Giovanni Angelo Becciu, de 76 anos, ocupou cargo de destaque no Vaticano antes de ser demitido pelo papa Francisco. No histórico do cardeal estão acusações de nepotismo, corrupção e propinas, as quais são negadas por ele, que quer participar do conclave para eleger um novo papa depois da morte de Francisco na segunda-feira (21).

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Sacerdote da Sardenha, Giovanni foi ordenado padre em 1972, e teve uma extensa carreira diplomática. Ele atuou em representações papais na República Centro-Africana, Sudão, Nova Zelândia, Libéria, Reino Unido, França e EUA.

O italiano foi núncio apostólico, um representante diplomático do Vaticano nos países, em Angola e São Tomé e Príncipe, durante o papado de João Paulo II. Já com Bento XVI, tornou-se núncio em Cuba. Foi substituto (subsecretário) da Secretaria de Estado em 2011. Em 2018, Francisco o nomeou cardeal, e no ano seguinte prefeito da Congregação para as Causas dos Santos.

Seu histórico ficou marcado, porém, por um escândalo de investimentos financeiros da Secretaria de Estado em Londres. Ele foi acusado de usar o fundo de doações de fiéis da Igreja Católica para a aquisição de um prédio em Londres.

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Becciu foi, até hoje, o funcionário de mais alta posição na hierarquia da Igreja Católica a comparecer no tribunal do Vaticano, a Justiça civil da Cidade-Estado. O escândalo estava relacionado a compra de um edifício de luxo em Londres que causou um rombo de 139 milhões de euros nas finanças da Santa Sé.

O julgamento do cardeal levou mais de dois anos, com 86 audiências e resultou na condenação do italiano a cinco anos e meio de prisão, além de inelegibilidade para cargos públicos. Ele ainda foi multado em 8 mil euros, o equivalente a aproximadamente R$ 43 mil.

Por conta da gravidade do ocorrido, o papa Francisco demitiu Becciu do cargo e retirou dele o direito de participar em futuros conclaves.

Cardeal italiano não aceitou afastamento do cargo

Francisco tinha como desejo corrigir falhas graves na administração da Igreja, e o próprio afastamento de Becciu do cargo foi visto como uma ação controversa. O italiano não o aceitou a atitude, e compareceu à primeira assembleia de cardeais nesta terça-feira (22).

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Em entrevista ao jornal italiano L’Unione Sarda, ele afirmou que o papa não tinha o direito de o excluir da eleição papal,, já que ele não havia renunciado ao cargo.

— Ao convocar-me para o último consistório [assembleia de cardeais por ocasião da nomeação de novos cardeais], o papa reconheceu as minhas prerrogativas cardinalícias, na medida em que não houve nenhuma vontade explícita de me excluir do conclave, nem houve qualquer pedido explícito por escrito de minha renúncia. A lista [dos eleitores do conclave] publicada pela Santa Sé não tem qualquer valor e deve ser considerada como tal — afirmou.

Ele também contrariou a lista publicada pela Santa Sé, dos 135 cardeais votantes no conclave, que não o inclui. De acordo com Becciu, esta lista “não tem valor”. Ele insiste que é inocente e acredita que a sentença de prisão que recebeu por fraude fiscal é injusta, da qual irá recorrer.

Quem tomará a decisão sobre a participação ou não de Angelo Becciu será o decano do Colégio Cardinalício, reverendo Giovanni Battista, uma das autoridades do Vaticano até à nomeação de um novo Papa.

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Quem são os favoritos para assumir posto do papa Francisco

*Com informações de O Globo e CNN Brasil

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