Um estudo da Universidade Federal Fluminense (UFF) revelou que nas redes sociais brasileiras a qualidade da informação sobre medicamentos para diabetes é alarmantemente baixa: no Twitter/X, por exemplo, 91% das postagens avaliadas foram classificadas como “muito ruins”.

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Segundo Camila Albuquerque, farmacêutica clínica do Grupo Kora Saúde, a internet tem papel ambíguo: ela facilita a pesquisa, mas também “pode desempenhar um papel central e prejudicial na desinformação sobre os medicamentos”, com riscos sérios à saúde pública.

O risco da desinformação rápida nas redes

De acordo com Camila, em entrevista à Agência, “as redes sociais podem desempenhar um papel central e prejudicial na desinformação sobre os medicamentos, atuando como catalisadoras da disseminação rápida e em massa de conteúdos falsos, enganosos ou até mesmo sem comprovação científica”.

Na prática, isso pode levar à automedicação, uso inadequado de produtos e até desconfiança nas autoridades de saúde.

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Ela ressalta que a velocidade e a facilidade de compartilhamento são fatores que tornam as plataformas sociais particularmente vulneráveis a fake news.

“Muitas vezes, antes mesmo que as fontes oficiais consigam desmentir”, a desinformação já se espalhou, algo que ficou evidente durante a pandemia, quando foi intensa a circulação de informações equivocadas sobre tratamentos para a COVID-19.

Influenciadores digitais e a promoção de medicamentos de diabetes

Para a farmacêutica, outro aspecto complicado é a recomendação de remédios por influenciadores digitais.

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“Frequentemente não possuem informação médica e podem induzir a população a fazer automedicação ou até mesmo o uso inadequado de produtos”, alerta.

Essa prática pode provocar consequências graves, como efeitos adversos ou interrupção de tratamentos oficiais.

A especialista observa que muitas pessoas são impactadas por relatos pessoais, depoimentos de “pessoas comuns” usando medicamentos sem orientação médica viram vídeos virais nas redes, reforçando a falsa segurança de um tratamento improvisado.

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Venda ilegal e falsificação: redes facilitam riscos

Camila chama a atenção para outro perigo: “As redes sociais também facilitam a venda online de medicamentos falsificados, adulterados ou sem registro na Anvisa, apresentando um grave risco devido à procedência desconhecida desses produtos”.

Esses anúncios ilegais muitas vezes mascaram riscos sérios sobre diabetes, já que a origem e a composição dos remédios não são confiáveis.

Por que muitos acreditam: baixa literacia em saúde nas redes

Segundo a especialista, “muitos usuários de redes sociais têm dificuldade em avaliar se as informações de saúde que encontram são verdadeiras ou falsas”, o que os torna vulneráveis à desinformação.

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Isso não só gera prejuízos à saúde, com compra de produtos falsos ou uso ineficaz, como também alimenta um ciclo de desconfiança em instituições científicas e profissionais de saúde.

Ela destaca ainda uma tendência perigosa: “para muitos, ‘se tem na internet, por que procurar um profissional?’”, e isso pode levar à adesão a tratamentos pseudocientíficos e ao abandono de terapias comprovadas.

Pílulas mágicas e abandono de tratamentos

Camila exemplifica com episódios durante a pandemia e além: “Surgem exemplos como ‘pílulas mágicas’ para curar o câncer, que podem até levar ao abandono de tratamentos comprovados”.

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Esses conteúdos falsos, amplificados nas redes, têm potencial para causar danos reais, desde a saúde física até desestabilização emocional.

O que fazer para combater a desinformação sobre diabetes

A farmacêutica aponta para a importância da literacia em saúde: os usuários devem buscar fontes confiáveis, preferir conteúdo baseado em evidência científica e consultar profissionais antes de tomar qualquer decisão.

Ela também defende a necessidade de uma atuação mais forte das plataformas digitais para moderar conteúdos perigosos e promover informações corretas.

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Além disso, a comunicação científica é fundamental: “É necessário haver divulgação de informação de saúde baseada em evidência nas redes, para contrabalançar o que circula de errado e proteger a população”, diz Camila.

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