Às 4h04min em Anaheim, na Califórnia, a blumenauense Luiza Back já estava acordada e ansiosa pelo dia enquanto o marido, Marlo, e o filho ainda dormiam. O motivo de tanta ansiedade é o Campeonato Mundial Pokémon, que os levou aos Estados Unidos para que o filho Alexandre Gabriel competisse com os melhores jogadores do mundo nesta sexta-feira (15).

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Alexandre tem 15 anos e é aluno do primeiro ano do ensino médio na Escola Barão do Rio Branco, em Blumenau. Ele está classificado para a categoria Sênior do Campeonato Mundial de Pokémon TCG (Trading Card Game), que começa nesta sexta-feira (15) e vai até domingo (17). O evento distribui, aos vencedores, mais de 2 milhões de dólares em prêmios e garante convites para a próxima edição, que será em São Francisco, também nos Estados Unidos.

— Ele treinou muito e tem a expectativa de conseguir fazer um bom torneio, mas sabe que é difícil. Afinal, é o mundial. Somente os melhores de cada região estão aqui. Só de estar aqui, ele já está muito feliz — relata a mãe orgulhosa. 

Uma trajetória construída carta por carta

O interesse por Pokémon começou em 2016, quando Alexandre tinha apenas seis anos e viu os amigos jogarem na escola. A primeira compra foi um deck temático. Luiza conta que leu as regras e descobriu que o jogo ia muito além das “cartinhas”. Era estratégia, envolvia matemática, raciocínio lógico, interpretação de texto e, principalmente, disciplina para treinar e estudar jogadas.

De lá para cá, a dupla acumulou experiências internacionais pela Alemanha, Estados Unidos, Chile, Argentina e diversos estados brasileiros. Em 2017, Alexandre jogou o primeiro campeonato internacional de Pokémon no Brasil, sediado em São Paulo. No ano seguinte, o menino venceu o primeiro grande torneio em Santiago, no Chile.

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Em 2019, a família viajou duas vezes para os Estados Unidos. Em junho, participaram do Campeonato Internacional de Pokémon da América do Norte em Columbus, em Ohio. Em agosto, foram para Washington disputar o primeiro mundial, ano em que Luiza também se classificou e participou junto. Ele terminou como 4º do ranking latino e ganhou prêmio de viagem para o próximo campeonato. Nesse mesmo ano, visitaram Berlim, na Alemanha, para o Internacional de Pokémon da Europa.

Depois veio a pandemia de Covid-19 e forçou uma pausa até o retorno das competições em 2022. Desde então, ele se classificou para todos os mundiais, mas a família só não conseguiu comparecer nas duas últimas edições, sediadas no Japão e no Havaí.

De Blumenau para o mundo

A família, moradores do bairro Itoupava Seca, embarcou de Florianópolis para o exterior na madrugada de sábado (8) e foram alguns dias antes do campeonato para aproveitarem o passeio. Luiza conta que já visitaram os pontos turísticos que a maioria costuma conhecer somente por fotos.

— Em Los Angeles, que é próximo de onde desembarcamos, fomos em alguns pontos turísticos, como o letreiro de Hollywood, píer de Santa Mônica e os outlets — explica.

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Porém, a mãe conta que a preparação para a competição começou logo em seguida. Na terça-feira (12), treinaram em um torneio pré-mundial, que durou o dia inteiro com amistosos. Em uma loja local nos EUA, Alexandre já testou estratégias contra adversários internacionais.

O jovem blumenauense treina regularmente na Pokeloja, em Blumenau, que acompanha a evolução do jovem desde 2016. A mãe conta que há cerca de 19 brasileiros na categoria de Alexandre, mas que a meta para este mundial é tanto ambiciosa quanto pé no chão: entrar no Top 32. 

— Todos que estão aqui são bons, são adversários de respeito e de alto nível. Ele está muito feliz de ter conseguido se classificar — expressa Luiza.

“Mãe Pokémon”

Conforme Alexandre conhecia o jogo, a mãe logo se tornou parceira de torneios. Conhecida como “Mãe Pokémon”, ela já competiu em alto nível e esteve no mundial de 2019 como jogadora. A parceria com o filho é uma marca registrada: dividir treinos, viagens, vitórias e derrotas. 

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— O que marca são as nossas aventuras, dificuldades que também passamos, rimos e chorarmos juntos. Pokémon nos deu amigos no Brasil inteiro e proporcionou oportunidades de conhecer vários locais — relata a mãe.

Hoje, em Anaheim, a expectativa é alta. Luiza não se classificou para este mundial por terem mudado as regras e tornado ainda mais difícil a classificação, que acontece por um sistema de pontos durante as temporadas de seleção. Alexandre enfrentou anos de dedicação, mudanças nas regras do jogo e viagens longas. Agora, diante de adversários de elite, cada carta jogada será uma chance de transformar estratégia em história.

Confira fotos da família e dos campeonatos

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