forma tão expressiva a história de Catarina de Alexandria, nos enche de orgulho — celebra Ana Paula Weschenfelder, administradora do museu.

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Veja fotos da exposição


Uma exposição sobre coragem e identidade

Com curadoria de Paula Gargioni e Luciane Garcez, Sou Catarina traz imagens históricas, obras inéditas de artistas convidados e peças do acervo do Masc que ajudam a contar a história de Catarina de Alexandria. A exposição fica aberta de terça a domingo, das 10h às 21h, até dia 25 de fevereiro.

— É uma mostra que encanta. Quem visitar o espaço terá a oportunidade de apreciar belas obras e também conhecer a história da jovem Catarina de Alexandria — convida a presidente da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), Maria Teresinha Debatin.

Além de ilustrar a vida da santa, uma mártir cristã do século IV, a mostra também conta a história do nome do Estado. Santa Catarina apareceu em um mapa pela primeira vez em 1529, mas há divergências quanto ao responsável pela denominação: alguns autores defendem que tenha sido em homenagem à santa; outros atribuem a Sebastião Caboto, em referência à sua esposa, Catarina Medrano.

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Outra intenção das curadoras é mostrar como a imagem de Santa Catarina de Alexandria foi sendo construída ao longo do tempo. Por isso, inclui pinturas, esculturas, bordados, poemas e músicas de vários artistas convidados. Também reúne obras do acervo do Masc que convidam o público a encontrar suas semelhanças com Catarina

— Existem tantas Catarinas de Alexandria quanto existem pessoas que a veem. É uma história sobre coragem, força, determinação, autenticidade, busca por conhecimento e identidade para pessoas de todas as crenças — explica a curadora Paula Gargioni.

Durante a exposição, o Masc também irá promover um cronograma de eventos como pintura ao vivo, conversas com artista, palestras, visitas guiadas, ações educativas e apresentações musicais. O intuito é aproximar o museu de um público variado.

—  São oportunidades de trocas, perguntas, aprofundamento e relacionamento. O papel de um museu hoje é mais do que preservar e exibir artefatos. É nos fazer pensar sobre quem somos e quem queremos ser como indivíduos e sociedade — diz Gargioni.

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De olho no passado…

Em 2024, o Masc completou 75 anos. O museu foi criado em 18 de março de 1949, como Museu de Arte Moderna de Florianópolis (MAMF), idealizado pelo escritor carioca Marques Rebelo pelo Grupo Sul, que reunia intelectuais da Capital. Na época, havia uma efervescência cultural no Brasil, responsável pela criação de outros museus, como o Museu de Arte de São Paulo (Masp), e o Museu de Arte Moderna (Mam), no Rio do Janeiro.

Ao longo dos anos, o Masc ocupou diferentes espaços no Centro de Florianópolis até finalmente fincar pé no CIC, em 1983. O acervo, reunido ao longo dos anos através de aquisições do Estado e doações, abrange nomes nacionais, como Di Cavalcanti, Cândido Portinari, Tarsila do Amaral e Iberê Camargo, e também catarinenses, como Hassis, Eli Heil, Juarez Machado e Martinho de Haro.

Nos últimos anos, porém, foram várias as ocasiões em que o museu ficou fechado devido a problemas estruturais. Segundo Sandra Makowiecky, professora titular do Departamento de Artes Visuais da Udesc e Presidente da Associacao Brasileira de Críticos de Arte (ABCA), o impacto do ultimo fechamento, de dois anos, foi muito negativo para a cultura catarinense.

— Nesse período, as pessoas desacostumam a ir ao espaço, romperam um hábito já estabelecido. Florianópolis tem uma vocação cultural inequívoca, com universidades, muitos jovens, muitos turistas. Tem tudo para se transformar num polo cultural internacional. E é claro que o principal museu, fechado por dois anos, traz impactos negativos de toda sorte — pontua.

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…e no futuro

Com a reforma do telhado de agora, a expectativa é que o problema não se repita. A recém empossada presidente da FCC, Maria Teresinha Debatin, se comprometeu em manter a administração “vigilante para que não voltem a ocorrer problemas”.

Segundo a administradora do museu, Ana Paula Weschenfelder, nesses dois anos em que o museu ficou fechado, a equipe trabalhou para implementar melhorias, conservar obras e atuar em outros projetos — o que culminou com a conquista, em 2024, de um aporte de R$ 500 mil pelo primeiro lugar no Edital de Modernização de Museus do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram).

Para o ano que vem, o Masc planeja lançar a Revista Masc e a Série MASCquianas Musicais, um conceito de exposição-projeção. Grandes exposições também estão nos radar, de acordo com a presidente da FCC:

— Temos a intenção de estabelecer parcerias com instituições e museus para trazer grandes exposições, não só internacionais, como também de artistas de outros estados — declarou.

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