Navios de guerra, aviões, militares e pelo menos um submarino foram enviados pelos Estados Unidos nesta semana para o mar do Sul do Caribe, perto da costa da Venezuela, segundo as agências de notícias Reuters e Associated Press. Analistas apontam que a mobilização faz parte de um recado de Donald Trump para o governo de Nicolás Maduro, de que uma invasão no país seria possível. As informações são do g1.
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O envio de frotas para a região teria como objetivo anunciado o combate aos cartéis de drogas que atuam na região e levam drogas da América do Sul aos EUA. O cientista político Carlos Gustavo Poggio explica que, mais do que combater o crime organizado, Trump quer mostrar sua capacidade militar.
— Mísseis não são para combater cartéis de drogas. Não faz sentido jogar um Tomahawk [míssil teleguiado lançado dos navios de guerra que pode viajar centenas de quilômetros] em um cartel — afirmou o professor do Berea College, nos EUA ao g1.
Sinais têm mostrado que o país comandado por Maduro é o novo foco dos EUA. Seis navios de guerra foram deslocados para o sul do Caribe, com o argumento de conter ameaças de cartéis de tráfico de drogas. A porta-voz do governo, Karoline Leavitt, disse na terça (19) que Maduro “não é um presidente legítimo”, além de ser “fugitivo” e “chefe de cartel narcoterrorista”. Por isso, os EUA usariam “toda a força” contra o regime venezuelano.
EUA enviou frotas e militares para áreas próximas a Venezuela
No início de agosto, os EUA anunciaram uma recompensa de 50 milhões de dólares (R$ 275 milhões) por informações que levem à prisão ou condenação de Maduro. O Departamento de Justiça dos EUA alega que o presidente venezuelano é acusado de envolvimento em conspiração com o narcoterrorismo, tráfico de drogas, importação de cocaína e uso de armas em apoio a crimes relacionados ao tráfico.
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Ainda, o governo Trump afirma que Maduro lidera o suposto Cartel de los Soles, grupo classificado recentemente pelos EUA como organização terrorista internacional.
Resposta de Maduro
Como resposta às ações americanas, Maduro anunciou que iria mobilizar 4,5 milhões de milicianos para combater o que chamou de “ameaças” dos EUA.
— Destróieres, aviões espiões, mísseis Tomahawk não são úteis para combater cartéis. Cartéis de drogas não têm navios de guerra, não têm aviões. Eles geralmente usam rotas terrestres para chegar até os EUA. Quando muito, usam embarcações pequenas e lanchas rápidas — explicou o cientista político Carlos Poggio.
Já o efetivo militar que foi deslocado é “extremamente eficaz” para atacar ou invadir um país, segundo o professor. Além dos três destróieres da Marinha dos EUA, e de três navios de desembarque anfíbio, foram deslocados aviões espiões P-8 Poseidon e pelo menos um submarino, além de 4.000 marinheiros e fuzileiros navais.
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“Se isso acontecer, estaremos diante de um fato histórico: seria a primeira invasão direta dos Estados Unidos em um país da América do Sul, e que faz fronteira com o Brasil”, afirmou também o professor, na rede social X.
Cartel de los Soles
Donald Trump afirma que Nicolás Maduro é o chefe de uma organização chamada Cartel de los Soles, que seria liderada pelo alto escalão do Exército da Venezuela. O grupo atuaria como um facilitador de rotas de drogas para outros grupos que vendem os produtos no mercado americano.
Outros países sul-americanos acompanharam a decisão de Trump de designar o Cartel de los Soles como organização terrorista. Para Carlos Poggio, a iniciativa ocorre em países que têm um antagonismo com a Venezuela e que buscam “chamar atenção” de Trump.
— Organizações criminosas não são organizações terroristas. Não faz sentido confundir uma com outra. Isso, por outro lado, dá algumas prerrogativas legais a Trump — pontua.
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Ao contrário dos EUA, a Venezuela possui problemas em seu arsenal militar. Segundo o IISS (Instituto Internacional para Estudos Estratégicos), as Forças Armadas venezuelanas operam com “capacidades restritas” e “problemas de prontidão” por conta de “sanções internacionais, isolamento regional e uma crise econômica de longa data”, que resultaram em limitações na capacidade de comprar armamentos e tecnologia militar nas últimas décadas.
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