Responsável pela vinda de Paul McCartney a Florianópolis, o produtor Paulo Fellin tem a intenção de colocar a capital catarinense na rota dos shows internacionais no Brasil. Experiência não falta: ex-vice-presidente do Rock in Rio, ele foi responsável pela contratação artística do festival durante 18 anos, inclusive nas edições de Madri, Lisboa e Las Vegas.
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Recentemente, Fellin liderou a organização do show de Madonna em Copacabana. Em entrevista ao NSC Total, o paulista falou mais sobre o “legado” que quer deixar na cidade que o acolheu há 30 anos.
Faltam poucos dias para o show. Como está a expectativa e o andamento das montagens?
Estamos finalizando as montagens das áreas externas ao estádio, como escritórios de produção e parte do camarim do artista. Também estamos realizando algumas obras no gramado para acomodar melhor a entrada e saída do público, de acordo com a legislação e solicitações do Corpo de Bombeiros.
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A partir deste sábado [12 de outubro], começamos a montagem interna no gramado, palco, bares, banheiros… Estamos dentro do cronograma e esperamos entregar tudo no prazo. Os equipamentos internacionais vêm de São Paulo, após o show de lá, acomodados em 20 carretas. Chegam no dia 17 [de outubro]. Até dia 19, montamos telões, equipamentos de palco, enfim… tudo que faz um show funcionar.
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Você já mencionou em outras ocasiões sobre a intenção de colocar Floripa na rota dos grandes shows. Qual a situação atual do mercado de shows na cidade?
Shows nacionais nós temos bastante. Temos casas que comportam 14, 15 mil pessoas, que é o tamanho da demanda que temos aqui. Mas shows internacionais, não temos muito, principalmente em estádio. O último foi em 2012, do próprio Paul McCartney.
A minha ideia, dentro do mundo que eu vivi por 40 anos, é de começar a trazer para Florianópolis a possibilidade de mais shows internacionais. Há falta de artistas que parem aqui.
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Geralmente, os artistas vêm a Curitiba, depois vão a Porto Alegre. A gente costuma dizer que os shows passam por cima da gente. Isso faz com que o mercado local não tenha o hábito de realizar eventos desse porte. Então quando você vai realizar um evento deste tamanho, você tem que trazer uma nova realidade que um show internacional demanda.
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A ideia, com esse projeto, é que depois tenhamos um estudo já realizado, em que a gente consiga fazer com que Florianópolis possa ter uma prática e que tenha potencial de viabilizar esses grandes concertos. E aí eu falo não só da parte de estrutura, do estádio e de serviços prestados durante o show, mas também no hábito do povo de comprar esses ingressos. Eu sinto que há uma demanda reprimida no Estado. Quando há shows em São Paulo, Curitiba e Porto Alegre, as pessoas se deslocam até lá.
Outra questão também é com o poder público, de criar uma rotina e um histórico de apoiar esse projeto, porque projetos como esse trazem um impacto econômico na cidade e no Estado, e também uma exposição internacional. Quando você tem um artista como Paul McCartney se apresentando aqui, automaticamente a imagem de Florianópolis e de Santa Catarina vai ser divulgada para o mundo todo.
Você acha que Floripa está ganhando espaço em relação a Porto Alegre e Curitiba? Qual o potencial da Capital?
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Acho que tem espaço para todos. Florianópolis é uma cidade que cresceu muito nos últimos 30 anos. Eu sou paulista, mas moro aqui há 30 anos. É uma cidade cada vez mais procurada por pessoas que moram em grandes centros, como São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. Agora, temos também a facilidade de ter voos internacionais diretos, temos o melhor aeroporto do Brasil… tudo isso ajuda a gente a fazer esses movimentos, não só no segmento de entretenimento, mas em tudo.
Eu estava recentemente em uma reunião com o secretário de Segurança Pública do Estado [Flávio Rogério Pereira Graff], e Santa Catarina tem índices de criminalidade muito baixos. O Estado é muito seguro, a Capital é muito segura. Nós temos que divulgar essas qualidades. E nada como divulgar através da cultura, e colocar Florianópolis e Santa Catarina na rota dos grandes espetáculos.
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Você já falou um pouco sobre o apoio do poder público a um projeto como esse. E a iniciativa privada, como poderia colaborar?
Principalmente em patrocínio. É uma área que a gente ainda tá engatinhando, infelizmente. A gente, quando faz shows assim, tem que trazer ao menos uma marca nacional grande — no nosso caso, estamos trazendo a Ambev, que é uma parte importante do plano de negócio. Localmente, eu consegui, junto ao Angeloni, uma cota importante de patrocínio, que entendeu que é uma possibilidade de investimento que acaba retornando à empresa. Acho que falta um pouco essa cultura, principalmente nas grandes empresas locais.
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Como Floripa pode se beneficiar do turismo com a realização de shows internacionais? Você acha que as pessoas viriam assistir ao show também pra conhecer a cidade?
Com certeza! A gente tem 40% dos ingressos sendo vendidos para fora de Santa Catarina. Essas pessoas vêm para cá e vão consumir em hotéis, táxis, restaurantes, shoppings… Você tem um impacto econômico direto. Fora empregos e contratos que você gera. É um turismo além do verão. Um objetivo nosso é que, trazendo mais shows, a gente crie outros verões.
Você diria que o show do Paul seria um teste para trazer mais artistas internacionais?
Eu não diria que é um teste, porque na verdade a gente teve a oportunidade de trazer ele (Paul McCartney) para cá e corremos atrás. Estamos colocando em prática o que eu estava imaginando para Florianópolis. Eu estou muito animado com isso. Por isso que eu digo que, se eu puder seguir com shows internacionais e esse for um legado que eu deixo para a cidade, eu ficaria muito feliz.
Já tem algum artista em mente para o ano que vem?
Existem alguns artistas sendo falados, mas por enquanto ainda é muita especulação. Estou atento ao mercado, procurando parcerias. Meu desejo é trazer dois shows internacionais, um no primeiro e outro no segundo semestre.
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