Poucos meses depois de um acidente que o marcaria para a vida, Talisson Glock já demonstrava a garra e o interesse pelo esporte que o levariam ao destaque internacional. O joinvilense que deu as primeiras braçadas em um projeto na maior cidade de Santa Catarina hoje orgulha a família, os professores e o Brasil ao voltar de Tóquio com três medalhas nos Jogos Paralímpicos, inclusive o primeiro ouro da carreira.
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Talisson conquistou a medalha de ouro nos 400 metros livre da classe S6, e antes já havia subido ao pódio duas vezes na competição: um bronze nos 100m livre S6 e outro bronze no revezamento 4x50m livre misto até 20 pontos.
As categorias na natação são classificadas com a letra S (swimming). Para a definição da ordem física, o nadador é avaliado por meio de testes motores, de força muscular e mobilidade articular. Nas classes de 1 a 10, quanto maior o grau de comprometimento, menor o número da classe. Talisson pertence à categoria S6.
Talisson chegou à seleção brasileira em 2010 e conquistou seis medalhas nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto 2015, além de uma prata e um bronze no Mundial de Glasgow em 2015. Estreou nos Jogos Paralímpicos no Rio 2016 e faturou sua primeira medalha, um bronze nos 200m medley. Atualmente, ele é atleta da Sociedade Esportiva Recreativa e Cultural Santa Maria.
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Nascido em Joinville, Talisson foi atropelado por um trem aos nove anos em 6 de julho de 2004, quando perdeu o braço esquerdo e a perna esquerda. A mãe do atleta, Ivone Sunta Rozin diz que após seis meses do acidente o filho já se interessou pela água.
– Com liberação médica, ele começou a brincar de nadar para se exercitar. No hospital recebemos a visita do CEPE (Centro Esportivo para Pessoas Especiais) e fomos convidados a entrar na entidade, onde conhecemos os benefícios do esporte – lembra.
O interesse de Talisson era tão grande pela natação, que sua mãe o levava de dois a três dias por semana na piscina de uma universidade para treinar. Foi lá que ele deu suas primeiras braçadas e iniciou a carreira.
Ivone diz que apesar das limitações, ela sempre acreditou que seu filho chegaria ao nível mais alto, pelo gosto de nadar, dedicação e seriedade que levava os treinos. Orgulhosa, ela se emociona ao ver as conquistas do filho:
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– Feliz por ele nos presentear com momentos inesquecíveis, como esse em Tóquio e tantos outros. Muita emoção ao ver a bandeira subir e o hino nacional sendo cantado.
“Muito determinado”
Outra pessoa fundamental na vida de Talisson é a coordenadora e professora do CEPE, Ana Maria Fonseca Teixeira, que acompanhou de perto a carreira do atleta. Ela conta que Talisson começou na natação em um momento de reabilitação, após as amputações no corpo devido ao acidente.
Ao atingir autonomia para nadar e pegar gosto pela natação, ficou claro que o jovem poderia chegar muito longe no esporte. De acordo com Ana, a vontade dele sempre chamou a atenção dos técnicos da seleção brasileira como um grande potencial.
– Talisson sempre se mostrou um atleta muito determinado, com personalidade forte. Esteve aberto a desafios e agarrou as oportunidades – descreve.
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Ana diz que as conquistas do nadador servem de referência e inspiração para novas gerações que praticam o esporte. Além disso, ela conta o quão especial é esse momento para quem contribuiu na formação do hoje medalhista:
– Nos sentimos honrados em saber que ele participou do início da modalidade. Valeu por toda luta do CEPE de iniciar um projeto inovador na cidade e no Estado de Santa Catarina.
Centro em Joinville já formou mais medalhistas
Essa não é a primeira Paralimpíada com a presença de um atleta formado pelo CEPE. Sheila Finder no atletismo pelo salto à distância em Pequim 2008, Londres 2012 e Rio 2016, representou Joinville. Edenilson Floriani, que competiu em Tóquio pelo lançamento de dardo e levantamento de peso, também se formou na instituição.
A entidade tem o objetivo de oportunizar espaços de desenvolvimento esportivo para pessoas com deficiência física. Atualmente, são trabalhadas cinco modalidades paralímpicas: basquete em cadeira de rodas, natação, atletismo, futebol de sete e bocha. O espaço também possui a primeira escolinha paralímpica do Estado.O joinvilense Talisson Glock conquistou a medalha de ouro nos 400m livre da classe S6, a prova foi realizada em 02 de setembro nas Paralimpíadas de Tóquio. Antes de vencer os 400m livre, Talisson já havia subido ao pódio duas vezes na competição: um bronze nos 100m livre S6 e outro bronze no revezamento 4x50m livre misto até 20 pontos.
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*Sob supervisão de Lucas Paraizo
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