Pouca gente imagina que uma das maiores referências literárias sobre o Flamengo vem do coração da Serra catarinense. Nascido e criado em Lages, Mauricio Neves de Jesus encontrou na escrita uma forma de preservar sua paixão pelo Rubro-Negro e eternizar momentos históricos do clube.
Continua depois da publicidade
Clique aqui para receber as notícias do NSC Total pelo Canal do WhatsApp
Advogado por formação, ele começou a escrever ainda na faculdade, quando se propôs resgatar a história do Inter de Lages após um incêndio apagar parte da memória do time.
“Eu ainda cursava a faculdade de Direito quando tomei conhecimento que a história do Inter de Lages – súmulas, fotos, troféus, faixas – havia se perdido em um incêndio. Decidi que ia fazer um resgate junto aos acervos pessoais e bibliotecas, além de entrevistas. Nessa busca, descobri o trabalho do pesquisador Jayme Garbelotto. Ele havia elaborado um trabalho estatístico sobre o Inter, e até já havia tentado publicar, sem sucesso. Eu adquiri esse material, que acabou sendo a principal fonte do livro que chamei de “Aquelas Camisas Vermelhas”, explica.
Desde pequeno, Mauricio anotava resultados, gols e momentos marcantes do Flamengo em cadernos, sem imaginar que décadas depois transformaria essas anotações em livros. O primeiro foi 1981 – O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas, lançado antes mesmo de seu livro sobre o Inter de Lages.
Continua depois da publicidade
Veja imagens do autor e a obra
No entanto, foi a emoção de ver o time do coração ser tricampeão estadual sobre o Vasco, que plantou a semente para sua mais ambiciosa obra: a trilogia em quadrinhos Me Arrebata – Epopeias Rubro-Negras, que levou 21 anos para ser concluída.
“É uma abordagem da história do clube entre 1895 e 2022, e foram quase 21 anos entre ter a ideia e publicar o primeiro volume. Ela nasceu na noite de 27 de maio de 2001, logo após o Flamengo se tornar tricampeão. Eu queria que aquela emoção pudesse ser preservada para ser contada e recontada de modo lúdico. Comecei a esboçar um roteiro de uma história em quadrinhos, sem saber se um dia encontraria um ilustrador que topasse a empreitada”.
A paixão que passou de pai para filho
A paixão foi herdada do pai, o médico pediatra Tulio Rogerio Vieira de Jesus, que cobriu a incubadora do filho recém-nascido com a bandeira do Flamengo e ouvia os jogos ao lado do dele pelo rádio. Assim, o amor que Mauricio sentia pelo clube se intensificou e ficou ainda mais forte quando teve a oportunidade de lançar suas obras ao lado dos ídolos.
Continua depois da publicidade
“O pequeno Mauricio não tinha condições emocionais de imaginar que um dia conversaria com Zico e Júnior, que considero os maiores nomes da história do Flamengo e que há mais de dez anos têm toda a paciência do mundo comigo e com minhas perguntas. Tê-los ao meu lado nos lançamentos me dá a falsa sensação de que eu também faço parte da história. Ok, é uma sensação falsa, mas como dizia o Cazuza, mentiras sinceras me interessam”.
Futuros lançamentos
Com vários títulos publicados e novos projetos a caminho, como um livro sobre os 70 anos de Júnior e um possível registro das Leoas da Serra, time de futsal feminino histórico de Lages, Mauricio segue sua própria epopeia como escritor.
“Estou trabalhando no livro dos 70 anos do Júnior. Este, certamente, sairá. Também me sinto compelido a escrever sobre as Leoas da Serra, nem que seja para fechar um ciclo. Tenho outros projetos organizados, mas vai depender do mercado editorial, que está mudando velozmente. No último lançamento, um adolescente me perguntou se para escrever o livro eu havia feito perguntas à inteligência artificial. Não fiz, não farei, e talvez isso me tire do cenário”, finaliza.
Mesmo sem ter nascido no Rio de Janeiro, o escritor tornou-se uma das principais vozes literárias sobre o Flamengo, uma façanha e tanto para um lageano que começou escrevendo sobre o time da própria cidade.
Continua depois da publicidade
Leia mais
Quem é o nadador revelação de SC convocado para disputar mundial na Sérvia; veja fotos
“Empolgadíssimo”: Ex-engenheiro de 81 anos conta como virou escritor aos 75 em Florianópolis