Nos cinco primeiros meses de 2025, 60 crianças e adolescentes foram vítimas de estupro em Santa Catarina. O número representa uma queda de 36,8% em relação ao mesmo período do ano passado, quando 95 casos foram identificados. Os dados estão disponíveis no relatório mensal do Observatório de Violência Contra a Mulher, disponibilizado pela Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc).
Continua depois da publicidade
Ao todo, 32.058 casos de nove tipos de violência contra a mulher foram registrados neste ano (confira mais abaixo). Destes, 209 são crimes de estupro, cometidos em 77 municípios do Estado. De acordo com a legislação brasileira, a violência se configura como estupro quando a vítima é forçada a ter relação sexual ou qualquer ato libidinoso sem consentimento.
De janeiro a maio deste ano, 49 municípios registraram 60 casos de estupros contra menores de idade, o que representa 28,7% do total deste tipo de crime no Estado. As duas cidades que aparecem no topo da lista violenta, com a maior quantidade de estupros, são Abelardo Luz e Florianópolis, com 5 casos cada.
— Os crimes de violência sexual contra a criança e adolescente, em sua maioria, tem a autoria de pessoa próximo ao convívio da vítima, sendo este um fator que constitui um desafio para a identificação dos casos — explica Patrícia Zimmermann D´Ávila, delegada da Polícia Civil de Santa Catarina.
A delegada ainda reforça que o Estado tem atuado de forma articulada para que todas as denúncias sejam apuradas e que nenhuma criança permaneça em situação de violência.
Continua depois da publicidade
— Todos os crimes de violência contra a criança e adolescente são fatos graves e que causam preocupação para a Polícia Civil. Quanto menor a idade da criança, maior a preocupação em razão de que as crianças não têm condições de se defender e procurar ajuda — afirma.
Segundo a representante da Polícia Civil, normalmente as denúncias de violência contra menores de idade são feitas por uma pessoa que convive com a vítima e que acaba tendo conhecimento dos fatos de alguma maneira. Por isso, é essencial a colaboração entre todos os agentes da sociedade.
Combate à violência e canais de comunicação
Criado por meio da Coordenadoria das Delegacias de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso (CDPCAMI), para promover a proteção de crianças e adolescentes, o “Programa Minha Voz Tem Vez” aposta na informação qualificada para trabalhar a prevenção da agressão sexual, bem como abrir um canal de comunicação para encorajar as vítimas a denunciar casos de violência.
Dentro da mesma ação ainda existe o projeto “Proteja uma criança”, que leva policiais civis e psicólogos policiais até as escolas. Assim, toda a comunidade escolar é incluída sobre como se prevenir ou buscar ajuda em caso de agressão sexual. De forma didática e adequada à faixa etária, são desenvolvidas oficinas para difundir informações e reflexão sobre o assunto, possibilitando uma atuação multiplicadora de estratégias de prevenção.
Continua depois da publicidade
— As estatísticas podem oscilar, mas o dever de cuidado e proteção deve permanecer alto, com a união de esforços, só assim estabeleceremos uma sociedade segura para nossas crianças e adolescentes. Precisamos tratar o fator social que leva uma pessoa a cometer uma violência sexual contra uma criança, o que faz com que este crime aconteça. Não é só prender o agressor, é compreender o fator que gera a prática deste crime e atuar para que ele nunca mais aconteça — destaca a delegada.
Outros casos de violência em SC
Os 32.058 casos de violência contra a mulher em Santa Catarina indicam que houve o registro de 212,3 casos por dia no Estado. Joinville lidera com o maior número de registros (874), seguido de Florianópolis (740) e Blumenau (598).
- Ameaça: 14.518 casos;
- Calúnia: 70 casos;
- Difamação: 1.372 casos;
- Estupro: 209 casos;
- Injúria: 5.041 casos;
- Injúria real (ofensa acontece por violência o vias de fato): 22 casos;
- Lesão corporal grave ou gravíssima dolosa: 134 casos;
- Lesão corporal leve dolosa: 7.901 casos.
Denúncias de casos de violência contra a mulher podem ser feitas por meio do portal “PC por elas”, que conta com o registro de boletins de ocorrência virtual, número de Whatsapp e outras ferramentas que facilitam a comunicação entre vítima e polícia.
Continua depois da publicidade
*Sob supervisão de Leandro Ferreira
Leia também
Denúncia em Joinville revela abuso sexual de pai contra a filha, que gerou duas gestações
Tio é preso por estupro de sobrinha e armazenar material de abuso infantil em Joinville