Em mensagens analisadas pela Polícia Federal (PF), Eduardo Bolsonaro (PL-SP) pediu ao pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que se apressasse em manifestações de apoio ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Pai e filho foram foram indiciados nesta quarta (20) por tentativa de obstrução de Justiça no processo que investiga a tentativa de golpe de Estado. As informações são do g1.

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Nos diálogos, Eduardo revelou receio de que o republicano “vire as costas” ao Brasil e “passe para a próxima”, caso não recebesse um gesto público de Jair Bolsonaro. De acordo com a PF, Jair Bolsonaro concordou com a sugestão do filho.

Segundo o relatório, Eduardo escreveu ao pai: “opinião pública vai entender e você tem tempo para reverter, se for o caso. Você não vai ter tempo de reverter se o cara daqui virar as costas para você. Aqui é tudo muito melindroso, qualquer coisinha afeta.”

E acrescentou: “na situação de hoje, você nem precisa se preocupar com cadeia, você não será preso. Mas tenho receio que, por aqui, as coisas mudem. Mesmo dentro da Casa Branca tem gente falando para o 01: ‘ok, Brasil já foi. Vamos para a próxima’.”

Na sequência, Eduardo reforçou a necessidade de Jair Bolsonaro publicar mensagem de agradecimento a Trump: “eu quero postergar este bom momento de agora, mas se o nosso cara vai encontrar o 01 sem nenhum tweet seu, te adianto que isto não será bem recebido.”

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“Anistia light”

Em outras mensagens, Eduardo Bolsonaro disse ao pai que, se a “anistia light” passar, os Estados Unidos não iriam mais ajudar: “se a anistia light passar, a última ajuda vinda dos EUA terá sido o post do Trump. Eles não irão mais ajudar.”

Ele continuou: “temos que decidir entre ajudar o Brasil, brecar o STF e resgatar a democracia OU enviar o pessoal que esteve num protesto que evoluiu para uma baderna para casa num semiaberto.”

As mensagens foram enviadas por Eduardo ao pai em 7 de julho de 2025, após o post do presidente americano, Donald Trump, na Truth Social, afirmando que Bolsonaro é alvo de perseguição. No indiciamento, a PF diz que a real intenção de Eduardo ao tratar de anistia não era beneficiar os condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, mas sim garantir uma condição de impunidade a Bolsonaro.

Veja histórico de Bolsonaro

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Entenda o indiciamento de Bolsonaro

Jair Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro foram indiciados pela Polícia Federal por tentativa de obstrução no processo que investiga a tentativa de golpe de Estado. 

A decisão integra um relatório entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF), e também resultou em medidas contra o pastor Silas Malafaia. Ele foi alvo de mandado de busca pessoal e de apreensão de celulares.

O pastor retornou ao Brasil nesta quarta, vindo de Lisboa, em Portugal. A operação ocorreu no do Galeão, no Rio de Janeiro, onde ele foi conduzido para prestar depoimento à PF.

Malafaia é alvo de medidas cautelares que agora o proíbem de deixar o país e de manter contato com outros investigados.

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A PF informou no relatório que foram extraídos do celular de Jair Bolsonaro áudios e conversas com Malafaia e Eduardo Bolsonaro que haviam sido apagados. Os registros teriam informações que reforçariam as tentativas de intimidar autoridades brasileiras e atrapalhar os inquéritos que investigam a trama golpista.

As mensagens também indicavam um possível plano de Bolsonaro de pedido de asilo político ao presidente da Argentina, Javier Milei.

Inquérito aberto em maio

As investigações começaram em maio, depois que a Procuradoria-Geral da República (PGR) indicou a atuação de Eduardo Bolsonaro em busca de sanções contra ministros do STF junto ao governo dos Estados Unidos e solicitou a abertura do inquérito.

A apuração foi prorrogada por mais 60 dias pela necessidade de novas diligências no início de julho pelo ministro Alexandre de Moraes.

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