A defesa do tenente-coronel Mauro Cid, delator e réu da trama golpista, afirmou que o militar pediu para deixar o Exército. A baixa teria sido solicitada porque Cid “não tem mais condições psicológicas de continuar como militar”, segundo o seu advogado. As informações são do g1.

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Por ser o delator do caso, a defesa de Mauro Cid foi a primeira a se manifestar. Em seguida irão se manifestar as defesas dos demais réus, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), com tempo de uma hora para cada defesa.

Para interlocutores, Mauro Cid tem relatado que considerou a delação premiada um “processo traumático”, por ter exposto fatos que envolviam não apenas Jair Bolsonaro, mas também generais de alta patente, com Braga Netto. O general está preso por interferir nas investigações do caso.

O pedido de saída do Exército foi feito há cerca de um mês, segundo a defesa, e ainda não teve decisão. De acordo com a defesa, a colaboração no processo resultou em um custo alto para Mauro Cid, com isolamento e tratamento de traidor. Contudo, os advogados reforçam o papel decisivo da delação para revelar temas centrais da trama golpista.

Conheça os réus do núcleo 1 da trama golpista

Negativa de coação

Durante o pronunciamento, a defesa reforçou a validade da delação premiada, fechada com a Polícia Federal em 2023, e negou que ele tenha sido pressionado. Assim como os demais réus, Mauro Cid responde pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, dano qualificado contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.

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O advogado Jair Alves Ferreira começou sua fala reforçando a validade da delação premiada. Porém, disse que seria preciso retornar ao tema por conta da insistência das outras defesas em questionar a colaboração. A defesa negou ainda que Mauro Cid tenha sido coagido na delação.

— Isso aqui não é coação. Mauro Cid está reclamando da posição do delegado. Isso é direito. Nós não concordamos com o pedido de condenação do ministro [Paulo] Gonet. Mas nem por isso eu posso dizer que ele me coagiu, nem o ministro Alexandre de Moraes, nem o delegado — declarou.

De acordo com a defesa, a “ajudância de ordens só atrapalhou a vida do Cid”.

— Não podemos imaginar que ele tivesse que confessar para falar o que sabe. Aí, nós não teríamos colaboradores. A obrigação dele era falar o que participou ou tivesse conhecimento. Foi isso que ele fez — argumentou.

— Ele não confessou, ele não tinha conhecimento do Punhal Verde e Amarelo. O Copa 22 ele não tinha conhecimento, não fazia parte dos grupos de WhatsApp. Ele não tinha conhecimento desses planos —continuou.

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O advogado ainda destacou que a delação não é prova, mas meio de obtenção de prova que contribui para ação penal. Ele também reforçou a solidez da delação. “A Condenação de Cid seria fim da delação premiada”, mencionou.

Conteúdo golpista

O advogado Cezar Bittencourt, declarou que Mauro Cid jamais elaborou, compartilhou ou incitou qualquer conteúdo golpista.

— Não há sequer nenhuma mensagem de sua autoria propondo, incentivando ou validando qualquer atentando contra a democracia ou [contra] o sistema eleitoral. O que há é o recebimento passivo de mensagens em seu WhatsApp, das quais ele sequer fazia repasse — justificou.

— A acusação confunde um vínculo funcional com subserviência, com conduta criminosa, não passando de meras suposições— conclui.

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A defesa ainda negou que Mauro Cid tenha participado dos atos de 8 de janeiro de 2023.

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