Com o intuito de aumentar a arrecadação, o governo anunciou na última semana o aumento do Imposto Sobre Operação Financeira (IOF), tributo cobrado sobre movimentações em dinheiro. A mudança, contudo, pegou de surpresa as pessoas que estavam viajando ou com viagem marcada para o exterior.

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Os novos valores passaram a ser aplicados na sexta-feira (23). O imposto é aplicado em operações de câmbio, o que traz reflexos para quem compra moeda estrangeira ou faz compras fora do país.

IOF é a sigla usada para Imposto sobre Operações Financeiras. O imposto é cobrado sobre a maior parte das operações financeiras e tem como intuito gerar receita para a União.

Como as mudanças afetam cada tipo de pagamento

Cartão de crédito internacional

O cartão de crédito que costuma ser oferecido pelas instituições bancárias e financeiras pode ser utilizado no exterior, desde que esteja habilitado para uso internacional. Nesse caso, as compras são cobradas no dia do pagamento da fatura.

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Anteriormente, a alíquota era de 3,38%, e agora com a nova regra estará sujeito à tributação de 3,5%. Contudo, há uma diferença em relação ao momento em que o IOF incide.

No caso do cartão de crédito, a taxa de 3,5% é aplicada no dia de cada compra realizada com esse cartão. Assim, a variação do câmbio influencia no valor da compra e, consequentemente, na taxa que incide sobre ela. O turista pode sofrer com uma alta ou queda abrupta do dólar.

Se você fez uma compra no exterior antes do aumento do IOF e a fatura vence no fim do mês, o valor pago será o anterior à mudança. Já se você comprou algo no exterior depois de sexta-feira, pagará a nova tarifa de 3,5% do IOF.

Cartões internacionais de débito, pré-pagos e multimoedas

Outra opção adotada por viajantes internacionais são os cartões de débito internacional, pré-pago, multimoedas ou travel money, oferecidos por bancos ou fintechs. Nesse caso, o consumidor carrega o cartão previamente com uma quantia e a utiliza no exterior.

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Antes da mudança, alguns cartões desse formato ofereciam serviços com cobrança de 1,1% do IOF. Contudo, a partir da definição do novo decreto, a alíquota passa a ser sempre de 3,5%, incluindo essa modalidade de pagamentos. A corretora de câmbio Wise, por exemplo, já está aplicando a nova taxa.

No caso do cartão de débito internacional, pré-pago, multimoedas ou travel money, o IOF é cobrado na hora de carregar o cartão. Dessa forma, o viajante consegue programar a recarga no dia em que a taxa de câmbio está mais favorável.

Quem carregou o cartão antes das mudanças pagou o IOF na transação, ainda com a alíquota prevista na época. Essas pessoas não terão que pagar novamente o IOF ao utilizarem esse valor para compras no exterior.

Moeda estrangeira em espécie

Uma alternativa mais tradicional para quem tem viagens ao exterior programadas é comprar a moeda estrangeira em espécie, em casas de câmbio. Esse tipo de transação pagava 1,1% de IOF antes do aumento, e agora terá que pagar 3,5%. Nesses casos, o imposto é pago no momento da compra, que ocorre conforme a taxa cambial do dia.

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O que vale mais a pena?

Não existe uma resposta definida. O viajante precisa fazer uma pesquisa nas corretoras de câmbio e instituições financeiras para avaliar as melhores taxas de serviço, já que o IOF cobrado sempre será de 3,5%, em todas as modalidades.

— Tem que pesquisar o que vale a pena: comparar todas as taxas, o câmbio oferecido, avaliar a comodidade de ter o cartão, por exemplo — explica Otto Nogami, economista e professor do Insper.

O planejador financeiro Carlos Castro, da Planejar, pontua ainda que com o IOF igualado, a concorrência entre as instituições para reduzir as taxas e oferecer vantagens deve aumentar. Dessa forma, é essencial que o consumidor pesquise.

— O consumidor pode descobrir, por exemplo, que vale mais a pena levar parte do dinheiro em espécie e parte no cartão — sugere Castro.

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Não existe nenhuma forma de não pagar o IOF, já que ele um é imposto pago ao governo e os bancos e corretores não podem deixar de cobrá-lo. Porém, algumas instituições oferecem cashback como forma de “devolver” o IOF como estratégia para fidelizar os clientes.

Carlos Castro detalha ainda que oferecer a taxa do dólar comercial em vez do dólar turismo é uma estratégia de marketing das empresas, que podem usar as taxas que considerarem mais adequadas para suas ofertas.

Atualmente, não existe determinação legal para que as instituições utilizem a cotação do dólar turismo, referência nas casas de câmbio e que é mais cara do que o dólar comercial.

*Com informações do g1

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