Duas cidades catarinenses apareceram no ranking das 50 cidades do país com mais de 100 mil habitantes que tiveram as maiores taxas de estupros. Os dados foram revelados no Anuário da Segurança divulgado nesta quinta-feira (24) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).

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O município de Chapecó, no Oeste, aparece na 19ª colocação, com uma taxa de estupros de 81,5 a cada 100 mil habitantes. Já a cidade de Camboriú, no Litoral Norte, também aparece na lista, na 45ª colocação, com uma taxa de 63,4 casos a cada 100 mil habitantes. Os índices foram calculados a partir da soma do número de vítimas de estupro e estupro de vulnerável, informados pelos gestores de estatística dos estados e do Distrito Federal.

Segundo o levantamento, municípios com população inferior a 100 mil habitantes não são incluídos porque o cálculo da taxa bruta é pouco recomendado, já que pode gerar estimativas pouco representativas ou distorcidas.

Em 2023, além dessas duas cidades, o município de Itajaí também aparecia na lista. No novo levantamento, a cidade deixou o ranking.

A nível nacional, a maior taxa de estupro do país foi verificada em Boa Vista (RR), com 132,7 estupros
para cada 100 mil habitantes. Em 2023, a cidade ocupava o terceiro lugar do ranking, o que mostra uma variação de 36,5% nos números absolutos de estupro.

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O Paraná lidera entre os estados com mais municípios no ranking das maiores taxas de estupro, sendo 12 ao todo. No último ano, eram nove municípios listados. Francisco Beltrão, Toledo, Campo Mourão e Foz do Iguaçu não figuravam na lista e agora fazem parte. Já Cascavel registrou melhora e não se encontra mais na lista em 2024.

Aliciamento de crianças

Outro dado que chama atenção é referente ao aliciamento de crianças com o fim de praticar atos libidinosos. Santa Catarina teve o terceiro maior número de casos entre os estados em 2024: 158 ao todo. O número representa um crescimento de 7,5% em comparação com 2023, quando foram registrados 147.

A faixa etária com maior número de casos foi de 10 a 13 anos, com 97. A nível nacional, São Paulo ocupa a primeira colocação, com 435 casos de aliciamento no último ano, seguida do Paraná, com 196 ocorrências.

O que diz a SSP

A Secretaria de Segurança Pública (SSP) se posicionou sobre os dados através de nota. Confira:

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“De acordo com os dados constantes no Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2025, Chapecó e Camboriú figuram entre os 50 municípios (acima de 100 mil habitantes) com mais casos de estupros no Brasil em 2024. Entretanto, esse quadro apresenta queda progressiva, quando comparado ao ano anterior. No ano de 2023, três municípios catarinenses faziam parte da lista: Chapecó ocupava a 12ª colocação, Camboriú ocupava a 19ª colocação e Itajaí ocupava a 30º colocação. No ano de 2024, além da saída de Itajaí do ranking, Chapecó caiu para a 19ª colocação e Camboriú para a 45ª posição.

A tendência de queda se confirma também em relação aos feminicídios em 2024. Santa Catarina contabilizou uma queda de 12% no período quando comparado ao ano anterior, alcançando uma taxa de 1,3 casos para cada 100 mil habitantes. Foram 51 crimes registrados no ano passado, contra 57 em 2023. A média nacional registrou um aumento de 0,7% no número de casos de feminicídios no mesmo período.

O secretário de Estado da Segurança Pública, coronel Flávio Graff, reconhece os avanços alcançados no enfrentamento a esses crimes, mas admite que a violência contra as mulheres é um dos grandes desafios a serem combatidos em todo o país com urgência. “Trata-se de um processo que exige diversas frentes de atuação, como a instituição de políticas públicas e campanhas educativas, de forma a desconstruir esse problema que tem um contexto cultural que precisa ser erradicado da sociedade”, explica.

O Estado atua também a partir de investimentos no aparelhamento e qualificação das forças de segurança, assim como por meio de programas que são ofertados às pessoas por intermédio das instituições que compõem a cúpula da Segurança Pública. São programas como a Patrulha Maria da Penha e a Rede Catarina de Proteção às Mulheres, da Polícia Militar, assim como o PC por Elas, da Polícia Civil, e o PCI por Elas, da Polícia Científica, voltados ao acolhimento das vítimas e apuração desses crimes. Da mesma forma, o Corpo de Bombeiros Militar realiza uma série de palestras e atuações no sentido de buscar implantar a cultura de não violência contra vulneráveis, em especial as mulheres.”

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