Léo Lins se pronunciou na tarde deste domingo (27) sobre as acusações de que ele teria feito piada sobre a morte de Preta Gil nos últimos shows. Segundo o humorista, trechos de espetáculos recentes foram tirados de contexto para colocá-lo no centro da polêmica. Com informações da CNN. 

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— Essa semana, nós tivemos a perda da Preta Gil. Uma figura conhecida da música, dos blocos de carnaval, programas de televisão e, no meu caso, dos tribunais. Nós tivemos alguns processos. Pessoalmente, nunca tive problema nenhum com ela. Profissionalmente, eu fiz algumas piadas, e creio que ela teve os seus motivos para não gostar de mim — falou ele em um vídeo publicado no seu canal do Youtube

Segundo Léo Lins, as últimas piadas sobre a cantora foram criadas há dois anos, quando ela anunciou que estava começando o tratamento de câncer de intestino. O humorista disse que chegou a mandar mensagem para consolar Preta no momento da descoberta da doença.

— Minha figura pública é comediante. Eu faço piadas no local de fazer piadas. Sei que nem todas as brincadeiras são para todas as pessoas e, conforme eu disse no meu próprio julgamento, eu procuro tomar os cuidados para que elas não cheguem em quem pode se machucar com elas — pontuou.

O humorista cogitou fazer uma publicação nas redes sociais para lamentar a morte de Preta Gil, mas pensou que poderia ser mal interpretado:

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— Mas chegou num ponto em que falei: não posso ignorar, porque pegaram uma notícia de mês passado, feita de forma muito desleal e desonesta, sobre piadas escritas dois anos atrás, para agora publicar notas dizendo que eu estou fazendo piadas sobre a morte da Preta Gil. Eu nunca disse isso. E nem fiz piadas sobre a morte dela.

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Entenda o caso Leo Lins

O comediante foi condenado a oito anos e três meses de prisão, inicialmente em regime fechado, por “discursos preconceituosos contra diversos grupos minoritários” feitos em uma apresentação disponível no YouTube. Ainda, a Justiça Federal determinou que o comediante pague uma multa equivalente a 1.170 salários mínimos e uma indenização de R$ 303,6 mil por danos morais coletivos. Ele pode recorrer da sentença.

O vídeo chamado “Perturbador”, que levou Leo Lins à condenação, publicado em 2022, faz declarações preconceituosas contra negros, obesos, idosos, soropositivos, homossexuais, indígenas, nordestinos, evangélicos, judeus e pessoas com deficiência. Ele foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF).

Após uma decisão judicial em 2023, o vídeo foi retirado do YouTube. Na época, as imagens somavam mais de três milhões de visualizações. O comediante afirmou que a Justiça estava “igualando uma expressão artística a um ato criminoso”.

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A Justiça decidiu por aumentar a pena do comediante por conta da “grande quantidade de grupos sociais atingidos”. Um agravante considerado no caso foi que essas declarações foram feitas em um “contexto de descontração, diversão ou recreação”.

A sentença foi emitida pela 3ª Vara Criminal Federal de São Paulo. O documento afirma que as declarações de Leo Lins estimulam “a propagação de violência verbal na sociedade e fomentam a intolerância” e destaca que “a liberdade de expressão não é pretexto para o proferimento de comentários odiosos, preconceituosos e discriminatórios”.

A equipe de Leo Lins informou em nota que recorrerá da sentença. “Trata-se de uma decisão grave e sem precedentes, que levanta sérias preocupações sobre os limites da liberdade artística e de expressão no Brasil”, afirma o texto.

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