O Conselho Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) aprovou a mudança do nome do campus da instituição no bairro Trindade, em Florianópolis. A decisão tomada em audiência nesta terça-feira (17) aprova a retirada do nome do professor João David Ferreira Lima, primeiro reitor da UFSC. A alteração se baseia na denúncia de que o ex-reitor teria contribuído com informações aos órgãos de repressão durante a ditadura militar no Brasil. A mudança no nome do campus teve 56 votos favoráveis na sessão.

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Com a mudança, o campus da UFSC deve ser chamado apenas de “Campus Universitário localizado no bairro Trindade” – a alteração será feita no Estatuto da UFSC, que atualmente cita o nome do ex-reitor como denominação do espaço de ensino.

O tema vinha sendo debatido nos últimos meses e foi colocado em pauta pela primeira vez no Conselho Universitário no dia 6 de junho, mas a análise foi adiada por duas vezes. No parecer aprovado, o conselheiro Hamilton de Godoy Wielewicki, relator do caso no Conselho da UFSC, argumentou que os documentos levantados pela Comissão para Encaminhamento das Recomendações Finais da Comissão Memória e Verdade (CVM) da UFSC deixariam “poucas dúvidas de que (e não se) houve comprometimento com a prática de graves violações de direitos humanos – ainda que por omissão, quando não por ação direta – por parte da administração central da universidade no período do golpe”. Entre os atos citados estariam perseguições, detenções e prejuízos profissionais a professores e servidores.

A advogada Heloísa Blasi Rodrigues, defensora da manutenção do nome do campus, afirmou ainda na sessão da sexta-feira (13) que não há provas conclusivas contra o ex-reitor. De acordo com ela, as ações atribuídas ao professor ocorreriam em um contexto de autoritarismo ao qual o ex-reitor também estava submetido. Familiares e apoiadores do ex-reitor também negam as acusações atribuídas a ele.

— Os documentos apresentados pela CMV não são suficientes para comprovar tais acusações. Ele não tinha poder de polícia, tampouco promoveu perseguições. A decisão de renomear o campus fere a memória de alguém que dedicou sua vida à construção da universidade — argumentou.

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Na sessão desta terça-feira, um relatório apresentado após o pedido de vista foi lido ao público, defendendo a manutenção do nome do câmpus em homenagem ao ex-reitor ou, alternativamente, uma consulta pública para avaliar a opinião da comunidade acadêmica. O relatório, no entanto, foi rejeitado pelos participantes.

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