Um dia após ter o mandato cassado pela Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, Eduardo Bolsonaro (PL-SP) fez críticas ao próprio partido em um vídeo publicado nas redes sociais nesta sexta-feira (19). O ex-deputado afirmou que integrantes do PL contribuíram para a decisão e também criticou o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB).
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Eduardo fez duras críticas ao deputado Antônio Carlos Rodrigues (PL-SP), que assinou os dois atos que cassaram os mandatos dele e de Alexandre Ramagem (PL-RJ). Segundo ele, a vaga ocupada por Rodrigues como suplente da Mesa foi indicação do próprio partido.
— Ele foi indicado, lá atrás, pelo PL, lamentavelmente, poderia ter colocado pessoas muito mais honradas. Mas enfim, esse tipo de coisa aí acontece — afirmou.
Eduardo cobrou que ele seja substituído. Em julho, Rodrigues chegou a ter a expulsão do PL anunciada após elogiar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mas a sigla voltou atrás da decisão depois.
— Eu estou inclusive para perguntar aqui aos estudiosos, aos regimentalistas da Casa, se é possível a troca desse deputado, já que ele tá ocupando uma cadeira que foi indicação do PL dentro da Mesa. Isso seria um mínimo a ser feito, mas tem que ver a viabilidade disso também — disse.
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Críticas ao partido
Eduardo declarou que, caso o partido não tome providências, isso poderia comprometer sua identidade política.
— Havendo a possibilidade de você trocar o deputado Antônio Carlos Rodrigues por outro, por uma pessoa honrada, se o PL não fizer isso, vai deteriorando essa questão do partido realmente ser um partido de direita — disse.
— Se o PL tiver poder para fazer algo e não fizer, outro partido vai preencher essa lacuna — disse.
Em outro trecho, reforçou o tom crítico:
— Quando o PL não consegue, né, riscar o chão, ele vai se transformando em qualquer coisa, menos um partido político. Ele vai ficando com aquela cara mais de um partido de centrão […] Como é que você vai dizer que o partido luta pela liberdade quando um cara de dentro do partido volta para cassação de um perseguido político?
Eduardo critica Hugo Motta e cita Carol de Toni
Eduardo também reclamou do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), pela negativa em aceitar que ele se tornasse líder da minoria após a deputada Caroline de Toni (PL-SC) renunciar ao posto, em setembro.
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— Carol De Toni era líder da minoria, abriu mão, eu entrei no lugar dela. E o Hugo Motta não reconheceu — disse.
Eduardo argumentou que a decisão teve impacto direto no registro de suas ausências.
— Eu só estou sendo cassado porque o Hugo Motta, de maneira inédita, não aceitou que eu virasse líder da minoria — afirmou.
Ele ainda disse que Motta é um “instrumento” de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF):
— O Hugo Mota é apenas um instrumento do ditador Alexandre de Moraes, que o pressiona através da ameaça de prisão do seu pai, que é um prefeito de uma cidade do interior da Paraíba.
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Veja vídeo de Eduardo Bolsonaro na íntegra
Cassação pela Mesa Diretora
Morando nos Estados Unidos desde fevereiro, Eduardo teve o mandato cassado pela quantidade de faltas nas sessões deliberativas da Câmara neste ano. Pela regra da Constituição, deputados e senadores estão proibidos de faltar a mais de 1/3 das sessões deliberativas do ano.
Quantas faltas Eduardo Bolsonaro teve?
Foram 78 sessões ao longo do ano na Câmara, e 63 faltas do filho de Bolsonaro, o que equivale a quase 81% do total. A análise das faltas foi antecipada pelo presidente da Câmara, já que normalmente as ausências são avaliadas somente em março do ano seguinte.
A justificativa para a abertura do processo interno foi de que Eduardo já teria atingido o número suficiente de faltas para ser cassado.
O que acontece agora
A decisão de cassar o mandato não torna Eduardo Bolsonaro inelegível. Contudo, isso pode ocorrer caso o Supremo Tribunal Federal (STF) o condene. Isso porque ele é réu em um processo no STF, no qual é acusado de tentar coagir autoridades sobre o julgamento do pai.
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